bastidores da vida

VÍDEO: familiares e amigos de Cechin e Pozzobom revelam histórias além da política

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A razões que fazem homens e mulheres dedicarem toda uma vida ou boa parte dela à carreira política repercutem na sociedade e se desdobram em admiração ou crítica. Da tese aristotélica do "ser humano como animal político" à ambição pelo poder e pelo reconhecimento, ninguém passa impune pela vivência pública. Os diretamente envolvidos respondem por decisões, enquanto os que os elegem cobram ou celebram as mais diversas consequências. Cabe a quem os cerca - principalmente à família - o saldo dessa ousada responsabilidade.

Para Sergio Cechin (Progressistas) e Jorge Pozzobom (PSDB), os dois candidatos a prefeito de Santa Maria nesta inédita eleição atravessada por uma crise sanitária global, a história ganha contornos ainda mais emblemáticos. De governistas e aliados, eles são os atuais prefeito e vice-prefeito que travam uma batalha em lados opostos.

O que coincide a ambos é o incentivo que recebem das mães, de amigos, de familiares e até de eleitores, que talvez eles desconheçam, como Eduardo e Paulo (abaixo).

Ao longo de exaustivos 42 dias de uma campanha marcada pela metáfora da posse de uma caneta, apoiadores com maior ou menor proximidade resgatam fatos e memórias, acreditam nas propostas e são eles, entre os 204.282, que devem reiterar junto às urnas, neste domingo, a confiança naquele que irá reconduzir a cidade a partir de 1º de janeiro de 2021.

O ELEITOR
É com ajuda da boa memória que conserva que o representante comercial Eduardo Barichello, 59 anos, lista os inúmeros argumentos do seu voto em Sergio Cechin. Embora Barichello seja morador do centro da cidade, ele chama atenção pelo trabalho de Cechin estendido a qualquer bairro.

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Ele menciona que "são anos de Santa Maria", décadas de cargos e gestões - seis vezes vereador e duas vice-prefeito - de quem foi a cada vila, caminhou por lá e conhece o problema de perto. A humildade e a capacidade de articulação também entram na lista de atributos que o convenceram a votar no 11 no encontro com a urna. 

- Sempre foi um cara íntegro e que não precisa depender da política. Está na veia. Espero que continue como sempre foi e administre da melhor forma.

Paulo Roberto Scheffer, 65 anos, é objetivo e claro: vota em Pozzobom "porque ele fez a cidade andar". E de andanças, Scheffer tem propriedade para falar. Há cinco anos, ele roda as ruas de Santa Maria com o prefixo 077.

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Foto: Renan Mattos (Diário)

O taxista, que tem ponto na Avenida Rio Branco, vive no Bairro Campestre, e exalta que viu o atual prefeito melhorar a rede de esgoto na Rua Gomes Carneiro, no Bairro João Goulart, e com asfalto novo, melhorou as condições de trafegabilidade das principais ruas do Centro. Outro motivo passa pelo crivo pessoal. Para Scheffer, o tucano fala "de igual para igual" e respeita a categoria (taxitas). E é com esse respeito conquistado junto de um aviso direto a Pozzobom que, neste segundo turno, Scheffer selará seu voto no 45. 

- É um cara simples, que sabe trocar uma ideia. Espero que ele dê seguimento ao que vem fazendo.

A MÃE

Do Bairro Nossa Senhora das Dores, Giselda Cechin, 86 anos, ampara-se na Mãe Rainha Três Vezes Admirável. No outro lado da cidade, no Bairro Perpétuo Socorro, Maria Thereza Pozzobom, 81 anos, roga preces à Mãe Medianeira. Elas compartilham a fé e a experiência de serem as mães dos candidatos a prefeito que disputam o segundo turno da eleições em Santa Maria. Há dias, Giselda e Thereza oscilam entre a ansiedade causada pela espera e o desejo de ver o filho eleito neste domingo. Diante de qualquer cenário, Sergio Cechin e Jorge Pozzobom têm a certeza de que encontram em suas mães a estrutura e o apoio incondicional para além das urnas.

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Os cuidados da mãe de um homem que chegou aos 66 anos ainda têm muito daqueles receios de quando o filho era um menino. Giselda Cechin, 86 anos, está sempre preocupada se o filho mais velho, o vice-prefeito Sergio Cechin, dorme bem, que horas volta para casa e os perigos que corre enquanto está na rua. Sorrindo o tempo inteiro, exalta as qualidades pessoais e políticas do primogênito. 

- A minha preocupação é que ele não coma tanto, pois o Sergio não pode ver um doce, não dá para ter na geladeira. Doce de abóbora, ele até me ajuda a fazer, ele é quem descasca para mim. Outra coisa é o celular, que não tem hora para ele atender. É um vício. Para mim, ele está sempre ligando. Tenho de dizer: "faz teu trabalho que, aqui, tudo está bem". Mas ele é assim, preocupado. Quando viaja de férias e fica sabendo que chove em Santa Maria, logo liga para saber se tem rua alagada. E rua, ele conhece todas, nos bairros e nos distritos. E onde chega, todo mundo o conhece e o abraça - conta orgulhosa.

E até quando o assunto é campanha eleitoral, dona Giselda esbanja leveza e otimismo. A segurança é justificada. Ela diz que melhor do que ninguém nessa cidade sabe o porquê o filho é o melhor nome para a prefeitura:

- Mesmo novinho, ele brincava de montar comitês. Os outros mexiam com ele, que ficava bravo porque juntava santinho de tudo que é partido, pois ele mal sabia ler, mas já queria ser político. Foi professor, engenheiro e tem 40 anos de vida política. Vou esperar até domingo, mas tenho certeza que é a vez dele e, se ele não ganhar, que seja o que Deus quiser. E ele sempre sabe.

Se é verdade que a maioria das mães esgota possibilidades e não mede esforços em benefício dos filhos, Maria Thereza Pozzobom, 81 anos, mãe do prefeito Jorge Pozzobom, é a prova. Às vésperas da eleição, ela faz uma campanha bem particular. Reza, liga, escreve. 

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Foto: Gabriel Haesbaert  (Diário)

- Na última eleição, eu ia com bandeiras em todas as caminhadas e carreatas. Estou com um problema de coluna e não posso mais sair tanto, mas faço o que posso. Ligo para minhas amigas pedindo apoio e no messenger do Facebook escrevo: "estou pedindo com muito carinho um voto para meu meu filho" - conta, com olhos marejados.

A imagem de mãe superprotetora acompanha a trajetória do filho que nasceu após um parto difícil, há 50 anos. Porém, ela conta que, felizmente, o guri cresceu saudável e tão arteiro, que chegou a ser apelidado de freguês pelos médicos do pronto-socorro. Na vida adulta, tornou-se um homem que, para ela, é exemplo de dedicação: aos pais, à esposa, às filhas e a Santa Maria.

Embora já tenha passado pela experiência de uma angustiante apuração de votos em 2016, não esconde a apreensão em ter de enfrentar tudo de novo no próximo domingo. Por outro lado, acredita na vitória e incentiva o filho a seguir o que, para ela, é talento e vocação:

- Já disse: filho, larga disso e vai trabalhar como advogado, mas ele disse: "mãe, política é minha vida". Ele ama isso e faz com capacidade, caráter e responsabilidade. Eu entreguei nas mãos de Deus e que ele faça tudo pelo melhor.

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A IRMÃ DE CECHIN

Não há lembrança de briga de irmão ou de desentendimento sério na infância, juventude e vida adulta que a funcionária pública Eliane Cechin, 55 anos, guarde em relação ao irmão mais velho, Sergio Cechin, 66.

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Foto Gabriel Haesbaert (Diário)

A recordação é da liberdade das brincadeiras na rua, sem pressa e sem perigos, e do perfil precocemente politizado do irmão. É por isso que ela repete que ele tem tudo que "um prefeito precisa" e rasga elogios, sem timidez.

- Ele ama matemática, é um engenheiro, professor, tem 40 anos de vida política e o melhor: o caráter. Pequenininho ele brincava de ter um comitê eleitoral. Fora isso, a camaradagem, simplicidade... O Sergio sempre foi assim. Ou ele estava envolvido com o futebol, tinha um time com o pessoal da Rua Euclides da Cunha e outro da Avenida Dores, ou estava estudando. E hoje, para quem você perguntar, vai dizer: essa humildade é a marca dele. Ele se preocupa com todo mundo, com os irmãos, com amigos, netos. É muito presente com os filhos, com a mãe, então, chega a ser demais. É incansável e liga para perguntar o tempo todo, mesmo que more com ela - conta Eliane.

O IRMÃO DE POZZOBOM

Admar Eugênio Pozzobom, 55 anos, é o mais velho entre os dois irmãos de Jorge Pozzobom, 50 - também tem Carlos, 52. A parceria de Admar com o caçula foi compartilhada ao longo da vida em atividades esportivas, festas e trajetória política. Mas quando fala de Jorge, Admar quase esquece que também fala do prefeito da cidade. Ao lembrar do irmão mais novo, o tom é de zelo, e a voz embarga. As principais referências são de um jovem que viu aflorar seu "fazer político" em ações sociais e do homem que colocou os interesses da família e da cidade à frente dos próprios.

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Foto Gabriel Haesbaert (Diário)

- Vi ele nascer, crescer. Ele sempre foi família antes e depois de casar. Mas o Jorge começou a querer ajudar a cidade e as pessoas quando nem era político, que só foi lá em 2000, quando concorreu a vereador. Na juventude, era muito ligado com esse pessoal do rock, a turma do Pylla e de atividade do rock solidário. Lembro a alegria e do quanto ele se encantou a vez que, em um show, no "Farrezão", eles arrecadaram dois caminhões de alimento. Aí, ele nunca mais parou. Jorge tem um coração maior que o corpo. Já vi ele se prejudicar para ajudar os outros. Brinco que o grande defeito dele é ser colorado - relata o primogênito.

O AMIGO DE CECHIN

A amizade desses dois vem de berço e cresceu nas vielas do Bairro Nossa Senhora das Dores. É permeada por pandorgas, jogos de bolita, partidas nos campinhos de futebol e andanças de bicicletas. E a relação do despachante Moacir Fighera, 62 anos, com o vice-prefeito Sergio Cechin, 66, mantém-se até hoje. O correr dos dias impediu a mesma convivência da juventude, mas o que assegurou a ligação entre os dois, conforme Fighera, foi o caráter não corrompido por vaidade no passar dos anos.

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Foto:Renan Mattos (Diário)

- Tivemos a felicidade de conviver juntos desde os primeiros dias de vida. Sempre teve uma conduta exemplar. A família dele é assim. Todo mundo admirava o Sergio pela simplicidade e por carregar esse espírito político. Recordo que ele juntava "os santinhos" e fazia coleção, pois já era apaixonado pela política. Ele sempre foi aquele que gostou de ajudar todos. Nesse ponto, o Sergio de hoje é o mesmo de 60 anos atrás. Ele conserva a mesma simplicidade que conheci quando ele era guri.

O AMIGO DE POZZOBOM

De vizinhos de bairro a colegas de faculdade, o advogado Mateus Saccol de Oliveira, 44 anos, traduz em uma lembrança a fusão do amigo Jorge Pozzobom enquanto político e ser humano.

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Foto: Renan Mattos (Diário)

- Estávamos indo pela Rua Casemiro de Abreu, aqui no Bairro Perpétuo Socorro, e um senhor estava andando de carroça quando caiu a roda. Jorge parou o carro e logo ajudou o senhor a recolocar. Vendo o exemplo dele, parei o carro e fiz o mesmo. Lembro que eu estava indo para faculdade, e como a carroça estava recém-pintada de azul-clara, cheguei na aula com os restos de tinta na mãos. Parece só uma história inusitada, mas essa boa vontade de fazer a coisa certa é um exemplo do que acredito que é preciso para ser gestor público. E ele nem era político ainda. Jorge é assim, querido, bom coração. É o cara para quem tu podes ligar às 4 horas da madrugada se precisar. E esse tipo de amigo encontramos pouco na vida da gente - conta.

O FIEL ESCUDEIRO DE CECHIN

Rafael Dulor, 38 anos, define sua convivência com o vice-prefeito Sergio Cechin em três atos: chefe de gabinete, assessor e amigo. Se em muitos casos as relações de trabalho são restritas a demandas profissionais, com Dulor e Cechin foi diferente. Isso porque a convivência que eles mantêm desde 2016 se desdobrou em trocas de confidências e de uma consolidada amizade. Tem momento que "um cuida do outro", como mencionou o assessor. Cuidar, a propósito, é umas das características de Cechin que Dulor mais admira.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

 - É uma pessoa dedicada à família, aos filhos e netos, ao mesmo tempo que se orgulha de dizer que é filho de Santa Maria. Ele conhece cada rua, cada morador, e você senta com ele, e ele te conta a história deles. Tanto que o que ele mais sente nesse período de pandemia é não poder dar um abraço e confraternizar com as pessoas que ele gosta. Ele conseguiu conciliar vida pessoal, de professor, engenheiro e a carreira política. Ele não mede esforço para cuidar das pessoas, e isso foi também o que nos permitiu ter essa relação de amigo e, ao mesmo tempo, profissional.

O FIEL ESCUDEIRO DE POZZOBOM

O modo enfático com que o chefe da Casa Civil Guilherme Cortez, 28 anos, descreve a figura de Jorge Pozzobom resume a palavra escolhida para definir a relação de ambos: transparência.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

Sem meios termos, Cortez consegue fundir elogios e olhar crítico à pessoa que o tem como seu fiel escudeiro. Pois é sabido que Pozzobom confia a Cortez bem mais que uma pasta no Centro Administrativo. O prefeito confia a tomada de decisões e o compartilhamento de uma gestão. 

- Pozzobom tem um coração puro. Às vezes, até ingênuo. É alguém que não descansa nunca, que quer resolver um problema. Embora espontâneo e alegre, é sério. Ele é um político honrado, sério, que tem que ser valorizado nos dias de hoje. A minha relação com ele é de absoluta transparência. É de lealdade, sim. Ele me deu uma oportunidade. Quando eu saí do Colégio Militar, fui trabalhar com ele. Não estou junto nessa caminhada para puxar o saco. Muitas vezes, ele diz que eu sou o chato, aquele que dá o puxão de orelha. O espaço conquistado com ele existiu porque eu sempre fui transparente - pontua Cortez.

O ASSESSOR DE CECHIN

De longe, ele até parece menino, daqueles que esbanja gentileza e atende a qualquer demanda com muita agilidade. O jornalista Mauricio Araújo, 30 anos, é isso e ainda mais. É assessor de comunicação de Sergio Cechin e acompanha cada passo do candidato, da responsabilidade da agenda ao apoio em eventos de campanha. A sintonia é justificada por semelhanças comuns entre assessor e assessorado: estilo calmo e cordialidade. Embora 36 anos separem suas trajetórias (Cechin tem 66), uma relação de confiança foi estabelecida de forma natural.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

- Acompanho a carreira política dele há quatro anos e sempre o admirei. É um homem humano, compreensivo e de fácil acesso, o que me proporciona a aconselhá-lo e trocar ideias. Ele é um senhor, um homem de 66 anos, mas é alguém que diz "sou rodeado por jovens". O Cechin é essa pessoa simples, inteligente, que gosta de escutar, o que nos permite ter essa relação profissional, mas também de carinho e respeito.

O ASSESSOR DE POZZOBOM

Há quase quatro anos, quando alguém não encontra ou não consegue contato com Jorge Pozzobom, é o telefone do jornalista e assessor Ramiro Guimarães, 39 anos, que toca. Ele adianta, intermedeia, informa, resolve. Isso porque, além da confiança depositada de Jorge em Ramiro, o assessor conhece, como poucos, o perfil de um prefeito que exige saber tudo o que acontece ao redor.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

- A gente nunca pode ficar na zona de conforto trabalhando com ele. Ele é preocupado, impaciente e inquieto. Quer sempre saber e ter o controle de tudo. Isso na vida pessoal e profissional. É um pai que quer saber se a filha almoçou no horário. Ele quer saber como está a interação daquela publicação que ele colocou no Instagram ou no Facebook. Quer saber se a licitação da obra foi feita, se o licenciamento saiu. É um cara ligado "nos 220". Muitas vezes, eu sou associado à figura dele. Isso aumenta a minha responsabilidade, e, com certeza, me dá uma satisfação grande, por poder fazer o bem para as pessoas - reconhece o jornalista.

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