Os frequentes dias de chuva têm deixado os agricultores que plantam soja em alerta na região central do Estado. Isso porque, como a produção está na fase da colheita, a preocupação da Emater Regional de Santa Maria é que o excesso de chuva e a consequente umidade do grão possam interferir na qualidade do produto. Até o começo da semana, 60% dos grãos já haviam sido colhidos na cidade e na região.
Safra histórica de soja é impactada por cenário de instabilidade no país
O intenso volume de chuva já trouxe perdas para os agricultores Fábio Leandro Moro de Souza, 39 anos, e João Souza, 52. Os irmãos, que têm propriedade em Júlio de Castilhos, plantaram 2.250 hectares entre outubro e novembro do ano passado. A expectativa era de colher de 70 a 75 sacas por hectare da oleaginosa, no entanto, já reduziu para 65.
Investimento no solo reduz custos, amplia a produtividade e garante o futuro da produção agrícola
Os produtores, que investiram cerca de R$ 2 mil por hectare, já tiveram uma perda que chega a 20% da produção projetada. O mau tempo foi o inimigo deste ano.
– A gente tinha uma boa expectativa, conseguimos plantar na época certa e a soja estava bonita. Mas, com a chuva, está difícil de colher. Os grãos começam a brotar no pé, a gente não consegue entrar na lavoura, os caminhões ficam atolados – lamenta Fábio Leandro.
Tecnologia no campo
A família investiu na compra de mais uma máquina colheitadeira para acelerar o processo durante os dias de tempo bom. Conforme João, o trabalho ainda deve seguir por uma semana ou um pouco mais. Por isso, os produtores acompanham, constantemente, a previsão do tempo. É preciso uma sequência de dias secos para que a colheita seja eficiente. A possibilidade de novas chuvas assusta os agricultores:
– A tecnologia evoluiu bastante na agricultura, e nós precisamos acompanhar. Investimos pesado, temos um custo alto, compromissos para cumprir. Por isso, temos o receio do tempo – afirma João.
Trabalho estendido
De acordo com o assistente técnico regional de soja da Emater Regional de Santa Maria, Luiz Antonio Rocha Barcellos, neste ano, a safra deve terminar de ser colhida mais tarde. Conforme Barcellos, em função da chuva do ano passado, muitos produtores atrasaram o plantio, o que está refletindo numa evolução mais tardia do grão. A colheita só deve acabar no final de maio e, segundo o técnico, o excesso de umidade do grão pode vir a prejudicar a rentabilidade:
– Quanto mais úmida a soja chegar aos armazéns e cooperativas, mais cara será a secagem. Os descontos vão ser muito grandes, consequentemente, o agricultor lucrará menos.
O pagamento da secagem da soja, geralmente, é feito em grão. Ou seja, quanto mais úmido o produto chegar, mais grãos serão descontados do produtor, que terá menos produto para revender. Além disso, o técnico também ressalta que, com o atraso na colheita, os grãos começam a brotar, perdendo o valor comercial.
Produção de soja sob o impacto do clima