O ex-governador Tarso Genro (PT) deu uma declaração sensata quando falou, em entrevista recente, sobre a forma com o PT lida com questões como a reforma trabalhista. Ele citou como exemplo que não adianta o partido pregar o fim da reforma trabalhista e a volta integral da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), pois os tempos são outros. Vou reproduzir aqui um trecho da entrevista de Tarso ao UOL:
"Não adianta, por exemplo, o PT prometer se renovar e pregar a restauração da CLT. Os processos de trabalho foram fragmentados e hoje temos autônomos, horistas, PJs, precários, intermitentes... Trata-se, neste caso, de organizar um outro sistema público protetivo que envolva estes excluídos das legislações trabalhistas, que irão aumentar. Acho que o partido não acompanhou estas mudanças. E, a esta nova organização do trabalho, soma-se a tensão social resultante de questões de gênero, cultura, preconceito racial e condição sexual. Precisamos absorver as suas demandas e oferecer propostas concretas."
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Na entrevista, ele segue citando o caso do Chile: "Vou exemplificar usando a declaração de um amigo dirigente do Partido Socialista chileno sobre como eles foram atropelados pelas manifestações que assolaram aquele país. 'Fomos pegos de surpresa, não sabemos o que ocorreu'. Estamos fora. Queremos ficar dentro. Isto é o que está acontecendo conosco também. Mas não é só o PT que está fora. São mudanças que atingiram o mundo todo e levam toda esquerda a dificuldades. Estamos falando em vão, com formas discursivas que amplos setores da sociedade não prestam mais atenção."
Realmente, é preciso se dar conta de que estamos no século 21 e que as mudanças já são grandes nas relações de trabalho - e serão muito maiores daqui para a frente. Adequar-se a essas mudanças é necessário e não adianta mesmo ficar brigando com a realidade. Mas isso não impede que se busquem alguns mecanismos para tentar contrabalançar e dar alguma proteção aos trabalhadores, como sugere Tarso.