Deni Zolin

Diretor da OMS cogita fim da pandemia. Tomara! Mas será mesmo?

O chefe do escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, Hans Kluge, disse que a variante Ômicron do coronavírus poderá acelerar o fim da pandemia. Segundo ele, a cepa poderá infectar 60% dos europeus antes de março e que "é plausível que a região esteja se aproximando do fim da pandemia".

- Assim que a onda Ômicron diminuir, haverá uma imunidade global por algumas semanas e meses, seja por causa da vacina ou porque as pessoas terão sido imunizadas pela infecção, e também uma queda por causa da sazonalidade.

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Ele declarou também que a expectativa na Europa é de "um período de calma antes do possível retorno da Covid no final do ano, mas não necessariamente o retorno da pandemia". Já o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse ontem ser "perigoso" afirmar que a pandemia vai terminar neste ano e que a Ômicron será a última variante. Apesar disso, ele disse que é possível passar da fase aguda e crítica ainda em 2022.

E aqui, será que isso vai se repetir? A coluna procurou quatro especialistas de Santa Maria e três deles já responderam. Confira abaixo as avaliações:

O QUE DIZEM OS INFECTOLOGISTAS

"Entendemos que essa variante é altamente infectante, mas com quadros menos agressivos. Aparentemente, temos poucas internações, apesar do grande número de casos, porque, pelo que observamos no momento, estamos com um número de casos diagnosticados por dia maior do que na época do pico da pandemia. Se esta variante determinasse quadros mais severos, estaríamos assolados de pacientes internados e em terapia intensiva. Mas eu creio que a população abriu extremamente a guarda, e pela contagiosidade desta variante, ela se disseminou da ordem de 1 para 20 (infectados) ou mais. Quanto a isso representar o fim da pandemia, eu não tenho indícios de que isso poderá vir a acontecer. Eu acredito que iremos assim até o final de março porque ainda teremos o rescaldo do mês de fevereiro e o Carnaval, uma vez que as pessoas continuam se juntando e elas não estão respeitando as normas de distanciamento social e o uso de máscara. Uma das coisas que observamos é que, infelizmente, as pessoas que estão vindo do Litoral estão vindo todas positivas e insistem em visitar seus familiares que estão na cidade. Com isso, eles mantêm a disseminação abundante do vírus. Nós não estamos conseguindo frear a transmissão do vírus em virtude da falta do comportamento adequado. Quanto à possibilidade de essa variante induzir imunidade, para mim faltam subsídios para afirmar qualquer coisa. Acho que estamos longe de a pandemia se resolver. Isso vai, pelo menos, até o final do mês de março."

Jane Costa, médica infectologista


"Não há uma evidência, uma certeza completa de informação a respeito desse período pós-Ômicron ou pós-ondas do Hemisfério Norte e nós aqui, no Brasil, se essa onda epidêmica seria a última. Mas nos permite muito pensar isso a partir de algumas bases da virologia, do comportamento virológico, e também desta onda epidêmica muito peculiar de enorme taxa de transmissão. O que chama a atenção é que a gente produz aqui mais completamente a ideia de imunidade de rebanho, dado que é um vírus que transmite muito e cada vez mais a gente está vendo no nosso próprio meio, um brutal número de pessoas contaminadas. E que bom que na grande maioria não há o agravamento, mas um enorme número de pessoas contaminadas, então pressupõe que durante um bom tempo terão imunidade, associado à primeira vez na epidemia com um número cada vez maior de imunizados pela vacina. Agora, a gente brinca que tem de combinar com os russos, porque tem muito país com taxa muito baixa de imunização, tem continentes praticamente não vacinados, como a África, e isso permite que o vírus circule. Muito imunodeprimido, uma população que é cada vez maior em grandes centros, em grandes cidades, com acompanhamento de doenças crônicas, que não tem uma cobertura completa. Isso permite que o vírus continue circulando e de novas variantes. O fim da pandemia vai depender muito do não surgimento de uma nova variante, o impacto vai depender do escape ou não da resposta imune. Mas eu sou otimista, sou um dos que defendem muito essa tese de que nós vamos viver um novo momento epidêmico, apesar da possibilidade teórica de novas variantes. Acho que vamos acompanhar, de forma sazonal, com vacinas, as pessoas de maior risco, e portanto, entrar na fase de endemia, de sazonalidade (doença sazonal)."

Alexandre Schwarbold, médico infectologista


"Obviamente, são todas questões conceituais e teóricas. Mas o que de fato acontece na prática é que não temos pacientes internando por Covid. Por mais que às vezes existam manchetes do jornal e de outras mídias de "tem tantos internados com Covid", mas a gente não tem tido internações por Covid. A Covid não tem levado pessoas para o hospital. Obviamente, algumas pessoas acabam contraindo a Covid no hospital. Mas de fato a imunidade de rebanho - esse conceito, não gosto muito - parece estar presente há um bom tempo. Eu não vejo casos complicados há muito tempo. Para mim, a pandemia acabou há bastante tempo. Infelizmente, na cabeça das pessoas, uma grande parcela da população vive às custas de uma Covid de janeiro e fevereiro do ano passado, a qual era uma variante extremamente grave. Atualmente, não é mais. Nessa mesma linha, por estarmos fora de pandemia, eu não vejo necessidade da obrigatoriedade do uso de máscaras, até porque a gente já tem vasta população vacinada e não existe complicação pela variante atual. Quem quiser, que use."

Fábio Lopes Pedro, médico infectologista

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