De quadradinho em quadradinho: voluntários confeccionam cobertas para vítimas das enchentes de Santa Maria


Beto Albert

As mãos ligeiras que tricotam têm pressa para ajudar alguém. Com a proximidade do inverno, torna-se ainda mais urgente a necessidade de algo que leve calor a quem perdeu tudo com as chuvas de maio. Pensando nisso, um grupo de voluntárias se uniu para confeccionar e unir - de quadradinho em quadradinho - peças de tricô e crochê, formando cobertas para doar às vítimas das enchentes. O trabalho, feito manualmente, já mobilizou 185 mulheres em Santa Maria. 

Não há padrões nem cores definidas ou tamanhos de linhas. O objetivo é que artesãs e pessoas com conhecimento básico de tricô ou crochê produzam quadrados de 20 cm x 20 cm que são unidos e transformados em cobertas. Para cada manta, é preciso de, pelo menos, 30 quadrados. 


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​O tempo de produção varia, como informado pelas participantes. Enquanto algumas conseguem fazer uma peça em 20 minutos, outras levam uma hora. O trabalho de entrelaçar os fios é realizado nos encontros semanais do grupo ou em casa, nas horas vagas, principalmente para quem considera a arte uma terapia. 

Marizete Quintana, 52 anos, é artesã há décadas e conta que abdicou da agenda profissional para se dedicar ao trabalho voluntário. Ela é uma das responsáveis por unir os quadrados, transformando-os em uma só peça. 

- Eu vou das 14h até as 18h fazendo. E, depois, das 20h até a meia-noite (..) eu amo fazer isso. Eu faço desde pequena, desde criança. Mas agora o motivo é especial, é outro. Todos os encontros eu venho, busco os quadradinhos e uno em casa, é uma terapia isso - diz Marizete.

Beto Albert


O projeto Tricotando Cobertinhas tem parceria com o Laboratório de Lã da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e começou as atividades no mês de maio. Em menos de um mês, a ação coletiva produziu cerca de 20 cobertas. A destinação das doações ainda não foi definida, conforme Simone De David Antonio, 53 anos, uma das responsáveis pela organização do grupo. Também não há prazo para finalização das atividades, a ideia é produzir cada vez mais. 

- Para quem faz, é muito gratificante. Queremos ajudar. Às vezes nos sentimos impotentes, não podendo sair de casa para prestar voluntariado. Criamos essa forma colaborativa para que todos possam ajudar. Por outro lado, fazer uma coberta inteira demanda muito tempo. Juntar o que é feito por várias mãos é mais rápido - afirma Simone. 

Atualmente, os encontros ocorrem uma vez por semana no Lab Criativo, da Vila Belga, ou no Lablã da UFSM. A estimativa é que, semanalmente, 200 quadradinhos sejam tricotados. Além do que é produzido pelo grupo, também são recebidas doações da comunidade, por meio de pontos de coleta que foram instalados em 14 pontos de Santa Maria. 

Cobertas finalizadas com a união dos quadradinhos. Beto Albert


A mobilização para tricotar cobertinhas ultrapassou os limites santa-marienses. Na última semana, o grupo "Elas por Elas", do município de Cruz Alta, realizou a doação de mais de 890 quadradinhos de lã. As peças foram confeccionadas por mulheres voluntárias que criaram o grupo em 2023, depois das enchentes de setembro. Na época, elas enviaram doações ao Vale do Taquari. 

-Decidimos ajudar porque muitas vezes, em casa, nos perguntamos como auxiliar. Pudemos ver que através de apenas um quadradinho podíamos fazer nossa parte - informou Kelli Carmen Guidini, 44 anos, voluntária.


Como ajudar

Qualquer pessoa que tenha conhecimento sobre tricô ou crochê pode confeccionar as peças no tamanho indicado pelo projeto (20 cm x 20 cm) e entregar nos encontros ou pontos de coleta no Centro, e nos bairros Camobi e Tancredo Neves. É possível, ainda, doar materiais que ajudarão no trabalho, como lãs, linhas e agulhas. 

A demanda por materiais é urgente para dar continuidade ao trabalho. Para se ter uma ideia: para apenas uma coberta, são necessários 20 novelos de linha. 


Pontos de coleta de doações:

  • Agulhas Mágicas – Rua General Neto,121
  • Casa das linhas – Rua do Acampamento, 636
  • Loja Gaiger – Rua do Acampamento, 352
  • Galeria Gaiger – Calçadão, 1293
  • Estacionamento Rio Negro – Rua Niederauer, 1580
  • Magiart – Avenida Rio Branco, 310
  • Brechó Vó Adelaide – Rua Serafim Valandro, 501
  • Cantina da UFN – Rua Silva Jardim, 1323
  • Brechó – Rua Duque de Caxias, 3317
  • Mercado das Rações – Hélvio Basso, 1357
  • Campus UFSM – Prédio da Reitoria ou no Lablã (Prédio 78, sala 21)
  • Miucha – Av. Pref. Evandro Behr, 6677
  • Açougue Adilson Moraes – Av. Paulo Lauda, 425
  • Loja Lalinha Aviamentos – Av. Paulo Lauda, 22



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