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Morreu, aos 70 anos, na noite de quarta-feira (10), o músico Luiz Carlos Borges. Ele sofria com problemas de aneurisma de aorta e estava internado desde o dia 29 de março no Hospital São Francisco, em Porto Alegre. O corpo do músico foi velado ao longo da quinta-feira (11) no Theatro São Pedro. Após encerrar as homenagens, o corpo do artista foi levado a Crematório da cidade de Glorinha, em cerimônia reservada aos familiares.
Luiz Carlos Borges nasceu em Santo Ângelo, mas tinha uma relação bastante próxima com Santa Maria. O artista se formou em Música na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e também foi diretor da Biblioteca Municipal e assessor de Cultura e Turismo do município.
A artista e produtora cultural santa-mariense Oristela Alves, grande amiga do cantor, diz que o Borges, como o chamava, tinha um grande coração:
– Não conheço uma pessoa do mundo que não gostasse dele. Ele era muito carismático, coração, muito aconchegante. Ele era de trazer as pessoas para si para dar apoio e também incentivava os novos talentos da música.
Luiz Carlos Borges iniciou sua carreira na 9° edição da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, em 1979, onde cantou o clássico Tropa de Osso composta em parceria com o ex-secretário e vereador de Santa Maria Humberto Zanatta, já falecido.
Foi nessa época em que conheceu Oristela Alves. Três anos depois, convidou a santa-mariense para coordenar o Musicanto Sul-Americano, festival nativista criado por ele em Santa Rosa. Luiz Carlos também insistiu para que Oristela gravasse o primeiro e único CD de sua carreira. O cantor também participou do documentário A música de Oristela Alves, lançado em 2022, onde fez um depoimento à amiga.
– Era uma amizade muito forte, de irmão, assim como com a esposa e filhos dele. Ele tem músicas em parceria com meu pai e irmão também. Nunca o vi bravo. Não é porque se foi. Qualquer pessoa que conviveu com ele vai dizer a mesma coisa. Realmente era uma pessoa especial. Ele cumpriu seu ciclo com maestria – reflete Oristela.
Luiz Carlos Borges deixa a esposa, Andressa Camargo, e cinco filhos: Luís Ariano, Naiana, Sibelle, Luizinho e Gregório, além dos netos, genros, sobrinhos e irmãos.
SUCESSO
Tocando ao lado do irmão Antônio, com quem formava a dupla Irmãos Borges, lançou três discos. Já na década de 1980, saiu em carreira solo, impulsionada pelo sucesso de Tropa de Osso. Com 35 discos publicados e 269 composições, Luiz deixou sua marca na música nativista. Passou pelos palcos em países como Alemanha, Argentina, Itália e Polônia e gravou com nomes como Yamandu Costa e Mercedes Sosa.
O músico também teve uma carreira marcada pelo ecletismo, já que transitou com naturalidade não só entre cantores e compositores nativistas, mas tendo tocado também ao lado de bandas de rock, como Nenhum de Nós e Engenheiros do Hawaii.
A Secretaria de Cultura de Santa Maria publicou uma homenagem a Luiz Carlos Borges nas redes sociais:
O Rio Grande está em luto. Perdemos, na noite de ontem, um dos maiores gaiteiros que o Rio Grande do Sul já viu. Luiz Carlos Borges nos deixa com um legado imenso, centenas de composições e uma herança cultural imprescindível para as futuras gerações no nosso Estado. Borges formou-se em música pela UFSM e foi o diretor do Centro Cultural Municipal e da Biblioteca Pública de Santa Maria. Eternas saudades, grande maestro.