UFSM reforça pedido por instalação de um centro de meteorologia

UFSM reforça pedido por instalação de um centro de meteorologia

Foto: Thais Immig (Diário)

A maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul deixou mais de 170 mortes, até o momento, e centenas de cidades debaixo d’água. Em alguns municípios, bairros inteiros foram varridos e só sobrou o entulho. Mas esse saldo tão devastador poderia ser evitado, pelo menos em parte, se o Estado disponibilizasse de um sistema meteorológico capaz de produzir um modelo mais assertivo a tempo de adotar medidas de prevenção para amenizar o impacto das inundações que afetaram mais de 2,3 milhões de pessoas, em 476 municípios gaúchos.

 
Estimulada por essa necessidade de um sistema de monitoramento mais preciso, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) voltou a reforçar ao governo federal o pedido para a instalação do Centro Brasileiro para Previsão e Estudos de Tempestades Severas no campus da UFSM, capaz de prever eventos meteorológicos extremos com até uma semana de antecedência. O projeto também prevê a instalação de um radar meteorológico de grande capacidade que pode cobrir informações de cidades em um raio de 240 km.

 
Segundo o professor Vagner Anabor, do curso de Meteorologia do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE/UFSM), isso tornaria Santa Maria e a região um polo de serviços climáticos para todo o Estado, além de, enquanto centro de pesquisa e treinamento, beneficiar o país inteiro. Conforme ele, não existe na América do Sul nenhum centro com esse foco.

 
– Seria um local que geraria produtos de previsão de tempo que colocaria nossa sociedade um passo à frente em relação ao ponto que estamos hoje e nos protegeria das tempestades. Também poderia gerar produtos voltados à agricultura, por exemplo, unindo a parte da pesquisa, que é realizada atualmente, com algo de fato prático que agregasse aos municípios e, assim, mudando completamente a realidade do Estado do Rio Grande do Sul com relação ao problema das tempestades – destaca Anabor.

 
Conforme o professor, o sul do país está localizado na segunda região do mundo mais propícia para ocorrência de tempestades do tipo que vivenciou recentemente – a primeira fica nos Estados Unidos. A partir da estrutura física, capacitação científica e humana que a UFSM já tem instalada, por meio do curso de Meteorologia e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a instituição seria o local ideal para receber um centro. Além, também, de Santa Maria ser logisticamente bem localizada, podendo servir de base para toda estratégia operacional em casos extremos.

 
Equipamentos
Há quatro anos, a instituição pleiteia implantar esse centro e, devido aos últimos acontecimentos no Estado, foi possível apresentar a proposta para a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, ao ministro de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, além da apresentação ao Fórum de Reitores da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), solicitando engajamento de outras universidades.

 
Atualmente, a UFSM está especificando no projeto tudo que é necessário ser adquirido, como equipamentos, sensores, força de trabalho e radar. Após o detalhamento, o projeto será entregue ao governo Federal solicitando o recurso. O valor inicial estimado é de cerca de R$ 5 milhões e o projeto completo deve chegar a R$ 50 milhões.

 
De acordo com o reitor da UFSM, Luciano Schuch, a estimativa é de que ainda neste mês seja feito o encaminhamento do projeto, não mais para a concepção, mas, sim, o pedido formal da implantação do Centro Brasileiro para Previsão e Estudos de Tempestades Severas na Instituição. O reitor se mostra otimista com a viabilidade do projeto.

 
– Acreditamos fortemente na vinda desse centro meteorológico para a nossa universidade, para a Região Central, devido à sensibilização social e política existente nesse momento –diz.
O reitor explica, ainda, que, caso o projeto seja aprovado na íntegra, após ser liberado o investimento, começará a elaboração do processo de licitação para as aquisições necessárias, e no semestre seguinte será possível começar a operar. Ele projeta que, em cerca de um ano, o centro poderá estar implementado como um todo, para em cinco anos, funcionar em sua plenitude.


Previsão do tempo
A partir da rede pública do Instituto Nacional de Meteorologia e de outras estações da UFSM e da região, os dados são aplicados nos modelos meteorológicos próprios da universidade. Nesses modelos, que são físicos e matemáticos e que simulam a Terra tridimensionalmente, as informações ganham vida com a interpretação computacional, que assimila dados de satélites que cobrem o mundo, 24 horas por dia. A partir do estado atual da atmosfera, a previsão é gerada com 45% de certeza para os próximos sete dias e uma tendência para até 15 dias.


Foto: Claudiane Veber (Diário)


​Trabalho ajudou Defesa Civil e grupo aéreo nas enchentes

Foi graças ao aparato que a Universidade Federal de Santa Maria já dispõe e desenvolve há mais de 15 anos que, rapidamente, as técnicas utilizadas pelos estudantes foram implantadas emergencialmente em apoio à Defesa Civil no centro do Estado. De imediato, a partir da identificação, durante as atividades de rotina dos acadêmicos, de previsão do elevado volume de chuvas no período, que uma força-tarefa foi constituída.


A atuação abrangeu 53 municípios, com fornecimento de informações meteorológicas sobre temperatura, ventos, possibilidade de grandes volumes de precipitação em curtos períodos que ameaçavam barragens e zonas de deslizamentos de terra ou que corriam risco, possibilitando o planejamento da Defesa Civil.

 
Também foi possível com essas informações amparar o grupo de Apoio Aéreo em Situações Especiais (Ases Brasil), que operou mais de 60 missões de auxílio, no céu gaúcho, somando mais de 120 horas de voos, transportando mais de 3,5 toneladas de medicamentos e insumos, além de equipes médicas para áreas isoladas com hospitais e serviços médicos.


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