
Foto: Beto Albert (Diário)
Após o posicionamento da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em retornar com as aulas na próxima segunda-feira, dia 20, o tema reverbera na comunidade acadêmica. Em contraponto à decisão, o Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH) e o Centro de Educação (CE) do campus sede emitiram, nesta quinta-feira (16), uma nota informativa indicando que as aulas em cada um dos Centros irão retornar no dia 27.
Até o momento, somente as duas unidades encaminharam essa decisão ao gabinete da UFSM. Em resposta, a instituição declarou às 15h desta quinta-feira (16).
"As direções de unidade podem agora escolher voltar em outra data para retorno se entenderem que é melhor para a sua comunidade.O calendário acadêmico que será debatido no Cepe terá que dar conta dessas diferentes datas."
A reportagem pediu mais detalhes, mas não foi atendida até o momento.
CCSH
A diretora do CCSH, Sheila Kocourek, confirma decisão. A alteração do início das aulas para dia 27 de maio foi influenciada por diferentes pontos. Veja o que consta na nota:
- A manifestação dos estudantes, a partir do Diretório Central dos Estudantes, para um retorno em data posterior ao dia 27 de maio
- A participação de vários grupos do CCSH em ações de voluntariado em várias áreas afetadas pela crise climática
- A necessidade da Direção, dos Coordenadores de Curso, dos Chefes de Departamento e demais professores de organizarem uma volta às aulas com ações de acolhimento aos alunos
- O necessário debate sobre "Contribuições das Ciências Sociais e Humanas para o debate sobre mudanças ambientais a partir de um olhar sobre a catástrofe atual no RS", que deverá impactar no repensar de currículos, na pesquisa e na extensão de nosso Centro
A nota do CCSH ainda ressalta que no retorno serão priorizadas ações de acolhimento dos discentes e discussão da crise climática. E é recomendado não haver atividades avaliativas.
E lembram, os alunos que não puderem comparecer às aulas presenciais poderão solicitar exercícios domiciliares, conforme a Instrução Normativa, que regulamenta o retorno das aulas e atividades acadêmicas na UFSM.
Ainda segundo Sheila, sobre a possibilidade dos professores do CCSH darem aula a partir de segunda-feira (20), data do retorno da UFSM, "nenhum docente está impedido".
CE
A direção do Centro de Educação encaminha a decisão para retorno das aulas no próximo dia 27 devido, principalmente, às condições estruturais do prédio 16B, fundamental para o ensino. Na nota à comunidade, reforça que é necessária a total segurança para a reutilização da infraestrutura. Veja o trecho:
"Desde o início das fortes chuvas, que resultaram no rompimento de parte do gesso, em rachaduras nas caixas d´água, na infiltração de umidade em algumas paredes, no acúmulo de água da chuva sobre a lage do prédio 16B, etc, estamos acompanhando os trabalhos realizados pela equipe da Pró-reitoria de Infraestrutura e demandando auxílio da Reitoria.
O prédio 16B é fundamental para o funcionamento do Centro de Educação. Além de atividades administrativas, no 16B são realizadas as atividades dos cursos de graduação da unidade e de várias disciplinas de cursos de graduação de outras unidades da UFSM.
As equipes estão trabalhando, mas, em função da continuidade das chuvas, não será possível concluir os concertos necessários e a emissão em tempo hábil de um laudo técnico do engenheiro responsável pelos trabalhos. Portanto, o prédio 16B continua interditado."
DCE
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSM se posicionou contra o retorno das aulas na próxima segunda-feira (20). Integrante do diretório, Matrégori Soares Santos, 26 anos, diz que a UFSM não ouviu a categoria estudantil.
O DCE reforça que muitos estudantes estão em suas cidades de origem ajudando familiares e amigos, e que boa parte não consegue voltar para Cachoeira do Sul e Santa Maria. Acreditam que para retornar as atividades seria necessário uma discussão entre todas as categorias.
Comando de greve
O Comando Local de Greve dos e das docentes da UFSM divulgou nesta quinta (16) uma nota. Nela, se manifesta de forma contrária à decisão da UFSM, de retornar às aulas na próxima segunda, 20 de maio, sem uma avaliação cientificamente adequada dos riscos. Entre os motivos da posição, lista:
- A UFSM e a sua comunidade foram profundamente afetadas pela catástrofe climática que se abateu sobre mais de 90% dos municípios do estado do Rio Grande do Sul
- A gestão da UFSM não demonstrou agilidade para organizar a gestão da crise
- A gestão da UFSM não apresentou um diagnóstico detalhado dos impactos da tragédia sobre a sua comunidade, conforme solicitação do Comando Local de Greve dos e das docentes em audiência com a Reitoria no dia 9 de maio
- Que a Instrução Normativa 05/2024 emitida pela gestão da UFSM, em 9 de maio, suspendia as atividades por tempo indeterminado
- Que o Conselho Nacional de Educação emitiu parecer autorizando a flexibilização de calendários até 2025
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