Além da redução de 46% na média mortes em acidentes de trânsito em Santa Maria (caiu de 41 para 22 por ano), conforme o Diário havia noticiado recentemente, outra estatística de trânsito tem números positivos: caiu 34% o total de multas aplicadas na cidade. Tinham sido 103 mil infrações em 2022, e baixou para 68 mil em 2023.
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Em termos percentuais, a maior queda é nas autuações feitas por fiscais da prefeitura, que baixou 48%, indo de 29 mil, em 2022, para 15 mil, no ano passado. Foram 14 mil infrações a menos. Já em números absolutos, a maior queda foi das infrações registradas pelas lombadas eletrônicas e pardais da área urbana: foram 21,7 mil multas a menos em 2023, uma redução de 30%.
Questionei se a redução das multas teria relação com menos ações de fiscalização, mas o secretário de Mobilidade Urbana, Orion Ponsi, diz que não. Segundo ele, o número de agentes nas ruas seguiu o mesmo e que isso é reflexo da maior conscientização mesmo dos motoristas.
Ele conta que são feitos, de tempos em tempos, estudos da quantidade de irregularidades cometidas nas ruas, em que um fiscal faz a contagem de infrações sem aplicar multas. A partir desse dado e multiplicando pela quantidade de veículos, em 2019, a estimativa era de 30 mil infrações por dia em Santa Maria. Atualmente, a média está em 10 mil. Porém, só pequena parte delas é flagrada e vira multa:
– É uma chave que se virou na cidade. Essa queda demonstra uma grande adaptação dos condutores na mudança de hábitos, cometendo menos infrações. Circulam 45 milhões de veículos por ano na cidade. Isso dá um percentual de só 0,11% que são multados, um índice bem baixo.
Segundo Ponsi, essa redução de 34% nas multas já era algo esperado, por essa maior conscientização dos motoristas.
– Tínhamos o problema dos motoristas que não respeitavam a faixa de pedestres, mas a partir dos controlares, o número de multas caiu bastante, de 3,7 mil, em 2022, para 658, em 2023. Avançar o sinal vermelho também caiu 64%. A redução das infrações reflete em menos autuações (quando o fiscal flagra a irregularidade), em menos sinistros (acidentes) e menos mortes, como temos visto. Isso mostra que os condutores estão assimilando essas mudanças que foram feitas no trânsito da cidade – diz Ponsi.
As infrações na cidade
2022 | 2023 | Variação | |
Por fiscais | 29.263 | 15.119 | -48% |
Na Zona Azul | 3.269 | 3.815 | 16% |
Controladores eletrônicos | 71.438 | 49.647 | -30% |
Total | 103.970 | 68.581 | -34% |
Tipos de multas nos controladores eletrônicos
2022 | 2023 | Variação | |
Velocidade acima de 50% do limite | 1.047 | 878 | -16% |
Velocidade de 20% a 50% acima | 8.545 | 6.189 | -27% |
Velocidade até 20% acima | 51.915 | 39.709 | -23% |
Avançar sinal vermelho | 6.220 | 2.217 | -64% |
Parar sobre a faixa de pedestres | 3.721 | 658 | -82% |
Total | 71.438 | 49.647 | -34% |
Motivo de usar controlador eletrônico em vez de quebra-mola
Questionado por que a prefeitura não optou por colocar quebra-molas em vez de pardais e lombadas eletrônicas, que multam, Ponsi garantiu que o objetivo nunca foi arrecadar – apesar de boa parte dos motoristas não acreditar nisso.
Segundo ele, a cidade já tinha inúmeros quebra-molas e isso nunca fez o número de acidentes e mortes cair, como ocorreu após a instalação dos controladores, que teriam maior efetividade.
– Antes dos controladores, sempre existia o quebra-molas, e por que não tinha efetividade? Por que depois dos controladores, houve redução dos acidentes e das mortes? Porque o controlador atingiu a população e criou uma memória nos condutores e construiu uma conduta diferente deles. Ele não reduz a velocidade só naquele ponto. O motorista fica com temor de receber uma multa que vai impactar no bolso ou até na CNH, que usa para trabalhar. Não é só naquele ponto. É diferente de só frear no quebra-molas, em que ele passa e esquece – avalia Ponsi.
O secretário diz que, depois do boom de autuações dos controladores, já previa que houvesse uma queda, como vem ocorrendo.
– A redução só não é maior porque Santa Maria é um polo regional e ainda recebe muita gente de fora, de cidades menores, que não estão acostumados com esses controladores – diz.
Por fim, ele defendeu:
– O maior ganho para o município não é o valor das multas, mas quanto mais acidentes, mais são lotados os hospitais e mais se gasta com saúde. O maior ganho da redução de acidentes está na economia com saúde. Além da questão psicoafetiva familiar (com menos pessoas acidentadas), há também ganho de renda para as famílias e para o município. Isso tudo é muito maior do que o valor das multas – afirmou.
Ações contra quem não respeita o sinal vermelho
Como a causa de 323 acidentes com feridos em Santa Maria, em 2023 (49% do total), foi por conta de motoristas que avançaram o sinal vermelho ou as placas de Pare, duas das ações que a Secretaria de Mobilidade Urbana vai fazer, em 2024, serão para combater isso.
Segundo Ponsi, o setor de engenharia passará a colocar tachões para impedir que motoristas troquem de faixa perto dos cruzamentos. Isso porque, segundo ele, alguns condutores que estão atrás de outro veículo acabam ultrapassando perto dos cruzamentos e passando no fim do sinal amarelo ou mesmo no semáforo no vermelho. Com isso, muitos acabam provocando acidentes.
Outra ação será reforçar a sinalização em cruzamentos onde não há semáforos. Em locais onde já há placas e pinturas de Pare, será feito também um estreitamento da pista com pinturas nas laterais. É uma forma de indicar aos motoristas que é preciso ter mais atenção e reduzir a velocidade no local.
A ideia é, ainda este ano, comprar novas sinaleiras de veículos e para pedestres, além de sistemas com sensores, que iluminam a faixa de pedestres quando uma pessoa se aproxima.
Sinalização na pista
O fato de a prefeitura ter passado a usar pintura a quente, que dura de 3 a 5 anos, em vez da a frio, que resiste só 6 meses a 1 ano, também ajuda a deixar a cidade mais segura, diz Ponsi. Evita acidentes por falta de sinalização e faz os condutores terem maior sensação da velocidade ao passarem pelas listras no asfalto.
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