Paralisação do transporte coletivo afeta rotina de cerca de 60 mil pessoas, afirma presidente da ATU

Paralisação do transporte coletivo afeta rotina de cerca de 60 mil pessoas, afirma presidente da ATU

Foto: Vinicius Becker

A paralisação do transporte coletivo em Santa Maria, na manhã desta terça-feira (23), afetou todas as linhas do município e deixou cerca de 60 mil usuários sem ônibus. A confirmação é do presidente da Associação dos Transportadores Urbanos de Passageiros de Santa Maria (ATU), Luiz Fernando Maffini, que atribui o impasse à inadimplência da prefeitura com o sistema e à falta de diálogo diante do agravamento da crise financeira das empresas.

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Segundo Maffini, ainda nas primeiras horas do dia a ATU comunicou oficialmente o Executivo municipal sobre a paralisação, mas até o momento da entrevista não havia retorno efetivo.

— Agora pela manhã, eu comuniquei o secretário de Serviços Públicos sobre a paralisação, até porque temos que informar o órgão concedente. Esperamos que a prefeitura se manifeste e tenha uma posição efetiva em relação ao que está acontecendo. Desde a semana passada nós alertávamos que esse impasse estava se formando — afirmou.

O dirigente destacou que os problemas financeiros não são recentes e se arrastam desde abril de 2025, quando, segundo ele, começaram os atrasos nos repasses do subsídio municipal.

— Não é uma notícia nova, não é um fato novo. É a continuidade de uma situação que está precarizada. A prefeitura está inadimplente com o setor desde abril. Entendemos os problemas do município, ninguém esconde isso, mas nós também temos compromisso com os trabalhadores e com os fornecedores — disse.

De acordo com Maffini, o repasse de R$ 1,5 milhão feito pela prefeitura na última semana foi insuficiente para cobrir as obrigações do mês de dezembro, período em que os custos se multiplicam para as empresas.

— No mês de dezembro as contas dobram. Temos o salário mensal, o 13º, o vale-alimentação e ainda o quinto dia útil que vence em poucos dias. Esse valor que veio é parcial. A prefeitura diz que é uma relação entre empresas e trabalhadores, mas eu discordo. Quando o poder público não repassa os valores que deve desde maio, ele também faz parte desse contexto — afirmou.


Número de passageiros

O presidente da ATU também apontou que a redução no número de passageiros, típica do período de férias escolares e universitárias, agrava ainda mais a situação financeira das concessionárias.

Hoje transportamos menos de 70 mil passageiros por dia. Antes da pandemia eram 110 mil. Com a UFSM em férias, ensino fundamental e médio parados, diminui o número de usuários e, consequentemente, a arrecadação. Nós deixamos de receber repasse e também reduzimos o número de pagantes num momento extremamente crucial — explicou.

Questionado sobre a responsabilidade pela paralisação, Maffini reforçou que a decisão cabe ao sindicato dos trabalhadores e que as empresas não têm como interferir na mobilização.

— Os trabalhadores têm um sindicato extremamente representativo e atuante. Hoje de manhã eles estavam em todas as empresas, bloqueando a saída dos ônibus. Até por segurança, não há como forçar a operação. Mas essa situação precisa ter um limite, porque o conflito não serve para ninguém — ponderou.

Sobre a possibilidade de retomada do serviço ainda pela manhã, o presidente da ATU afirmou que não havia confirmação oficial até aquele momento.


Impactos e resoluções

Além do impacto financeiro, Maffini fez um apelo ao Procon para que fiscalize o aumento de preços em aplicativos de transporte durante a paralisação.

— É um abuso. Estamos recebendo informações de que a população está sendo explorada em função do que está ocorrendo. O Procon precisa intervir nessa situação — declarou.

Por fim, Maffini afirmou confiar que o impasse será resolvido, mas defendeu a necessidade de mudanças estruturais na relação entre município e concessionárias.

— Nós precisamos sentar com o município e estabelecer um cronograma em que o previsto e o realizado aconteçam. O valor do subsídio não vai para o caixa das empresas, vai para pagar trabalhadores, fornecedores e manter um serviço caro, com compromissos muito grandes. Até o momento não houve contato formal do município com a ATU, mas sentimos preocupação por parte do secretário. Esperamos uma solução efetiva para que isso não se repita todo fim de ano — concluiu.

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