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'A injustiça torna a derrota ainda mais difícil', afirma primeira treinadora de Maria Portela

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

Na região sul de Santa Maria, há mais de 18 mil quilômetros de Tóquio, uma das maiores incentivadoras de Maria Portela acompanhava incrédula o resultado da luta da judoca nas oitavas de final dos Jogos Olímpicos. Após 14 minutos de disputa, a "Raçudinha dos Pampas" foi eliminada por uma punição de falta de combatividade dada pelo juiz. Inconformada, Aglaia Pavani, a primeira treinadora de Maria, falava com a televisão como se a sua eterna aluna pudesse ouvir:

- Maria, te tiraram da disputa. Depois de tanto sofrimento, tanto treinamento, tiraram o teu grande sonho de ti. Mas, ainda assim, tu sempre serás uma vencedora.


A luta acirrada contra a russa Madina Taimazova ultrapassou o tempo normal, de 4 minutos. Na prorrogação de "golden score", onde quem aplica o primeiro golpe vence, a disputa já passava dos 10 minutos quando o juiz encerrou a luta dando a vitória para Taimazova. A falta de combatividade foi aplicada porque, na visão do árbitro, Maria Portela estava demorando para "atacar" a adversária.

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- Se a gente não define, o árbitro tem que definir. E quem tiver um pouco mais de iniciativa, vai levar. Não foi culpa dele. Eu tinha que ter sido mais agressiva, imposto mais o ritmo, por mais que não fosse efetiva, que foi o que ela fez e acabou levando - analisou Maria Portela, logo após sair do tatame, sem conseguir controlar o choro.

Só que a polêmica toda acontece porque minutos antes de encerrar a luta pela falta de combatividade de Maria Portela, a arbitragem deixou de marcar um wazari aplicado pela Raçudinha na prorrogação, quando ela forçou a queda da rival com os ombros no chão. 

- É difícil para a gente analisar com esse olhar técnico apenas, porque temos uma relação próxima com a Maria. Mas, conversando com treinadores e árbitros de vários locais, todos consideram que foi erro da arbitragem não marcar o wazari, que daria a vitória para a Maria. Foi um erro crucial, que custou uma vitória em Olimpíada. E nem foi um lance difícil. É um golpe muito claro, indiscutível - explicou o árbitro e professor de judô Luiz Pavani, filho de Aglaia, que também já treinou junto de Maria Portela.

EMOÇÃO
Na estreia, Maria Portela só precisou de 25 segundos para aplicar um ippon e garantir a vaga na próxima fase. Mal deu tempo de Aglaia se acomodar no sofá em frente à televisão. Em dias de luta da sua ilustre aluna, ela prefere acompanhar sozinha na sala de casa. Abriu uma exceção na noite desta terça-feira para receber a equipe do Diário. Quando vê Maria no tatame, a treinadora se divide entre orações e palavras de incentivo.

- Queria muito estar com ela em Tóquio. Mas, como não é possível, acompanho de casa. Tenho todo um ritual. Espero sempre mandar boas energias. Ela começou muito bem na primeira luta. Não deixou a adversária nem pensar no que fazer, foi perfeita. Isso deu confiança - define Aglaia, que coordena o projeto social Mãos Dadas e foi a responsável por apresentar o judô à atleta olímpica.

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">À medida que a segunda luta se estendia por mais de 14 minutos, a preocupação da treinadora era com o cansaço. Na raça, sem demonstrar em nenhum momento sinais de abatimento, apesar do suor que tomava conta do corpo, Maria não deixou a russa encaixar nenhum golpe. Mas, também teve dificuldades para atacar. No fim da luta, após o juiz confirmar a vitória para Taimazova, Maria tombou no tatame. No chão, caiu no choro, desabou. E foi um choro de quem sabia que fez o melhor que pode, que a derrota veio no detalhe. E, por isso, o sentimento de frustração foi maior.

- A injustiça torna a derrota ainda mais difícil. A Maria foi melhor nos 14 minutos de luta, o que é um tempo gigantesco para o judô. Cansada, não se deixou abalar. Lutou muito. Ela estava muito preparada. Eu sei tudo o que se passa na cabecinha dela, é muito difícil encarar uma derrota dessas - afirma a treinadora Aglaia. 

REPERCUSSÃO
Nas redes sociais, a decisão polêmica da arbitragem também repercutiu. Entre os torcedores, o sentimento de revolta e palavras de incentivo para Maria Portela. Especialistas no esporte, ao analisarem o golpe não marcado, são unânimes em considerar erro da arbitragem. Os ex-judocas Tiago Camilo, Flávio Canto, Luciano Correa e João Derly se manifestaram:

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