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Como repercute a possível abertura do comércio em feriados em Santa Maria

Joyce Noronha

Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário)

Santa Maria está mais perto de modificar o funcionamento do comércio local, pois nessa segunda-feira, às 9h, o Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) realiza a assembleia com os associados para definir se as lojas terão permissão para abrir em 10 feriados no ano. Na ocasião, o Sindilojas apresentará a proposta definida junto com o Sindicato dos Comerciários. Em 2018, pela primeira vez, os lojistas tiveram autorização para abrir em cinco feriados com mão de obra, pois antes só conseguiam trabalhar no dia 8 de dezembro.

O presidente do Sindilojas, Ademir José da Costa, diz que o assunto já é tratado há muito tempo entre os sindicatos, mas não avançava. Agora, sem dar muitos detalhes da proposta, ele acredita que a definição vai ser aprovada pela grande maioria.

- Não posso dar muitos detalhes para não atrapalhar as negociações. Mas posso dizer que vamos com duas propostas, a principal é a de abertura em 10 feriados com um valor único de bônus para os funcionários e não mais com valores diferentes dependendo do feriado - diz.

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Outra novidade apresentada pelo presidente do Sindilojas é a derrubada da obrigatoriedade de abertura nos feriados pelas lojas dos shoppings. Ademir explica que antes, se o lojista de shopping optasse por não abrir, teria de pagar multa. Com o acordo, essa norma não existirá.

MAIS UM PASSO
Não é só a assembleia do Sindilojas que decide se o acordo será colocado em prática. A proposta que for aprovada peloa entidade passará por assembleia do Sindicato dos Comerciários, que ainda não tem data definida.

O presidente da entidade dos comerciários, Rogério Reis, diz que é preciso esperar o resultado do Sindilojas para, então, convocar os associados do laboral:

- Nós temos um prazo de três dias úteis para convocar os associados. Assim que a assembleia do Sindilojas terminar, vamos organizar data e hora para a nossa e começar a chamar o pessoal.

As decisões das assembleias vão compor a convenção coletiva, que rege as normas de trabalho do comércio.

O presidente da Associação de Hotéis, Restaurantes e Agências de Viagens e Turismo (Ahturr), João Provensi, diz que não é só o comércio que vai se beneficiar da mudança, pois com mais pessoas circulando pelo Centro, os restaurantes, bares e lancherias terão mais clientes. Ele lembra que quando os supermercados passaram a fechar em domingos, alguns restaurantes tiveram queda no movimento de clientes que vinham da região.

REPRESENTANTES DE SHOPPING SÃO FAVORÁVEIS À MUDANÇA
Mesmo que a mudança da convenção coletiva não seja unanimidade entre os lojistas (veja quadro na página 9), os representantes dos shoppings da cidade se mostram favoráveis à abertura do comércio em mais datas. Vale lembrar que estes centros comerciais já abrem nos domingos as lojas, que eram proibidas de abrir na maioria dos feriados.

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A auxiliar administrativa do Elegância Center Shop, Beatriz Farias, diz que é a favor porque vai auxiliar a gerar empregos e vai revitalizar o centro da cidade. Ela diz que o assunto foi transformado em uma polêmica, mas avalia como uma mudança necessária para o desenvolvimento local. O administrador do Royal Plaza Shopping, Ruy Giffoni, concorda que a alteração é necessária e aquecerá a economia:

- Vamos voltar a ser referência para Região Central, assim como éramos quando os mercados abriam aos domingos.

A administradora do Santa Maria Shopping, Oneide Serro, avalia que se todas as lojas tiverem autonomia, o comércio da cidade vai crescer muito. Ela reforça que o setor é um dos mais importantes do município para a geração de emprego e para a economia local. E a assessoria de comunicação do Shopping Praça Nova diz, em nota, que vai ser muito positivo abrir em mais feriados, lamentando que no ano passado os lojistas não puderam aproveitar o grande movimento de visitantes em cinco feriados em que não foi permitida a abertura dos estabelecimentos.

Um dos diretores da AD Shopping, Mário Almeida, que administra o Monet Plaza Shopping, é favorável à abertura das lojas em domingos e feriados para gerar mais oportunidades aos clientes e lojistas, oportunizando, também, um incremento na economia da região. "Avaliamos como positiva, pois dará a oportunidade para Santa Maria ser, novamente, protagonista no comércio da região, e trazer novos públicos à cidade", diz em nota.

AS OPINIÕES DE LOJISTAS SOBRE ABRIR EM FERIADOS

"Ainda é muito fraco o movimento nos feriados e não acaba valendo a pena abrir as portas. O Centro fica vazio e os lojistas não se unem em horário de abertura. Alguns abrem de manhã e à tarde, outros só depois das 14h, daí o cliente não sabe se vai vir e encontrar as lojas abertas. Acho que é preciso ter autonomia do sindicato".
Fabiola Hoffling, gerente da Damyller do Calçadão

"Acho que não deve abrir. Vai dar emprego? Vai, mas vai dar desemprego também, porque vai ter muita loja tentando seguir o mercado e não vai conseguir arcar com os custos. Eu já abri a loja em feriado e não tive bom resultado, de não conseguir vender nem para pagar o custo com a luz. A cidade fica vazia, é uma cidade universitária e muita gente viaja em feriados." 
Michele Bastarrica, proprietária da Vitrine Store

"É positivo. Porque é assim que a cidade vai crescer e ter mais oportunidade de melhorar a economia. A carga horária não vai prejudicar ninguém, porque os funcionários vão ganhar bônus e terão direito a folga durante a semana. Não existe crescer sem trabalhar. Lembro que anos atrás nem ao meio-dia a gente trabalhava, agora a loja fica aberta e é um dos horários de maior movimento. Acho que vai ser o mesmo com os feriados." 
Cenira de Souza, gerente da Loja Colombo do Calçadão

"Sou totalmente contra. Não há necessidade. Vão quebrar as pequenas lojas, é isso que vai acontecer. Quando abrimos em feriados, a gente não consegue vender. A cidade é de interior ainda e a maior parte da população é de estudantes, que viajam nos finais de semana e feriados." 
Anselmo João da Rosa, proprietário da Pratik Esportes

"Estou acompanhando, mas não depende da gente. É preciso que as pessoas criem a cultura de vir ao Centro em feriados e nos domingos, e a população não tem essa cultura. Também não tem segurança para os lojistas. Então, se derem estrutura, mais segurança, mais atrativo, que tenha ônibus e se as pessoas criarem a cultura, talvez dê certo." 
Edson Rossi, gerente da Multisom

"Não é viável. Primeiro porque não tem demanda, depois porque nossa equipe é pequena. Abrir em feriado, para nós, depende muito se vale a pena ou não. Páscoa, por exemplo, para nós, que vendemos roupas, não vale a pena. Mesmo com atrações no Centro acho que não é válido para o comércio abrir. Vai ser bom para as famílias, que vão ter uma opção de lazer, mas para as lojas, não." 
Magnólia Greskoviak, gerente financeira da Brasmar

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