Deni Zolin

Moradores fazem vaquinha para ajudar venezuelanos que iam a pé e de carona de Santa Maria até Mato Grosso

Moradores fazem vaquinha para ajudar venezuelanos que iam a pé e de carona de Santa Maria até Mato Grosso

Foto Oziel Cristo, arquivo pessoal

Em suas viagens diárias entre Itaara e Santa Maria, na semana passada, o motorista Oziel de Cristo estranhou ao ver um casal e um menino de 9 anos subindo a serra, pela BR-158, a pé. Na terceira vez que os avistou, já era noite e o garoto estava no colo. Resolveu parar para entender o que estava ocorrendo e oferecer ajuda. Para surpresa, era um casal de venezuelanos, que saiu de Montevidéu, no Uruguai, e estava indo de carona e a pé até o Mato Grosso, para reencontrar o resto da família.

– O menino de 9 anos estava no colo porque ficou com muito medo de cobras na beira da estrada. Estavam só de chinelos e com as roupas do corpo. Queriam achar um posto de combustíveis para dormir, mas o mais perto ficava a 10 km dali. Ofereci para dormirem na minha casa – conta Cristo.


Cerca de 500 imigrantes vivem em Santa Maria; em 2024, município criou comitê para acolher a população

Foi então que o cidadão, que leva nome de Jesus, resolveu mobilizar os moradores de Itaara e fazer uma vaquinha para comprar passagens de ônibus para a família venezuelana ir de Santa Maria até Cuiabá (MT). Em poucos dias, mais de R$ 2,5 mil foram arrecadados para as passagens e alguma ajuda, mas o casal está preocupado se terá dinheiro para se manter nos três dias de viagem.

Renzon Antonio Ochoa Pena, 41 anos, é paramédico que trabalha em ambulâncias, enquanto a mulher, Wilmari Castro, é cozinheira. Há quase um ano, eles e o filho de 9 anos deixaram Maracai, na Venezuela porque estavam passando fome.

– Trabalhava como paramédico e, no serviço público, ganhava 5 dólares por mês. No setor privado, o salário é 10 dólares. Nem sei quantos reais dá isso, mas não dá para comprar nada. A gente passava fome.

 
Ele conta que a família deixou três filhas na Venezuela e entrou a pé, em Roraima. Recebeu ajuda e viajou até Campo Grande, onde fizeram a documentação nova, no Brasil. Lá, souberam de uma proposta de emprego em Montevidéu, e foram tentar a sorte. Ao chegar no Uruguai, descobriram que os contratantes queriam que eles vendessem drogas. Pena conta que conseguiram escapar de lá e vieram de carona e a pé, até Livramento. Depois, conseguiram carona até São Pedro do Sul e o trevo do Castelinho, onde seguiram a pé até receberem ajuda de Oziel Cristo.

– Quando entrei de volta no Brasil, senti que estava seguro. Aqui no Brasil é super melhor do que na Venezuela, pois aqui pelo menos a gente pode comer. Lá, a gente trabalhava e não conseguia comprar comida. A gente trabalha aqui no Brasil para mandar dinheiro para a família na Venezuela, mas agora estamos passando por uma situação muito difícil – disse ele, que divulgou seu PIX para quem quiser ajudar a família na viagem até o Mato Grosso (a chave PIX CELULAR de Renzon Antônio Ochoa Pena é 67981440641).

 
Nesta segunda (25) à tarde, os três estavam na casa de Cristo, em Itaara, preparando-se para embarcar nesta terça (26), às 8h30min na Estação Rodoviária de Santa Maria. Pena espera reencontrar a tia e um primo, que estão morando e trabalhando em Cuiabá, mas também enfrentam dificuldades, como outros imigrantes.

 
– Não tenho palavras para agradecer, especialmente ao povo de Itaara, do Rio Grande do Sul e do Brasil. Espero que vocês, no Brasil, não precisem nunca enfrentar o que nós, venezuelanos, estamos passando. Torço para que, nas eleições de julho, na Venezuela, algo comece a mudar – afirmou Pena.

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