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Uber começou a funcionar no final de fevereiro em Santa Maria
A chegada de aplicativos (apps) de transporte de passageiros, como Uber e Garupa, é uma revolução provocada pela tecnologia e que tende a ser o futuro. Talvez não acabe com os táxis, mas eles terão de se adaptar a essa mudança, possivelmente também partindo para o uso de aplicativos semelhantes. Como em tudo, há prós e contras.
Para os passageiros, significa mais praticidade e menor preço. Um exemplo: uma corrida de táxi custa R$ 17, e num aplicativo, fica a R$ 11, dependendo do caso. Mas com um valor tão menor e o preço da gasolina nas alturas, a margem de lucro não é muito baixa para trabalhar com esses apps? Por isso, a chegada desses aplicativos tem preocupado não só os taxistas, mas até os mototaxistas em Santa Maria, que podem perder passageiros devido à concorrência de preços - uma corrida de moto pode sair quase o mesmo preço de uma viagem por um aplicativo.
Taxista morre em acidente em Santa Maria
Por outro lado, trabalhar com carros dos aplicativos pode significar uma oportunidade, mas nem sempre é garantia de bom negócio. Na verdade, nem sempre pode compensar, ainda mais em cidades de tamanho médio, como Santa Maria, onde as corridas não são tão longas quanto em capitais - o que faz os preços das viagens serem baixos e exige um grande volume de corridas por dia.
EUA: 30% perdem dinheiro com o Uber
Uma pesquisa com 1,1 mil motoristas do Uber nos Estados Unidos apontou que 30% deles estão perdendo dinheiro, pois não se dão conta de todos os custos que têm. E o estudo foi feito pelo renomado Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) - não é uma pesquisa qualquer. Além disso, apontou que parte significativa até têm lucro com o Uber, mas recebem por mês menos do que o salário mínimo em seus estados nos EUA.
Era justamente isso que eu estava pensando dias atrás, quando o Uber chegou prometendo corridas mais baratas. Aqui em Santa Maria, para quem e quando vale a pena financeiramente trabalhar com um aplicativo desses?
Para saber se está tendo lucro ou pagando para trabalhar, não basta só colocar na conta os gastos com combustível e da taxa paga ao Uber, de 20% a 25% do preço das corridas. É preciso também calcular as despesas a longo prazo e que, muitas vezes, não são percebidas, como custos com limpeza do veículo, troca de óleo, de pneus, de peças e de manutenção em geral. Outro custo considerável é a depreciação do veículo.
Por exemplo: um carro zero que custa R$ 40 mil hoje poderá valer só R$ 20 mil daqui a quatro anos, dependendo da quilometragem feita. Além disso, se deixasse esses R$ 40 mil aplicados no banco, possivelmente a pessoa teria R$ 53 mil daqui a quatro anos (peguei como exemplo a valorização da poupança de fevereiro de 2014 a janeiro de 2018). Portanto, nesse exemplo hipotético, em 48 meses, o dono perdeu R$ 20 mil com a depreciação do veículo e R$ 13 mil se tivesse deixado o dinheiro aplicado - ou seja, gera um custo de R$ 33 mil em quatro anos, ou R$ 687 por mês. Até porque, se o motorista for comprar um carro zero daqui a quatro anos, possivelmente terá de desembolsar não só R$ 20 mil, já que o mesmo veículo zero km não estará custando só R$ 40 mil.
Para finalizar, gostaria de ressaltar que esse é um exemplo hipotético e que cada caso é um caso. Não quero dizer que não compensa, mas que é preciso ter cuidado. Para isso, cada motorista precisa colocar, na ponta do lápis, todos seus gastos e suas receitas mensais, analisando esses fatores, para saber se está compensando trabalhar.