Saúde

Dia Nacional de Doação de Órgãos: o que pode ser feito para salvar vidas?

Thays Ceretta

Um gesto simples, como apenas uma conversa, pode ajudar muita gente que precisa de um transplante para continuar vivendo ou que busca melhorar a qualidade de vida. Para chamar a atenção sobre esse assunto, hoje é celebrado o Dia Nacional de Doação de Órgãos. No Rio Grande do Sul, mais de mil pessoas estão na fila da Central de Transplantes do Estado aguardando por um órgão.

E o que mais pesa na decisão de doar órgãos não é o medo ou a falta de solidariedade, mas, sim, a escassez de informação. Quem deseja ser um doador de órgãos precisa avisar a família sobre essa decisão. Conforme a enfermeira Cíntia Lovato Flores, que faz parte da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOT) do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), a doação de órgãos pode ser realizada por doador vivo (rim, parte do fígado e medula óssea) ou morto (rins, fígado, coração, pâncreas, pulmões, intestino, córneas, ossos e pele). Nesse último caso, é preciso o diagnóstico de morte encefálica confirmada por dois testes clínicos, feitos por dois profissionais médicos, sendo obrigatoriamente um neurologista.

– A autorização para doação de órgãos é realizada, por escrito, pela família, por parentes de até segundo grau. A pessoa assina um termo de autorização padrão da Central de Transplantes do Estado do Rio Grande do Sul. Os órgãos são removidos do doador por profissionais vindos da Central de Transplante do Estado e destinados a pacientes que constam em lista única de espera, que também é gerenciada pela Central de Transplante – explica Cíntia.

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Para cada órgão, há um tempo máximo preestabelecido para que o transplante seja feito. São realizados exames do doador para verificar se existe alguma doença que impeça a doação e também para avaliar a função do órgão a ser doado, se está em bom funcionamento, bem como exames para verificar a compatibilidade do doador com o receptor. Teoricamente, um doador pode ajudar até oito pessoas, mas vai depender da funcionalidade do órgão e da compatibilidade com os doadores. 

A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos do Husm existe desde 2000 e é formada por médicos, enfermeiros e uma fisioterapeuta. Há uma escala de plantão e sobreaviso que é acionada quando ocorre a abertura do protocolo para diagnóstico de morte encefálica. Durante a semana, ocorre a chamada busca ativa, onde o profissional da CIHDOT percorre as várias unidades do hospital para avaliação de pacientes.

Segundo a enfermeira Cíntia, em 2016, foram abertos 16 protocolos de morte encefálica e ocorreram quatro doações, número considerado baixo em função da negativa familiar ou contraindicação clínica. Mas esse número dobrou em 2017.

– Em função de treinamentos realizados pela Comissão e Central de Transplantes, em 2017, houve um aumento significativo na captação de órgãos. Neste ano, até o momento, foram abertos 20 protocolos e realizadas oito doações. Até o fim do ano, esse número pode aumentar – ressalta Cíntia.

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O Hospital de Caridade Dr. Astrogildo de Azevedo também faz esse procedimento. Segundo a coordenadora da Comissão de Captação de Órgãos e Tecidos para Transplante, Luciele Schifelbain, a Comissão está registrada junto à Central de Transplantes do Estado e é composta por uma equipe multiprofissional que atua junto às unidades de internação nas UTIs, dando orientação e suporte às equipes e também aos familiares dos pacientes diagnosticados com morte cerebral.

– O número de doações é abaixo do esperado. Desde o começo do ano, foram realizados oito protocolos para comprovação da morte encefálica. Desses, alguns foram autorizados à doação por parte dos familiares e quatro foram efetivados – explica Luciele.

Em Santa Maria, o Hospital Geral do Exército também está habilitado para fazer a captura de órgãos, porém, em 2017, nenhum procedimento foi realizado.

Projeto de lei quer criar o Dia Municipal do Doador de Órgãos e Tecidos

Para que o assunto seja debatido de forma mais efetiva em Santa Maria, o Projeto de Lei 8.537 busca conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos, quebrar mitos e instituir, em 27 de setembro, o Dia Municipal de Doador de Órgãos e Tecidos. O projeto é de autoria do vereador Luciano Guerra (PT) e está em tramitação na Câmara de Vereadores.

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O autor do projeto confeccionou uma cartilha com orientações sobre o tema. Elas já foram distribuídas em três escolas municipais. A atividade faz parte da programação da Semana Municipal de Conscientização sobre a Doação de Órgãos, oficializada pela Lei Municipal 5.557/2011.

– Comecei a pensar mais nesse assunto depois que perdi minha filha de dois anos em agosto do ano passado. Na hora, eu não pensei, mas deveria ter feito esse ato para salvar vidas de pessoas que estão há anos esperando por um órgão. Eu tenho um aperto dentro de mim pela dor da perda e também por não ter feito esse gesto pela simples razão de a gente não se tocar. Então, eu estou usando meu exemplo para tentar conscientizar outras pessoas para que o assunto seja presente em casa – reflete o vereador.  


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