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Após reajuste, gás de cozinha já custa entre R$ 109 e R$ 125 em Santa Maria

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Eduardo Ramos (Diário)
Em cinco anos, botijão de 13 quilos ficou até 99,8% mais caro. Em 2017, era possível comprar o produto com R$ 55

FRANCINE BOIJINK
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Se antes do aumento do preço do gás de cozinha já era necessário ajustar os gastos para equilibrar o orçamento, com o mais recente reajuste essa prática se intensificou ainda mais. Em apenas um ano, o botijão de 13 quilos subiu R$ 34 em Santa Maria, um reajuste de 45%. O dado é resultado da pesquisa de preços feita pelo Diário entre segunda e terça-feira desta semana em oito revendas da cidade.

Enquanto em fevereiro de 2021, o produto mais barato encontrado na cidade era comercializado a R$ 76 na portaria, agora, em março, o valor mínimo é de R$ 109,90 para retirada, conforme mostra o levantamento (veja a pesquisa de preços na página 5). O mais caro saiu por R$ 125, na entrega.

Com o acréscimo, todo o hábito que contribua para se gastar menos é bem-vindo. Para economizar, nem que seja um pouco, a merendeira Zulema Garcia da Silva, de 61 anos, encontrou como alternativa fazer as refeições para o almoço e o jantar em um mesmo momento.

- Ainda quem tem fogão a lenha já ajuda bastante. Muita coisa tem que cortar. Só comprar o necessário - conta.

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A proporção do quanto representa o preço do botijão é ainda mais perceptível ao ser feita uma comparação com o novo valor do salário mínimo (R$ 1.212), representando cerca de 10%. E substituir o gás para cozinhar não é tão simples.

- O gás é considerado um produto inelástico, a substituição dele não é tão visível. A gente não consegue encontrar um produto tão eficiente quanto ele, em substituição. Claro que existem alternativas de produtos elétricos, que podem ser utilizados na alimentação, só que esses produtos são mais caros. Então, para a classe de baixa renda, é mais complexo adquirir - afirma o economista Alexandre Reis.

Na revenda de gás de Jonas Faleiro Taborda, 47 anos, houve retração na procura após o aumento anunciados pela Petrobras. A queda nas vendas representa cerca de 20%, após uma intensificação na procura logo que os consumidores souberam do reajuste.

- Nós passamos ao consumidor 16%. Seria 24,9% de reajuste, que dariam R$ 13, na ponta, para o consumidor, mas repassamos R$ 10, para não dar um impacto tão grande, apesar de ter tido aumento dos combustíveis para a entrega. Aí a gente fez isso para conseguir manter um preço mais acessível ao consumidor - informa Taborda.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Arte: Paulo Ricardo Silva (Diário)/

PARCELAMENTO

Conforme o empresário, nesse contexto de preços elevados, os negócios são feitos com praticamente nenhum lucro para as revendas de gás. Além disso, os consumidores pedem para pagar parceladamente, o que não é possível.

- A gente não tem como parcelar. Já é pouco o nosso lucro, mas fazemos para 30 dias, no cartão de todas as bandeiras - revela.

O empresário diz que muitos consumidores têm ligado para a revenda fazer pesquisa de preço. 

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Arte: Paulo Ricardo Silva (Diário)/

EM 5 ANOS, PREÇO DO BOTIJÃO DOBROU
Em cinco anos, o botijão de gás dobrou de preço em Santa Maria. Em março de 2017, uma pesquisa do Diário mostrou que era possível comprar gás de cozinha com R$ 55. Em março de 2022, o mesmo recipiente de 13 quilos custa, no mínimo, R$ 109,90. A variação no período foi de 99,8%.

O preço da entrega em casa não subiu um pouco menos: 82,3%. Passou de R$ 68 em 2017, para R$ 124 agora. Esses valores eram os menores praticados pelas revendas no momento da pesquisa.

Os reflexos do aumento do preço do gás vão além do âmbito familiar, impactando também nos negócios relacionados ao ramo alimentício, como os restaurantes. Segundo o economista, como consequência dessa elevação, pode surgir a necessidade de restrições e alocações de recursos por parte dos empresários.

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GASTO MAIOR EM RESTAURANTES
A negociação na busca por valores mais em conta é uma das formas avaliadas pelo setor, em Santa Maria, para enfrentar esse momento. De acordo com o diretor-presidente da Associação de Hotéis, Bares, Restaurantes e Agências de Viagens e Turismo de Santa Maria (Ahturr), Emerson Nereu, o custo se torna muito caro para o negócio, ainda mais considerando o elevado consumo dos estabelecimentos.

- A gente está vendo medidas para tentar negociar com mais fornecedores que têm o menor preço, porque realmente o valor está muito alto e a gente não consegue trabalhar dessa forma. Fica realmente difícil - informa Nereu.

De maneira geral, seja para consumo familiar ou relacionado aos empreendimentos do ramo gastronômico, a questão do congelamento do ICMS sobre os combustíveis, tema do Fórum dos Governadores, atrai atenções. Há uma expectativa que os preços do gás, além da gasolina e do diesel, possam baixar.

- Por parte do governo federal, há algumas leis de aprovação de subsídios e de auxílio-gás que podem impactar na redução. Esperamos quais serão as consequências dessas medidas, mas o fato é que hoje esse insumo está extremamente pesado no bolso das famílias e o impacto é bastante significativo - diz o economista Alexandre Reis. 

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