Amadeu Luiz, 62 anos, mora há 45 anos na Vila Ipiranga, no Passo das Tropas. Ele perdeu a conta de quantos alagamentos já presenciou e contou que, em dias de forte chuva, a água chega a um metro de altura no ponto mais baixo da rua, justamente onde fica sua casa.
– A água vai entupindo tudo, porque aqui não tem rede de esgoto. Pelo menos, a gente tem sorte que baixa ligeiro – diz.
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A Vila Ipiranga é a prioridade do Núcleo de Avaliação e Prevenção de Desastres do Município (NAP-Desastres). O núcleo criou, na última terça-feira, uma força-tarefa para tentar minimizar os alagamentos na cidade, fiscalizando ações humanas que possam piorar o problema.
– O que ocasiona os alagamentos, muitas vezes, é uma irregularidade que alguém cometeu. Algo que desviou o curso natural da água, por exemplo – explicou o coordenador do NAP-Desastres, o vice-prefeito Sérgio Cechin.
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Funcionários da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), da RGE Sul, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e da prefeitura foram até a Vila Ipiranga avaliar a situação do local e realizaram, na quarta-feira, a troca de um poste e da rede de energia elétrica que ficava no meio do curso da água.
Segundo a prefeitura, a Corsan está realizando a recolocação de uma adutora, e o Dnit irá construir um muro de ala na galeria já existente, próximo à BR-392. Além disso, ainda segundo o vice-prefeito, também será realizada a limpeza das valas e do canal da vila. Para Luiz, a ações do núcleo vão surtir efeitos.
– Eu acho que adianta, por um tempo vai adiantar – opinou.
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A Vila Ipiranga é o primeiro ponto de uma lista de 261 locais que a prefeitura considera preocupantes em Santa Maria quando o assunto é alagamento. De acordo com Cechin, todos os pontos que apresentam ação humana irregular devem ser fiscalizados. O vice-prefeito não sabe prever quanto tempo o trabalho levará.
– Não vamos conseguir resolver tudo em algumas semanas, mas estamos trabalhando – ressaltou.

AÇÕES MAIS RÍGIDAS
De acordo com Cechin, o município tem recebido muitas denúncias sobre a ocupação de áreas irregulares. O NAP-Desastres planeja fiscalizar essas
áreas, em uma ação conjunta com a Defesa Civil e as secretarias de Infraestrutura e Serviços Públicos, Estruturação e Regulação Urbana e Meio Ambiente.
– De nada adianta nós realizarmos nosso trabalho se temos essas construções irregulares que estão prejudicando os cursos da água – disse o vice-prefeito.
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O núcleo pretende autuar munícipes que estão cometendo irregularidades.
– A notificação não é uma novidade, mas agora nós vamos ser mais rígidos – informou.
Além de multa, a notificação pode gerar interdições.