Você já sentiu medo do fracasso, sofre com a baixa autoestima e costuma fazer cobranças exageradas em relação a si mesmo? Esse é o tema do Faz Sentido, que foi ao ar em 18 de dezembro. A apresentadora e jornalista Fabiana Sparremberger convidou a psicóloga Suséli Santos para conversar a respeito do assunto. O bate-papo foi inspirado no livro Reinvente sua vida, dos autores Jeffrey Young e Janet Klosko.
Padrões
Na psicologia, as armadilhas da vida são geralmente definidas como esquemas, entre eles, a defectividade e o fracasso. Neste cenário, estão as pessoas que sentem-se atraídas por quem não as valoriza, por exemplo. Conforme Fabiana, o livro Reinvente Sua Vida traz 11 armadilhas, ou seja, padrões que se iniciam na infância e se repetem ao longo da vida.– Essas armadilhas constituem uma parte de nós e isso pode ocorrer a partir de traumas que sofremos quando crianças – reforça Fabiana.
Conforme a psicóloga, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) aborda essas questões. Ela acrescenta que a palavra “esquema” é usada pela psicologia, porque durante as fases da vida, o ser humano cria hábitos de como agir e interagir:– Quando secamos o cabelo, comemos ou escrevemos, estamos realizando esquemas comportamentais já determinados pelo nosso cérebro. Mas, além desses, temos padrões emocionais que guiam nossas ações – relata Suséli.
Infância
Ainda de acordo com Suséli, a infância é a base de tudo. Os esquemas são passados de gerações para gerações e, muitas vezes, são defesas para camuflar problemas:– Quando as crianças ou os adolescentes começam a internalizar determinados padrões, como “não sou inteligente” ou “não sou o suficiente”, isso vai construir a identidade daquela pessoa. E, na fase adulta, mesmo que de forma inconsciente, esses esquemas começam a aparecer tantos nas relações afetivas quanto nas profissionais – descreve Suséli.
Fabiana lembra das características da defectividade.– Se a pessoa tem a armadilha da defectividade, vai se sentir errada, defeituosa e incapaz de ser amada. Se, quando criança, não se sentiu aceita, sempre se sentirá criticada pelas falhas e imperfeições. Então, na vida adulta, sempre vai estar na expectativa de ser rejeitado.
Autossabotagem
O processo da defectividade faz com que a autossabotagem se torne normal. Segundo Suséli, esse esquema é inconsciente e ocorre pelo medo de vivenciar possibilidades, inclusive as experiências positivas.– A pessoa tem medo do fracasso e sente muita vergonha ao errar. Com isso, acaba permanecendo em relacionamentos, muitas vezes, prejudiciais –alerta a psicóloga.
Para Fabiana, não saber lidar com relações afetivas saudáveis é reflexo dessas armadilhas.– É muito melhor viver as decepções, porque já sei lidar com elas. As mudanças nos tornam vulneráveis. Será que eu vou saber lidar com esse sentimento, de carinho, de amor, de reconhecimento e afeto? – conclui a jornalista.