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A empreendedora que adicionou mais sabores às receitas da nona

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Fotos:Gabriel Haesbaert (Diário) e Arquivo Pessoal/Tânia Cervo adiciona conhecimento em diversas áreas à gestão da agroindústria familiar, com sede em Faxinal do Soturno

Descendente de italianos, a ex-bancária Tânia Maria Cervo, 55 anos, está à frente da Agroindústria Cervo, empreendimento familiar de produtos coloniais com sede na localidade de Santos Anjos, interior de Faxinal do Soturno, na Quarta Colônia. Formada em Administração de Empresas, Tânia adiciona às receitas da nona o conhecimento adquirido no mercado como consultora e gestora de empresas e nos bancos acadêmicos para decifrar o paladar do consumidor e oferecer produtos que agradem. 

Diário - Como surgiu a Agroindústria Cervo e qual a receita para um empreendimento familiar dar certo?

Tânia Maria Cervo - A Agroindústria Cervo nasceu de uma longa tradição familiar iniciada com a vinda dos primeiros imigrantes italianos para a Quarta Colônia. As receitas mais saborosas servidas nos encontros familiares foram se destacando. Foi assim que surgiram o pão caseiro, a cuca colonial, bolachas e massas e, mais tarde, o risoto.

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Diário - Qual a receita para um empreendimento familiar dar certo?

Tânia - Acho que o principal é respeitar a si mesmo, nossas capacidades e conhecimentos. Respeitar o que já foi realizado mesmo que por outras pessoas e buscar a inovação e adequação tanto de produtos como de tecnologias e mercado.

Diário - Antes da agroindústria, que outras atividades a senhora desempenhou?

Tânia  - Fui bancária, no Banrisul. Atuei no movimento sindical, trabalhei como assistente de uma editora e em uma empresa de consultoria em psicologia, como consultora administrativa. Também atuei no gerenciamento direto de algumas empresas.

Diário - A senhora chegou a cursar Psicologia. O conhecimento na área auxilia a conhecer os consumidores?

Tânia - Sim, com certeza. Fiz boa parte do curso de Psicologia na Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, e no Instituto Brasileiro de Gestão de Negócios (IBGEN), em Porto Alegre, além de ter feito alguns cursos extracurriculares. Eu diria que é um conhecimento útil e diferenciado que me capacitou a um bom nível de observação e discernimento na identificação de oportunidades , problemas e soluções. Também tive oportunidade de fazer uma parte do curso de Ciências Contábeis e Econômicas, o que ajuda muito no desenvolvimento de uma visão mais ampla da economia, da política e da sociedade como um todo. Todos os conhecimentos são úteis.

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Diário - Que outros conhecimentos destaca os negócios da família?

Tânia - Assim que assumi a agroindústria, iniciei um longo percurso de capacitação, cursos específicos de panificação, boas práticas de fabricação, curso sobre farinhas e fermentações naturais. Atualmente, sou aluna do curso de Culinária Profissional do Senac de Santa Cruz do Sul. Sempre há muito o que pesquisar e conhecer, pois o setor de panificação é muito amplo, e, combinado com a culinária, se torna ainda maior.

Diário - Além dessa expertise de mercado, o que a receita da vovó significa nesta trajetória?

Tânia - Conhecer como funciona o mercado, as questões técnicas, a logística, é muito importante, eu diria fundamental. Se o teu produto não agrada ao paladar de quem compra, a equação não fecha. Num alimento é importante a segurança, confiar que quem produz sabe o que faz e segue as normativas legais, a apresentação como produto artesanal, mas principalmente o sabor que identifica produto e consumidor. Por isso, sou muito leal às receitas antigas, e sempre procuro pesquisar as combinações que elas trazem, como o agregar a cachaça na massa de diversas iguarias. Quando falamos de produtos coloniais, tocamos em memórias afetivas, geralmente prazerosas, e então temos o desafio e o compromisso de manter os vínculos com uma parte boa da cultura colonial e ao mesmo tempo propor novos sabores, novos temperos.

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Diário - O que mais gosta na região e o que falta para a Quarta Colônia se desenvolver turisticamente?

Tânia - Gosto muito de visitar as pequenas localidades, que, além de belíssimas paisagens, têm uma culinária excelente e pessoas com suas diferentes histórias. Acho muito bom os pequenos balneários e cachoeiras. São sempre renovadores. Quanto ao desenvolvimento como polo turístico, falta uma política facilitadora e que incentive novos empreendimentos, pois ainda é muito caro para pequenos empreendedores. Acredito que esse seja o caminho do Turismo na Região Central: pequenos empreendimentos de sucesso.

Diário - Que lugares da Quarta Colônia e de Faxinal considera mais bonito?

Tânia - Em Faxinal, destacam-se o Mirante do Cerro Comprido, a Ermida de São Pio de Pietralcina, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, além das igrejas do interior e suas festas com gastronomia típica local e, é claro, a Bela Novo Treviso. Na Quarta Colônia, como um todo, há muitos outros atrativos, como os Caminhos de Ivorá que incluem trilhas cachoeiras e morros, balneários e café colonial em Agudo, restaurantes e pousadas e balneários em Silveira Martins, balneário e cascatas em Nova Palma, a Usina de Itaúba com seus mirantes e camping, passeios de barco, Recanto Maestro e Balneário da Tunas em Restinga Seca, Vale Vêneto em São João do Polêsine. Há também alguns restaurantes e pousadas nos interiores de cada município.

Diário - A senhora já morou em Santa Maria. O que mais gosta na cidade?

Tânia - Morei em Santa Maria por duas vezes. A primeira, como estudante universitária, no período de 1982 a 1985, e depois, num período maior, de 1989 a 1995. Hoje, a cidade é muito importante para mim, particularmente por ser nosso melhor e mais exigente mercado, mas uma referência que não muda é a UFSM. Tenho muito orgulho por ter estudado e trabalhado lá como bolsista para ajudar a custear os estudos. Também destaco a gastronomia de Santa Maria, principalmente pela diversidade de bares e restaurantes. Esse conjunto de universidades, bares, teatro, cinema, comércio, rádios, TV, jornais que Santa Maria oferece é maravilhoso. Acho que, dada a diversidade cultural, Santa Maria atua como um polo incentivador de cultura e desenvolvimento regional. Na minha opinião, faz parte da Quarta Colônia.

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