Interditadas

Alunos sentem os impactos da falta de estruturas em escolas

Alunos sentem os impactos da falta de estruturas em escolas

Fotos: Nathália Schneider (Diário)

Infiltrações, rachaduras e outros problemas estruturais faziam parte da rotina da comunidade de três escolas da cidade: Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Ione Medianeira Parcianello; Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Casa da Criança; e Emei Luizinho de Grandi. Atualmente, os locais passam por obras e as crianças, em idade escolar obrigatória, a partir de 4 anos, precisam ser deslocadas e atendidas em outros espaços. No entanto, alunos da etapa do berçário e do maternal, matriculadas nestas instituições e que não conseguiram vagas em outras escolas, estão desassistidos, por enquanto. O município não tem obrigação de garantir vagas para estas duas faixas.A previsão é que as reformas e reconstruções terminem até o final deste ano, ou início do ano que vem.

Além dessas, outra instituição de ensino que está em uma situação semelhante é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Major Tancredo Penna de Moraes, em que os alunos foram realocados para um prédio alugado pelo Executivo municipal.

O valor inicial da obra da Emef Ione Parcianello era de R$ 3,2 milhões, agora passou para R$ 3,6 milhões. A empresa responsável é a Versalhes Incorporação e Construção, de São Leopoldo, a mesma da Emei Casa da Criança, que começou com uma verba de R$ 1,6 milhão. Já a Luizinho de Grandi é de aproximadamente R$ 3,55 milhões. No total, o município vai investir R$ 8,7 milhões nestas três obras.

Escola Luizinho de Grandi perdeu metade dos estudantes

A Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Luizinho De Grandi, na Rua Antônio Porto Alegre, na Cohab Santa Marta, no Bairro Juscelino Kubitschek, está, desde 2021, com problemas estruturais. Em janeiro de 2023, as rachaduras haviam aumentado e estavam por todo o prédio. A escola fica localizada em um terreno de lençol freático. Assim, no período de estiagem, o volume de água diminuiu e as rachaduras aumentaram.

Em fevereiro, a secretária municipal de Educação, Lucia Madruga, confirmou à CDN a transferência dos alunos para a Escola Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi, porque a estrutura havia sido interditada.

Assim, 70 alunos, entre 4 a 5 anos, foram transferidos. Conforme a diretora da Emei Luizinho de Grandi, Andreia de Mello Buss, 45 anos, antes da interdição, a escola atendia 200 alunos. Os que foram realocados para a Augusto Ruschi são crianças em idade escolar obrigatória, outros alunos conseguiram vagas em escolas da região, mas algumas famílias não conseguiram remanejar os filhos. Assim, metade das crianças que eram atendidas não estão na escola, ou seja, a comunidade está desassistida, por enquanto.

A manicure Jéssica Cristiane Silva da Trindade, 25 anos, levava a filha Stella da Trindade Barcelos, 3 anos, na Luizinho de Grandi. Quando ocorreu a interdição, ela achou que a filha iria conseguir uma vaga na Emei Sinos de Belém ou na Meimei Francisco Spinelli:

– Quando teve a reunião com os pais para comunicar sobre a interdição da escola, as famílias com crianças menores de 4 anos teriam que optar por qual seria mais próximo de casa. Eu optei pela Spinelli, só que em nenhum momento foi falado que a prefeitura teria que comprar vagas. Isso só fui descobrir de tanto que fui lá na Smed para tentar resolver.Jéssica precisou ficar dois meses trabalhando pela parte da tarde, porque precisava cuidar da filha de manhã. 

Ela contou que continuou procurando a secretaria. Nesse período, pensou em matricular a pequena em uma creche particular, porém os recursos financeiros não foram suficientes:

– Eu tive que deixar o salão onde estava trabalhando à tarde e fiquei só no que eu tenho carteira assinada. Mas fez uma diferença financeira muito grande, até fui ver escola particular, mas não teria como eu pagar. Então, achei uma pessoa perto do meu serviço pra ficar com ela de manhã e minha patroa me propôs pagar a metade do valor pra me ajudar. Desde abril, eu pego dois ônibus com ela para levar na babá. É um descaso – reforça Jéssica.  

Reconstrução 

A demolição da estrutura antiga ocorreu em 29 de junho deste ano. De acordo com a diretora, a nova estrutura será uma escola modular, construída em bloco. A construção será no mesmo terreno que antiga estrutura. A previsão para todo esse processo de obras é de seis meses, reforça a prefeitura.

– Agora com a demolição, as nossas expectativas são as melhores possíveis. Estamos felizes com a data definitiva para a entrega da obra. E vendo que os processos para a construção estão acontecendo – explica a diretora.

O que diz a prefeitura

A prefeitura de Santa Maria explica que a construção em módulo serve para que a obra seja feita de forma mais rápida devido ao caráter emergencial, mas garante que o novo modelo é feito sem descuidar da qualidade do serviço, da segurança e da vida útil. Uma segunda etapa prevê a ampliação da escola.

Em nota, o Executivo municipal coloca que, conforme informações do Núcleo de Matrículas da Educação Infantil, 25 crianças do Maternal foram direcionadas para a Emei Sinos de Belém; e outras 10 crianças foram designados, por meio da compra de vagas, para a Associação Espírita Francisco Spinelli.

Em relação aos alunos que não conseguiram vagas, o poder público responde:

Entenda o caso da Luizinho de Grandi 

  • Problema – A escola tinha problemas na estrutura, por não ter vigas e ser construída em um terreno de lençol freático, que na estiagem fazia com que as rachaduras aumentassem
  • Situação da reconstrução da escola – A escola foi demolida em 26 de junho. A próxima etapa é a terraplanagem no terreno. A previsão é para ficar pronta em seis meses
  • Investimento – O valor inicial da obra vai ser de aproximadamente R$ 3,55 milhões
  • Estrutura da obra – A área construída, neste momento, será de 630 metros quadrados (em módulos), segundo a prefeitura. Uma segunda etapa prevê a ampliação da escola
  • Situação dos alunos – A instituição de ensino atende em torno de 70 alunos, entre 4 a 5 anos, na Augusto Ruschi. Antes da interdição, a escola atendia 200 alunos

Situação se repete na EMEF Major Tancredo Penna de Moraes

Foto: Henrique Bastos Nunes da Silva/ divulgação

Em fevereiro de 2023, a Escola Municipal Major Tancredo Penna de Moraes foi interditada devido a rachaduras nas paredes e pelo risco do piso ceder. O refeitório, duas salas de aulas, sala de educação infantil e as salas dos professores são os locais que estavam em estado mais crítico. O local atende o distrito de Palma.

Construída há 50 anos, a escola precisa de melhorias desde o início da pandemia, em 2020. Já em condições preocupantes, um pedido de reforma para manutenção da estrutura foi feito na metade de 2022 à prefeitura. A vistoria técnica foi realizada, e os órgãos públicos concordaram com a necessidade de melhorias. Ainda assim, a instituição de ensino foi autorizada a continuar as atividades, pois não existia risco à segurança. Enquanto as aulas continuavam, a comunidade aguardava sair a licitação para escolher a empresa que iria fazer a obra.

No início de 2023, a situação foi outra, e ainda mais grave. Com a falta de chuva, os problemas estruturais já existentes se intensificaram, sendo mais um dos reflexos da estiagem. Em fevereiro deste ano, a escola comunicou a situação à prefeitura, e passou por nova vistoria. Dessa vez, o prédio foi interditado, e o início do ano letivo começou atrasado para 130 alunos.

Alternativas

Os estudantes estavam recebendo aulas no salão paroquial da Comunidade Santa Terezinha até maio deste ano. Um novo espaço foi alugado pela prefeitura, com investimento de R$ 58 mil mensais, que fica às margens da RSC-287. A reforma da sede oficial da EMEF Major Tancredo Penna de Moraes está em estudo e existe a possibilidade de que seja necessário construir outro prédio para abrigar a instituição.

Foto: João Vilnei/Divulgação PMSM

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