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Mensalidades e material escolar ficam entre 10% e 30% mais caros em Santa Maria

Francine Boijink

Foto: Eduardo Ramos (Diário/Especial)

O ano letivo de 2022 deve chegar acompanhado também de custos mais elevados para as famílias que têm filhos tanto na rede privada quanto no ensino público. Isso porque o Sindicato do Ensino Privado (Sinepe-RS) estima um acréscimo de quase 10% nas mensalidades escolares, enquanto a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae) prospecta um aumento entre 15% e 30% nos materiais escolares.

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O reajuste médio nos colégios privados será de 9,8%, aponta um levantamento realizado pelo Sindicato do Ensino Privado (Sinepe-RS), com 37% de seus associados. Para que se chegasse a esse índice, foram consultadas 114 instituições de ensino do Rio Grande do Sul. 

O reajuste fica dentro da inflação acumulada dos últimos 12 meses no país, de 10,74% até novembro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Porém, o percentual seria inferior aos custos das instituições de ensino, que calculam um aumento de 11,6% nos gastos para a oferta dos serviços.

A necessária readequação do espaço físico nas escolas, sendo seguidas as normas sanitárias em época de pandemia, e as aulas online, fizeram com que os custos crescessem bastante. 

- Tivemos um reajuste médio de 3,5% na mensalidade em 2021, enquanto o aumento de custos ficou em 10,9% - afirma o presidente do Sinepe, Bruno Eizerik. 

Diante da alta de custos, as instituições de ensino precisaram estudar a melhor forma de repassar esse aumento nas mensalidades. Em alguns casos, as escolas não praticaram qualquer reajuste em 2021. O contexto pandêmico e as dificuldades enfrentadas pelas famílias fizeram com que o Colégio Fátima, por exemplo, decidisse não aumentar as mensalidades no ano passado. Frente ao cenário enfrentado, foi concedido ainda um desconto linear significativo nas mensalidades de todos os níveis, de acordo com o vice-diretor, Antônio Campagnolo.

Para 2022, o colégio praticará reajuste entre 10% e 11% sobre o valor da mensalidade de 2020. 

- Os investimentos em tecnologia para manter as aulas de forma híbrida (com parte dos alunos em casa e outra no colégio) precisaram ser feitos em grande escala no ano de 2020 e também 2021 - informa. 

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INVESTIMENTOS
Na mesma linha do que apontou a pesquisa do Sinepe deve seguir o Colégio Marista Santa Maria. O aumento nas mensalidades deve ser ficar em torno de 10%. Os reajustes atingiram a Educação Infantil e os ensinos Fundamental e Médio.  

- O reajuste está relacionado, como apontou a pesquisa, ao investimento em tecnologia educacional e qualificação contínua da instituição. O colégio também terá o aumento da carga horária letiva para Anos Iniciais do Ensino Fundamental e no Novo Ensino Médio - diz a diretora do colégio, Maria Ângela Baldi. 

Ainda de acordo com o Sinepe, a maioria das escolas privadas perdeu alunos durante a pandemia. Os estudantes foram para outras instituições particulares ou para a rede pública. Apenas 31,8% dos colégios não tiveram redução de matrículas entre 2020 e 2021.

Apenas 11,5% das escolas recuperaram seus alunos com o retorno das aulas presenciais ainda em 2020. Em 2021, 19,5% recuperaram os alunos que haviam deixado as escolas. Para 2022, 37,2% das escolas esperam o retorno dos alunos que foram para outras instituições de ensino durante a pandemia.

E se não bastasse o aumento no valor das mensalidades escolares, comprar o material escolar também irá pesar mais no orçamento das famílias. 

Em alguns locais de Santa Maria, já houve aumento. 

O CUSTO DA EDUCAÇÃO
Entenda o reajuste e a relação com a alta de custos das escolas e a inflação acumulada:

  • As escolas particulares devem reajustar as mensalidades de 2022 em 9,8%, em média
  • As instituições afirmam que o índice fica abaixo da alta de custos dos últimos 12 meses, que foi de 11,6% 
  • O IPCA, que mede a inflação oficial no país, acumula, nos últimos 12 meses, um aumento de 10,74% 

O impacto da pandemia nas escolas privadas

  • 68,2% tiveram redução de alunos, que foram para outras instituições de ensino privadas ou para rede pública
  • 31,8% não tiveram redução de alunos durante a pandemia

A retomada dos alunos perdidos

  • 11,5% recuperaram seus alunos com o retorno das aulas presenciais ainda em 2020
  • 19,5% recuperaram alunos em 2021
  • 37,2% esperam recuperar os alunos que foram perdidos durante o período de pandemia 

Fonte: Sinepe-RS

Material escolar pode ter aumento de até 30%
Mesmo quem não tem filhos matriculados em escola particular, o gasto com a educação neste ano será maior. A Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae) prospecta um aumento entre 15% e 30% nos materiais escolares.

O motivo é a crise mundial provocada pela pandemia de Covid-19. De acordo com a entidade, as indústrias e os importadores estão sofrendo um grande aumento de custos nas matérias-primas, como papel, papelão, plástico, químicos e embalagem, que, em grande parte, precisam ser importados. 

Para os produtos do Exterior, os principais impactos são a variação do dólar diante do Real, os aumentos de custos de produção na Ásia e a elevação dos preços de fretes internacionais decorrente da falta de contêineres - a maioria dos produtos vem para o Brasil em navios. Além disso, as medidas antidumping para importações de lápis da China, adotadas pelo governo brasileiro em 2021, aumentaram os custos na categoria de lápis, segundo a associação. 

A política antidumping é aplicada de forma a cobrar uma taxa maior dos artigos importados para evitar que cheguem ao país por preços bem abaixo do mercado, o que prejudicaria a indústria nacional. Por isso, além de o material escolar ficar mais caro, poderá haver falta de produtos. 

Na papelaria onde Eunice dos Santos Rezes, 46 anos, é gerente, em Santa Maria, os preços dos materiais escolares apresentaram reajustes menores do que os previsto em nível nacional, ficando entre 12% e 20%. Dentre os itens, os cadernos lideram esses acréscimos, seguidos por canetinhas e lápis de cor. 

Para equilibrar as contas, a papelaria buscar comprar produtos em grande escala, com outras empresas, para baratear.

- Devido a várias situações que ocorreram na pandemia, falta de matéria-prima, existiu um reajuste, que a gente tenta fazer com que não seja tão acentuado para o consumidor. Como nós integramos uma rede, a gente consegue barganhar mais com o fornecedor. Conseguimos preços melhores - explica

O cenário de perda de poder aquisitivo fez com que os consumidores passassem a intensificar a prática da pesquisa, de acordo com o percebido por Eunice. Dessa forma, aumentaram, também, em comparação a outras épocas, os orçamentos realizados pelo estabelecimento. Além disso, a gerente também percebe que há uma maior demanda por itens que oscilam entre o preço intermediário e o mais barato. 

Em função da pandemia, com as aulas em sua totalidade ocorrendo de maneira remota, também nas universidades, houve estoque de material tanto em 2020 e 2021, sendo complementado com o que ainda era necessário. Momento em que é percebida essa diferença de valores, ligada à inflação. 

PESQUISA

Esse panorama atual de aumentos de preços exige pesquisa. Isso é o que fazem consumidores como Daiani Saul da Luz, 38 anos. De acordo com a servidora pública, é preciso intensificar as buscas por valores mais em conta. 

- A gente vai pesquisar mais, porque teve esses aumentos, e nós também não tivemos aumento nesse tempo - explica Daiani, que aposta na conversa para também possibilitar escolhas à filha Isabeli, de 10 anos. 

Daiani ressalta a importância da negociação:

 - Não dá para ir pela marca em todos os produtos porque são mais caros. Então, a gente compra um pouquinho, aquilo que está mais acessível no preço e vamos negociando - sugere.

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