construção civil

Venda de imóveis aumenta 22% neste ano em Santa Maria

Joyce Noronha e Deni Zolin

Foto: Renan Mattos (Diário)

O cenário da construção civil de Santa Maria começa a reaquecer depois de um período em baixa, mas, conforme o presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil (Sinduscon-SM), Samir Samara, a retomada ainda é lenta. Porém, segundo levantamento feito mensalmente pelo Sinduscon-SM com 30 construtoras associadas, de janeiro a julho deste ano, as vendas aumentaram 22% em comparação ao mesmo período de 2017.

Já no quesito de área em construção, a média nos primeiros sete meses do ano passado havia registrado 130.154 metros quadrados em obras, subindo para média de 165.893 metros quadrados no mesmo período deste ano - alta de 27%.

Segundo Samir, um dos motivos para melhora do ramo seria a percepção de que investir em imóveis é uma garantia de manter recursos. Ele avalia que os juros de poupança não correspondem ao esperado e a população encontrou no mercado imobiliário uma forma de investir que garante retorno, seja com aluguel do espaço, ou com revenda do imóvel.

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O presidente do Sinduscon-SM descreve o mercado de três ou quatro anos atrás como o ideal para a construção civil, quando eram vendidos 10 imóveis por dia. Agora, a média é de 2 a 3 imóveis por dia. Outra mudança apontada é que os clientes pararam de comprar apartamentos na planta, quando o prédio é apresentado em projeto, e preferem esperar até que os imóveis estejam quase prontos para então efetuarem a compra.

- Nem é pelas questões de golpes, de comprar e depois não receber o imóvel. O pessoal prefere entrar no local. Ver o apartamento. Ter uma ideia mais real do que pode ser o imóvel para depois comprar - diz Samir.

Entre o perfil dos compradores, ele descreve os investidores, que adquirem imóveis na planta para depois alugarem, e os clientes finais, que vão morar no imóvel. Contudo, Samir explica que o mercado é bem dividido entre estes perfis.

PERFIL DOS IMÓVEIS PROCURADOS
O Secovi Centro representa as imobiliárias, e o presidente do sindicato, Cristian Menezes, avalia que, pela característica universitária de Santa Maria, o ramo de aluguéis sempre tem demanda. Ele avalia que, devido aos imóveis mais procurados para aluguel serem para este público-alvo, as construtoras focam nos investidores.

Entretanto, Menezes avalia que, nos últimos anos, a oferta de imóveis de um dormitório ou kitnets, que são os mais procurados pelos estudantes, estiveram em falta. Ele conta que as obras mais atuais de prédios focam mais neste tipo de imóvel. Este movimento começou na construção civil, mais ou menos há três ou quatro anos, diz Menezes.

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- Como pessoas que buscam estes imóveis passam pouco tempo em casa, os condomínios têm se adequado a isso. A maioria hoje tem lavanderia em área comum e outros espaços que são usados pelo conjunto dos moradores. São espaços menores, mas que estão entre os mais procurados para aluguel - conta.

INVESTIMENTO BANCÁRIO EM BAIXA, IMÓVEIS EM ALTA
O foco das construtoras em atender estudantes e investidores é o que garante boa parte das vendas do setor. O empresário Gustavo Jobim, da Construtora Jobim, que está construindo quatro torres do empreendimento Espírito Santo, na área da antiga AES Sul, na Rua Venâncio Aires, acredita que a retomada nas vendas e nas obras em Santa Maria ocorre devido à baixa rentabilidade de investimentos em poupança ou outras aplicações bancárias.

- Como a Selic está muito baixa, e o dinheiro no banco não está rendendo quase nada, o investidor opta por aplicar em imóvel, porque dá mais rendimento do que no banco. O dólar explodiu, a bolsa de valores não está boa, e o pessoal acaba migrando para o imóvel, que não oscila tanto como a bolsa e o dólar. Ele é um investimento mais tradicional, mas com um retorno já definido. Ele sabe quanto vai receber. Imóvel chega a dar 0,6% a 0,7% do valor investido mais a valorização daquele imóvel, diferentemente do banco em que vai dar a rentabilidade do juro daquele montante aplicado - diz Jobim.

Segundo ele, parte das vendas é para investidores de Santa Maria, e outra para gente de cidades como Santiago, Santa Rosa, Uruguaiana, Ijuí, Cruz Alta e todo entorno de Santa Maria. O motivo ainda é porque Santa Maria é um polo educacional, avalia Jobim.

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- Temos casos de clientes que já estão fazendo a segunda venda no mesmo prédio. Comprou um imóvel da construtora (na planta) por um valor, quando o prédio estava lá embaixo, no início da obra, revendeu por um valor maior, e comprou outro apartamento e já está vendendo de novo - diz.

A primeira torre, chamada Amor, será entregue em 22 de outubro - ela tem 120 apartamentos de um dormitório, 40 de dois quartos, 30 escritórios e 8 lojas térreas e está toda vendida. As outras três torres serão entregues, uma por ano, até 22 de outubro de 2021 - as três terão mais 450 apartamentos, 84 escritórios e 21 lojas térreas.

Na opinião do diretor da Conceitual Construtora, Paulo Moura, as expectativas de crescimento do setor para 2018 e 2019 também são positivas.

- Agora, estamos sentindo retomada nas buscas e no fechamento de novos negócios. O que falta é uma política de financiamentos a longo prazo que não mude conforme a boa vontade das autoridades e, sim, que seja algo permanente. A construção civil é o sinalizador, e Santa Maria, como polo de investimentos da região, é um termômetro do viés positivo que acontecerá nos próximos meses - diz Moura.

NOVOS PROJETOS FICAM EM PÚBLICOS ESPECÍFICOS
Algumas empresas, por terem foco em públicos específicos, alegam não sofrer tanto com os altos e baixos da economia. É o caso da JBS Construções, que está erguendo edifício de alto padrão, de 22 andares, na Avenida Medianeira. Segundo o sócio da JBS, Jorge Skwarek, as vendas estão estáveis e, como são unidades de 258 m² no edifício Omni Sky, acabam sendo destinados a um público mais restrito.

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Já Jair Behr, diretor da Imobiliária Behr, conta que trabalha mais com lançamentos de novos empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida e, por isso, sempre tem uma longa fila de espera, de 3 mil inscritos. Dessa forma, alega não ter sentido queda nas vendas. Além disso, ele aposta em uma retomada da economia e do setor imobiliário ainda maior após as eleições. A prova do otimismo é que lançou, em março, um loteamento com 487 terrenos para venda. O Bela Vista Parque Residencial fica bem ao lado do campus da UFSM, em área de 44 hectares, e terá lotes para prédios, casas, um centro comercial e até para escolas e outras empresas, como centro médico e clínico. O foco do loteamento é ser um complemento das necessidades de quem frequenta a universidade.

LOCALIZAÇÃO É ESSENCIAL PARA DEFINIR NOVAS OBRAS
Além da estrutura física do imóvel, a localização é outro fator importante no momento de escolha para compra ou aluguel, conforme o sócio proprietário do TZ Grupo - Tasca e Zanella, Andrigo Zanella. Ele conta que a construtora sempre busca locais diferenciados para os empreendimentos e que sejam em bairros atrativos para investidores e clientes finais, porque isso influência muito na venda.

- É uma coisa que estamos focando muito nas nossas aquisições de novas áreas, porque a localização é o que faz muitas vezes as pessoas comprarem ou não um imóvel0 - diz Zanella, que lançou novos empreendimentos recentemente.

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O presidente do Sinduscon-SM, Samir Samara, concorda que a localização é tem mais de 50% do peso no momento de escolha do imóvel, para compra ou aluguel, e comenta que a preferência dos clientes tem sido os bairros Centro e Camobi. Ele explica que os fatores de escolha também estão ligados à proximidade com as instituições de Ensino Superior e de estabelecimentos de serviços, como farmácias, mercados, bancos e outros.

Um dos motivos é que com o trânsito intenso e os custos elevados com combustível, muita gente tem procurado comprar ou alugar imóveis perto do trabalho ou do local onde estuda, para reduzir custos.

DADOS DO SINDUSCON
O levantamento é feito mensalmente, com dados de 30 construtoras associadas ao sindicato. Confira o total de imóveis vendidos nos últimos três anos, no acumulado de janeiro a julho de cada ano

Vendas de imóveis

Comerciais

  • 2016 - 7
  • 2017 - 0
  • 2018 - 25

Residenciais

  • 2016 - 134
  • 2017 - 244
  • 2018 - 274

Total

  • 2016 - 141
  • 2017 - 244
  • 2018 - 299

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