reportagem especial

Apesar das vantagens da bicicleta, ciclofaixas não tiveram sucesso esperado em Santa Maria

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Fotos: Pedro Piegas e Gabriel Haesbaert (Diário)

Andar de bicicleta em Santa Maria nem sempre será uma tarefa fácil. Apesar das vantagens de trocar o carro pelo transporte sobre duas rodas - como a economia de gastos e benefícios a saúde - quem opta por se deslocar pedalando ainda enfrenta algumas dificuldades na cidade. Em 2015, a ideia de uma ciclofaixa era dar mais espaço para as magrelas, mas a execução não durou por muito tempo. Além disso, para que os espaços para ciclistas sejam colocados em prática, é necessário mudanças no trânsito da cidade. Em uma reportagem especial, o Diário fala do cotidiano de quem pedala por Santa Maria e as soluções apontadas por especialistas. 

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O tema da ciclofaixa em Santa Maria avançou e, em pouquíssimo tempo, retrocedeu. Prova disso foi o que aconteceu em Santa Maria em 2014. À época, a prefeitura implementou uma ciclofaixa, na Avenida Medianeira, que funcionava apenas aos domingos e em feriados. Naquele ano, com a proximidade do aniversário do município, a prefeitura quis mostrar que a mobilidade por duas rodas - com as bicicletas - era algo viável e possível de ser colocado em prática.

Acontece que a ciclofaixa oportunizada aos santa-marienses nada mais era que um espaço demarcado - por meio de uma pintura (com tinta vermelha) ao longo de parte da avenida - e que tinha o reforço de cones e de agentes de trânsito da cidade.

A desativação se deu, em menos de um ano, depois de um estudo da prefeitura em que o setor de engenharia do Executivo avaliou e chegou à conclusão de que a Avenida Medianeira não comportaria esse tipo de modal. Após a desativação dela, veio a proposta de algo itinerante.

O aposentado João Ozorio, 61 anos, se recorda desse episódio. Morador do Bairro Medianeira, ele adotou há mais de uma década a prática da locomoção por bicicleta para todas as tarefas diárias. Ainda que tenha carro, a opção se tornou a última e, no máximo, "em dias de chuva ou em último caso":

- É um ganho duplo para o bolso. Eu economizo com medicamentos, que diminuíram com uma prática saudável, e com gasolina, já que o carro é lá de vez em quando. É vergonhoso que não tenhamos um sistema de ciclovia e de ciclofaixa eficiente.

Outra questão que corroborou com a desativação da ciclofaixa foi a baixa adesão, alegou a prefeitura à época. Uma vez que em apenas três momentos, a ciclofaixa teve uma movimentação significativa: quando inaugurada e, depois, em atividades alusivas ao aniversário aniversário de Santa Maria.

Para o ano seguinte, em 2015, a prefeitura cogitou que faria da Avenida Liberdade o novo endereço da ciclofaixa itinerante. O que nunca aconteceu. Nem ali ou em qualquer ponto da cidade.

PARA NÃO FICAR NO ATRASO

Acompanhar as tendências e os movimentos dos grandes centros urbanos é o desafio de Santa Maria. Ao figurar entre os poucos municípios brasileiros com um plano próprio voltado às demandas da mobilidade urbana, o presidente do Instituto de Planejamento (Iplan), Daniel Pereyron, se mostra confiante e convicto de que as mudanças - ainda que demorem um pouco - serão colocadas em prática.  

Prova disso, lista ele, é a licitação do transporte coletivo - que consta no Plano Diretor de Mobilidade Urbana - e que terá a largada em 10 dias com o lançamento de um edital para a definição do objeto do certame.

A médio prazo a ideia é que se tenha a criação de um conjunto de ciclovias para a formação de uma rede integrada. Tendo a largada deste processo com a chamada perimetral sul-leste que ligará, em um trecho de 6,3 km, a Faixa de São Sepé (BR-392) com a Faixa Nova de Camobi (RSC-287). A perimetral terá duas vias duplicadas e ainda uma ciclovia.

- A ideia ao se ter uma ciclovia é que ela possa, por exemplo, ser uma via de chegada até um terminal de embarque e desembarque de ônibus. E ao chegar lá (na parada) queremos que se tenha um bicicletário ou um paraciclo para que o usuário deixe sua bicicleta e pegue o ônibus.

O FIM CHEGARÁ
Pereyron projeta ainda que, a médio prazo, será preciso dar início à retirada de estacionamentos do centro da cidade. Em um movimento que busca aproximar Santa Maria dos grandes centros urbanos desenvolvidos que, por tabela, priorizam o ir e vir de pedestres. Por tudo isso, ele afirma que o Plano Diretor de Mobilidade Urbana representa em um ganho à sociedade: 

- Primeiro, temos de destacar a criação das chamadas zonas prioritárias para pedestres. Ou seja, a exemplo das cidades modernas, é o pedestre como protagonista. E é o que queremos: devolver o centro ao pedestre. A segunda conquista é referente às diretrizes de escoamento e de mobilidade. Exemplo prático é o controle e uma interligação do tempo dos semáforos.

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