Trânsito

Uma aula do que não fazer

Tatiana Py Dutra


"Ela saiu de casa atrasada e, antes de ir para o trabalho, precisava deixar o filho na escola. Para chegar a tempo, passou voando por um sinal amarelo, ignorou um sinal vermelho, forçou ultrapassagens, xingou um condutor que buzinou para ela. Chegou à escola e disse ao menino: 'Desce rápido, que parei em local proibido'. Somente horas mais tarde, ela conseguiu parar para refletir sobre quantos exemplos ruins deu para o pequeno em alguns minutos dentro do carro."
- Você ensina pelo exemplo. E as crianças percebem o que os pais fazem de errado - conclui o policial rodoviário da reserva e instrutor do CFC Ativa Jonas Vinicius dos Santos Silva, ao terminar de contar o relato acima, lido, certa vez, no jornal.
Para o instrutor, essa é a história de muitos pais e mães que usam veículos particulares para levar seus filhos à escola. Pensando nesse caso em particular, é possível compreender que a pressão do tempo levou a motorista a cometer infrações de trânsito, certo? Mas, e quando essa é a realidade de centenas de pessoas, como fica o trânsito? 

INFRAÇÕES EM SÉRIE

De segunda a sexta-feira, é possível perceber os efeitos da soma de pressa, falta de espaço e negligência com as leis no entorno de escolas do Centro e até de bairros de Santa Maria. De 2 a 5 de abril, uma equipe do Diário visitou diferentes colégios da cidade que promovem, em certos horários, verdadeiros gargalos de tráfego: Santa Maria, Sant'Anna, Fátima, Centenário e Riachuelo (Camobi). Embarques e desembarques em fila dupla, estacionamento em local proibido ou sobre a faixa de pedestres foram algumas das infrações mais frequentes nas observações no período.
Pais, mães e demais responsáveis que conversaram com a reportagem do Diário admitiram seus erros, ao mesmo tempo em que faziam uma série de queixas. Eles apontam que faltam vagas de estacionamento no entorno das escolas, que há áreas reservadas para vans escolares e vagas de estacionamento especial atrapalhando o fluxo etc.

SOBRAM ARGUMENTOS

As escolas, por sua vez, dizem fazer o possível para colaborar com os pais. De criação de vagas para estacionamento até campanhas de conscientização, há de tudo um pouco. Só não tem satisfação.
- Temos nosso sistema de garagem. Não tem custo para as famílias, mas algumas preferem não usar - comenta a professora Helena Rohde, vice-diretora do Colégio Sant'Anna.

No colégio franciscano, muitos pais que optam por parar na Rua Floriano Peixoto para deixar e buscar os filhos travam uma guerra surda com os motoristas de vans escolares. Há um espaço reservado e sinalizado para o transporte escolar no local, mas é comum ver carros de passeio estacionados em seu lugar.

- No dia em que o DMT (Departamento Municipal de Trânsito) vier, todo mundo vai ser multado - comentou um empresário de 36 anos, pai de aluno da escola, comemorando a ausência de visitas dos guardas da Coordenadoria de Trânsito e Mobilidade Urbana, e pedindo o remanejo da área das vans.

Nesta reportagem, você vai conferir os ingredientes que fazem dos inícios e finais de turno escolar alguns dos momentos mais tensos no trânsito da cidade; os argumentos das partes envolvidas; o que recomendam leis e autoridades; e sugestões para que os pais consigam deixar os filhos na escola com tranquilidade e, ao mesmo tempo, reduzir os gargalos em zonas escolares.


UM ERRO ATRÁS DO OUTRO
O Diário esteve em quatro escolas da cidade onde mais ocorrem infrações para conferir o trânsito nos horários de entrada e saída:


COLÉGIO FÁTIMA

Segunda-feira, 17h15min, Avenida Presidente Vargas. O fluxo de veículos por uma das avenidas mais movimentadas da cidade começa a se intensificar - e o horário de saída dos alunos do Colégio Fátima colabora para isso. Apesar de a principal saída ficar nos fundos da escola, é pela frente que muitos recebem os pimpolhos após um dia de aula. Pouco a pouco, carros vão sendo estacionados ao longo do meio -fio. Mas não há muito espaço.
Nos cerca de 20 metros de frente, em pelo menos metade é proibido estacionar, como indica a faixa amarela no meio-fio. Há uma pequena área para embarque e desembarque (cuja permanência deve durar apenas o tempo de subida ou descida do passageiro), duas vagas para deficientes físicos, uma faixa de pedestres e um ponto de ônibus. Na prática, não se poderia estacionar ali, mas a recomendação legal é ignorada. Alguns motoristas, por "prudência", estacionam o carro, saem e deixam o pisca-alerta ligado.
- O pisca-alerta serve para situação de emergência ou avaria do veículo. Ou, ainda, quando a legislação determinar. Mas a legislação local não tem nenhuma situação que preveja essa medida, nem mesmo a travessia de pedestres - ensina o instrutor do CFC Ativa Jonas Vinicius do Santos Silva. 
 No outro lado da rua, em frente ao Museu de Arte de Santa Maria (Masm), situações semelhantes se repetem em área igualmente proibida. Um dos carros estacionados era de uma microempresária de 60 anos. Simpática, ela contou que a neta, de 8, é transportada por uma van escolar de casa, no Residencial Lopes. Em função da distância, a menina é a última a chegar em casa, por volta das 18h30min. Por isso, sempre que algum familiar passa perto da escola no horário da saída, leva a menina.
- Sei que estamos errados. Já fomos multados várias vezes anos atrás, porque os guardinhas sempre estavam aqui, multando - comentou.
Uma psicóloga de 37 anos que tem duas filhas matriculadas na escola diz que evita estacionar na Presidente Vargas, mas admite que não escapa das infrações: deixa o carro numa área reservada para táxis, na Rua Professor Teixeira, paralela à avenida. 


COLÉGIO SANT'ANNA

Terça-feira, 13h13min. Quem passa pelo entorno do Colégio Sant'Anna é testemunha da impaciência. Pais-motoristas disputam com as vans espaço junto ao meio-fio reservado ao transporte escolar. Ao mesmo tempo, a faixa de pedestre se torna ponto para desembarque, atrapalhando a passagem dos pedestres que ainda têm de se cuidar com os demais motoristas que, apressados, querem sair das cercanias das ruas Floriano Peixoto e Andradas o mais rápido possível.
Quanto mais perto das 13h30min, mais intenso o trânsito. As paradas para desembarque em fila dupla interrompem a passagem dos demais veículos, e a tensão vai aumentando. Um pai para o carro no meio da rua; um menino franzino desce com sua mochila e faz uma pergunta; recebe uma resposta e retruca; o carro de trás buzina, o pai grita um palavrão; o motorista de trás desvia e avança sobre a faixa de pedestres, ignorando a passagem de uma mulher de mãos dadas com uma menina e a espera de um pai com duas crianças. Indignado, o pedreiro de uma obra defronte à escola deixa o trabalho e vai para o meio da rua fazer as vezes de guarda de trânsito. 

- A gente precisa ter cuidado redobrado para atravessar aqui. Os motoristas ficam nervosos e, parece, não enxergam a gente - relatou a mãe de uma aluna da 1ª série do Sant'Anna, que diz não se incomodar com problemas "que fazem parte da rotina", como o trânsito.


COLÉGIO SANTA MARIA

"Já foi pior". Essa é a avaliação de um aposentado de 62 anos, que teve as filhas e, agora, a neta matriculadas no Colégio Santa Maria:
- Quando as aulas na antiga Reitoria estavam a pleno vapor, tinha muito mais trânsito aqui na Floriano. Mas estacionar aqui sempre foi difícil.
A equipe do Diário chegou a entrada da escola por volta das 17h20min de quarta-feira. A área de embarque e desembarque, da esquina da Coronel Niederauer até a faixa de pedestres, já estava tomada. Dentro de um dos carros, uma mãe precavida que aguardaria mais de meia hora pelo filho, monopolizando a vaga que deveria ser liberada rapidamente. Após a faixa de segurança, outra mulher vivia a mesma situação - a diferença é que ela estacionara na área reservada às vans. Antes das 17h55min, nenhum transporte escolar conseguiu estacionar naquele espaço.
- Para pegar criança pequena, a gente precisa estacionar - afirmou um empresário de 53 anos, pai de aluno.
O empresário contou que a missão de pegar o menino estava com a mulher naquela quarta-feira. Mas ela estava procurando vagas no estacionamento da própria escola, cuja entrada é pela Rua Serafim Valandro. O que deveria ser a solução para o congestionamento nas redondezas, porém, é motivo para outras dores de cabeça.
- O sinal toca às 17h50min, então, o portão do estacionamento deveria abrir mais cedo. Eles seguram até 17h30min, quando a fila de carros já ultrapassou a Serafim Valandro e chegou à Tuiuti. Todo o trânsito fica comprometido por algo que deveria facilitar - comentou um contador de 44 anos, que tem um filho matriculado no colégio.
Na Floriano Peixoto, um dos principais entraves ao trânsito é o embarque em carros parados em fila dupla, frequentes ao fim da tarde, em especial para pais de alunos adolescentes que fazem questão de pegar os filhos e seus amigos na porta da escola.  


COLÉGIO RIACHUELO

A Rua Cruz e Souza e adjacências são prioritariamente residenciais. Casas baixas, grandes e bonitas estão localizadas em estreitas ruas de paralelepípedos, quase sempre silenciosas e pouco movimentadas de Camobi. A exceção são os horários de entrada e saída do Colégio Riachuelo, quando chega a ser espantosa a quantidade de carros estacionados ao redor da instituição, que tem 700 alunos.
Quando a reportagem do Diário chegou ao colégio, no fim da tarde de quinta-feira, já havia pelo menos uma centena de carros nos dois lados da Cruz e Souza, à espera dos cerca de 416 alunos do turno da tarde. O excesso de carros, somado à pequena largura da via e a pressa de pais e mães em voltar para casa, torna a saída do local um transtorno. 
- Estacionam na contramão, em fila dupla e descem do carro. Nem têm vergonha de estacionar na única vaga de deficientes que tem aqui na frente - contou um comerciante de 40 anos.
A falta de educação de alguns espanta os próprios pais.
- Tira uma foto daquele carro ali. Olha ali! Estacionou a caminhonete atravessada na entrada da garagem da casa, fechou e entrou na escola. E se o dono da casa chega? - comentou um motorista de 38 anos.
Não é por falta de aviso da escola, relatou um funcionário ao Diário.
- Nas reuniões de pais, as vices diretoras e o diretor tentam uma conscientização. Já teve bilhete indo pelos alunos, está no manual da escola, mas não adianta. O problema é educação - relatou um funcionário do colégio.


NENHUMA ESCOLA CONSEGUE AGRADAR A TODOS

É curioso: enquanto pais de alunos do Colégio Fátima reivindicam um estacionamento próprio para a escola, no Colégio Sant'Anna há quem abra mão dele, e, no Santa Maria, quem ache que a área existente é insuficiente. Trocando em miúdos, pode-se dizer que nenhuma instituição, por mais que se desdobre, conseguirá atender a todos os desejos dos pais - especialmente no trânsito.
Ainda assim, contatadas pela reportagem do Diário, as direções disseram estar em permanente diálogo para facilitar a situação e até para tentar reduzir as infrações de trânsito.
- A gente faz, a cada ano, uma campanha educativa orientando as famílias a ter cuidado com as questões de trânsito, em especial na frente da escolas, já que, nos horários de pico, a gente conseguiu que seja área de embarque de veículos. Na nossa avaliação, hoje há menos ocorrência de fila dupla, mas a escola não tem como fiscalizar esses casos - comenta o professor Carlos Sardi, diretor do Colégio Santa Maria. 
Quanto às queixas sobre a abertura do portão dos fundos, considerada tardia por alguns pais, ele discorda:
- Não é problema de horário, mas de educação e de cultura. Há fila para quem chega muito cedo.
A coordenadora do setor de comunicação do Colégio Centenário, Carina Bohnert, diz que o tráfego de veículos nos arredores da Rua Dr. Turi mudou muito de um ano para cá. A direção da escola transformou uma área ociosa da propriedade em estacionamento de professores e funcionários para liberar mais vagas em frente à escola, que agora são para embarque e desembarque a partir das 11h e das 17h.
- Outra coisa que ajudou é que ônibus municipais não passam mais pela Dr Turi. Essas medidas reduziram bastante a questão do congestionamento - diz Carina.
Um estacionamento, por enquanto, está fora de cogitação no Colégio Fátima, diz o vice-diretor Antonio Campagnolo. Mas a reivindicação dos pais pela remoção do ponto de ônibus da frente da escola já foi encaminhada.
- Soluções mágicas não existem. Paciência, compreensão e cuidado, precisamos ter nós e todos os usuários de veículos motorizados. Caso contrário, não sobreviveremos - avalia. 
Vice-diretora do Colégio Riachuelo, Ana Paula Marques diz que a escola está inserida no projeto Camobi Segura, da Brigada Militar, que, na última quarta-feira, fez uma ação de combate e prevenção ao estacionamento irregular.
- A escola também fez um pedido para tornar a nossa rua uma via de mão única, para organizar melhor o fluxo de carros - comentou a diretora.

A vice-diretora do Sant'Anna, Helena Rohde, diz que a escola se foca em atividades pedagógicas com os alunos da Educação Infantil e dos Anos Iniciais dentro do projeto de educação para o trânsito. Ela acredita que os pequenos podem "educar os pais":
- As crianças sempre fazem intervenções e falas. Aquilo que elas aprendem na escola, acabam levando aos pais. Não vão atingir a todos, mas há famílias que são mais sensíveis. 


A ETERNA LUTA DAS VANS

Para a Secretaria de Mobilidade Urbana de Santa Maria, o investimento dos pais no uso do transporte coletivo (ônibus e vans escolares) seria a solução mais rápida, a curto e médio prazos, para o trânsito caótico nas proximidades de algumas escolas de Santa Maria. É uma matemática simples, explica o superintendente de Trânsito e Transportes, Adão Lemos:
- Um pai leva o seu filho para uma dessas escolas já citada. O espaço do carro utilizado para o embarque e desembarque de dois veículos é o mesmo utilizado para uma van escolar que transporta 15 alunos. Ou o espaço de três veículos é o espaço que transporta 45 passageiros no transporte coletivo.
Faz todo o sentido, mas, na prática, a realidade é outra. Pais em busca da vaga mais próxima da porta da escola, muitas vezes, tornam-se rivais dos motoristas do transporte escolar. O espaço reservado - e sinalizado horizontal e verticalmente - é solenemente ignorado. É cena comum na frente das escolas visitadas pela reportagem ver as caminhonetes disputando o espaço dos carros.
- Hoje, a gente até conseguiu. Mas a gente não consegue estacionar, porque os pais não respeitam a área reservada. Eles estacionam aqui, fecham o carro e vão para o pátio da escola. Não estão nem aí para nós. Ontem (quarta-feira), a Brigada Militar veio aqui e multou dois veículos - contou o motorista de uma van escolar que atende os alunos do Colégio Riachuelo.
Na frente do Colégio Santa Maria, um motorista escolar estacionou na área reservada sob buzinadas de protesto de outro condutor que pleiteava a vaga.
- Brasileiro reclama dos políticos, mas não respeita as leis. Ainda mais os que são mais ricos - reclamou outro motorista profissional.
Teoricamente, a Rua Daltro Filho seria o mais seguro ponto de partida e chegada de vans escolares. Na prática, porém...
- No Fátima, é cruel estacionar de manhã. A gente chega e já está cheio de carros. O que eu faço? Estaciono em fila dupla. Tenho horário, tenho de ir para outros colégios. Aí, me sujeito a ficar irregular e tomar uma multa por causa dos outros - relatou um profissional.
Um transportador que puxou assunto com a equipe do Diário comentou, em tom de desabafo:
- Quem é pai deveria colocar a mão na consciência. Eu estou carregando crianças, como as deles. Mais de uma dúzia de uma vez. Defendê-las é um dever de todos como sociedade, não só meu. Eu preciso levá-los em segurança até a escola. Todos deveriam ajudar.


O PROBLEMA É ANTIGO, E A SOLUÇÃO NÃO É FÁCIL

É difícil enxergar uma solução para toda essa problemática porque ela não é simples. Não basta criar estacionamentos se os pais, por praticidade ou pressa não o usarem. Ampliar a área de embarque e desembarque em via pública também não será suficiente se os motoristas decidirem chegar com muita antecedência e monopolizar o uso dos espaços, que deveriam ser rotativos. De nada vale uma área exclusiva para vans se pais e mães decidirem desrespeitar essa área, e os transportadores bloquearem o trânsito parando em fila dupla. E por aí vai.
O fato é que cada comunidade escolar precisa diagnosticar suas dificuldades e, juntas, trabalhar pela solução. E ela pode doer. Por exemplo: as escolas precisarão fazer investimentos para a melhoria do trânsito, já que são um polo de geração de tráfego. Isso pode ser feito desde a determinação de horários de entrada e saída diferentes para alunos de diferentes faixas etárias, para tentar distribuir melhor o tráfego, até obras. Para a instalação de novas escolas, por exemplo, a própria lei municipal determina o estudo de impacto de vizinhança para a tomada de medidas que amenizem os efeitos da inflação de pessoas e veículos. Foi o caso do Colégio Marcopolo, que, ao mudar de endereço, implantou uma série de avanços no quesito viário para receber os 570 alunos.
O município também pode ter de intervir, alterando a sinalização ou modificando horários de funcionamento da Zona Azul. Da mesma forma, contratar um transporte escolar pode ser a saída para famílias com horários muito apertados e, por fim, os motoristas que não necessitarem circular pela região poderiam lembrar de fazer rotas alternativas.
- Não há uma solução padrão para todas as escolas. Depende do fluxo que passa pelo local e a necessidade de cada uma. Há soluções de engenharia de tráfego, mas também é preciso conscientização. Não adianta buzinar, reclamar e dizer que não tem fiscalização. É preciso que cada um faça a sua parte - diz o doutor em Mobilidade Urbana e professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria, Carlos Félix. 
É a mesma opinião do superintendente de Trânsito e Transportes, Adão Lemos. Ele diz que há um rodízio de fiscalização nas escolas do Centro, num trabalho mais preventivo do que punitivo. Mas, segundo ele, nem multar é suficiente.
- Podemos botar 100 agentes nas ruas, câmeras. Se não houver educação, vamos perder a guerra. Educação é fundamental - finaliza Lemos.


ADOLESCENTES QUE DÃO LIÇÃO!

Um trabalho integrado das disciplinas de sociologia e filosofia, feito por alunos do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Antônio Alves Ramos, no ano passado, surpreendeu a comunidade escolar. Divididos em grupos, os estudantes analisaram, durante dois dias, quais as infrações de trânsito mais comuns eram cometidas pelos pais e responsáveis por alunos da instituição.
Carros estacionados em local proibido, motoristas sem cinto de segurança ou usando o celular com o carro em movimento, parada em fila dupla e sobre a faixa de segurança foram as mais comuns, observaram os alunos. E eles fizeram uma conta interessante: quanto esses motoristas pagariam em multas caso houvesse uma ação fiscalizatória da Brigada Militar (BM) ou de agentes da Coordenadoria Municipal de Trânsito Urbano (CMTU). 
Durante apenas um dos períodos observados, entre 7h10min e 7h35min, os estudantes apontaram 98 multas, que totalizariam uma arrecadação de R$ 19.070,28. Na parte da tarde, a soma das infrações chegou a R$ 17.462,03.
E o trabalho, que ainda incluiu ações de conscientização entre alunos e pais, não parou por aí. Segundo o coordenador da atividade, professor Andrei Cerentini, os alunos propuseram à escola duas modificações: uma foi uma solicitação à BM de um guarda em frente ao colégio. A outra, reorganizar os ônibus/micro-ônibus que deixam os alunos em frente ao colégio.
- A segunda ideia foi adotada pela escola, que está fazendo reuniões com os motoristas de escolares para reorganizar o trânsito em um lugar específico, o que aumentaria o espaço em frente ao colégio para o uso dos pais - conta Cerentini.  

UM FISCAL DENTRO DE CASA

Segundo o professor, os alunos relataram que houve uma mudança de atitude dos pais logo após a ação. Mas o bom comportamento durou pouco. Por isso, os estudantes já estão planejando uma nova estratégia para um projeto contínuo de educação para o trânsito. 
E se a lição dos adolescentes não alterou permanentemente o comportamento dos pais, por outro lado, gerou um efeito profundo em muitos deles.
- Os pais deram um feedback sobre o policiamento dos filhos em relação ao comportamento dos pais no trânsito. Os filhos deles, alunos que participaram do projeto, passaram a cobrar dos pais que eles cumpram a lei. Um dos pais me disse que agora ele tinha, em vez de um filho em casa, um "brigadiano" de prontidão para cobrar que ele siga as regras de trânsito - contou o professor de filosofia, provando que, muitas vezes, "o pequeno ensina o grande".

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Reportagem especial