para se despedir

Após 51 anos, hoje é o último dia do Restaurante Augusto

Michelli Taborda

Foto: Janio Seeger (Diário)

Os familiares de Augusto Martins, fundador do Restaurante Augusto, confirmaram o fechamento do local no dia 1º de fevereiro. Após 51 anos de história e de galetos ao vinagrete, um dos locais mais tradicionais para almoçar ou jantar vai fechar as portas e demitir os funcionários. Quinta-feira será o último dia de funcionamento. Com a notícia divulgada na internet e nas redes sociais, muitos clientes que frequentaram o local por anos aproveitaram a noite desta quarta-feira para jantar e se despedir dos pratos preferidos.

Nancy Vasconcellos Romano estava em Porto Alegre, visitando uma de suas filhas, quando soube do fechamento e não pensou duas vezes: voltou para Santa Maria e aproveitou a companhia da filha Raquel e do neto Rodrigo para saborear uma picanha acebolada. Ela conta que frequentou o restaurante por décadas. 

Assim como Nancy, Stelamaris Segala e o marido, Luiz Ivan, também aproveitaram a noite para se despedir. Os dois iam até o local, ponto certeiro nos almoços de sábado, desde que começaram o namoro. Com as duas filhas e o genro, os dois estiveram nesta noite jantando no restaurante e se despediram de Joceli Severo, um dos garçons mais antigos. 

- A gente sempre se sentiu em casa vindo aqui. Para nós, é uma tristeza muito grande, porque não há outro lugar como o Augusto - comentou uma das filhas de Stelamaris.

DECISÃO FOI DIFÍCIL
Fernanda Fank, 60 anos, é filha de Augusto Martins (na foto abaixo, em preto e branco), fundador do restaurante, e viúva de Marco Fank que, até sua morte em um acidente de trânsito, administrava o restaurante. Ela conta que, apesar de a Vigilância em Saúde ter feito algumas exigências, a decisão de fechar as portas neste ano foi tomada por outros fatores. Como teriam de fazer adequações e, ainda, planejavam reformas no imóvel, ela e o irmão, Augusto Martins Filho, tomaram a "dificílima, mas necessária" decisão. Ela estima que, se as atividades não fossem encerradas agora, o Augusto permaneceria por, no máximo, mais dois anos em funcionamento.

Segundo Fernanda, alguns profissionais da área da gastronomia já fizeram a proposta de comprar o restaurante, assim como empresários de outros ramos que têm interesse no imóvel. Apesar das propostas, ela garante que o restaurante não será reaberto, e a família ainda não decidiu o que fará com o imóvel na Floriano Peixoto. Fernanda disse estar emocionada com o carinho de amigos e clientes que se manifestaram tristes com o fechamento do restaurante.

MUITAS LEMBRANÇAS  

O Restaurante Augusto (na foto ao lado, seu fundados, Augusto Martins) marcou décadas de história na cidade, sendo palco de encontros, comemorações e reuniões. Também foi o local onde políticos, atores e músicos, em passagens pela cidade, aproveitaram para apreciar o tempero do restaurante.

O ex-governador do Estado, Leonel Brizola, sempre passava pelo restaurante em suas vindas a Santa Maria. Segundo lembra a equipe, o pedetista, após fazer a refeição, pedia 30 galetos embalados para levar embora. Assim como Brizola, os garçons lembram, e riem, de uma vinda dos trapalhões Dedé e Mussum, que aproveitaram a visita e tomaram uma garrafa inteira de graspa.

Essas são algumas das personalidades que passaram pelo Augusto. Nomes como Titãs, Hortência, Serginho Groisman, Letícia Spiller, Gretchen, Reginaldo Faria, Érico Veríssimo, Renato Borghetti e Ed Motta também já saborearam os pratos do Restaurante Augusto. 

HISTÓRIA 

  • O famoso galeto al primo canto (que, em italiano, significa "ao primeiro canto" é um receita tradicional dos imigrantes italianos que chegaram ao Rio Grande do Sul a partir de 1870. A característica é o frango ser abatido ainda bem novo, com cerca de um mês de vida. Os pequenos pedaços são preparados no espeto com um tempero à base de ervas finas (sálvia, manjerona, alecrim e cheiro-verde), tomate, cebola, alho, pimenta-do-reino, vinagre e sal 

  • A fama do galeto santa-mariense tem, na verdade, origem portuguesa. O empresário Augusto Martins era imigrante português, que chegou ao Brasil aos 21 anos, junto da família, para trabalhar no restaurante do pai. O pai, Manoel Martins, fundou o Restaurante Vera Cruz, que ainda hoje funciona na Avenida Medianeira. Augusto aprendeu ali a receita do galetinho
  • Após 20 anos de experiência, Augusto fundou seu próprio estabelecimento, em 1968, inicialmente na Avenida Rio Branco. Logo depois foi para a Floriano, onde segue até hoje. Colocar o próprio nome no Restaurante foi uma sugestão vinda de amigos, que apostavam na popularidade do empreendedor. Não demorou para que o Restaurante Augusto, localizado na Rua Floriano Peixoto, 1.354, Centro, ganhasse prestígio na cidade, vindo a se tornar uma referência gastronômica e patrimônio cultural de Santa Maria
  • Após 20 anos na direção, o proprietário foi passando, aos poucos, a gestão para seu filho, Augusto Ricardo Martins, e seu genro, Marco Antônio Fank, que morreu em um acidente de motocicleta no final de 2018. O fundador, Augusto Martins, havia morrido em 2015
  • Com 35 funcionários, o restaurante serve galeto no espeto, filés, frangos, peixes e massas. Atende entre 6 mil e 8 mil pessoas por mês

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