Uma enfermeira de Santa Maria, mas que trabalha na Serra Gaúcha, fez um relato duro e emocionante sobre a situação na UTI do hospital onde atua, que está lotada. A história teve repercussão nacional. A profissional relatou que a pressão psicológica é muito grande e que não sabe como, até agora, não precisou tomar remédio antidepressivo para suportar a realidade de tratar de tantos pacientes com Covid-19 e de ver boa parte deles morrer - segundo o governo gaúcho, cerca de 60% dos pacientes que vão para UTI por causa da Covid acaba morrendo. Ela conta que muitos colegas já precisaram se afastar do trabalho por causa do estresse extremo.
Em entrevista à BBC, ela comentou que um dos casos que mais a impactou foi de um paciente que não suportava mais tanto sofrimento.
- Ele estava consciente e implorando para ser intubado, porque não aguentava mais a dificuldade para respirar. Me chocou muito esse paciente implorar para respirar sem saber se sairia do respirador, sem saber se voltaria à consciência, se sobreviveria - contou ao site de notícias.
Depois da bandeira preta, nem todos os restaurantes operam conforme as regras
Outro drama frequente é como avisar os pacientes do que está ocorrendo e do que precisa ser feito.
- A gente não pode dizer para o paciente que ele vai melhorar, que isso vai passar, porque em alguns casos não é verdade. Falei que ele ia receber uma medicação que ia amenizar a dor e que as coisas iriam se organizar da melhor forma para ele, naquele momento - disse a enfermeira, contando que, depois, o paciente, de 36 anos, acabou morrendo.
Ela faz ainda um alerta, de que mais jovens estão ficando em estado grave:
- Tentamos fazer tudo de maneira humana, sensível, dar conforto. Mas a gente está observando um número muito grande de pacientes jovens com Covid grave. É duro. Às vezes, eu estou indo para casa e dou aquela engasgada.
Viver tudo isso e, depois, ver pessoas em festas e se aglomerando nas ruas e nas praias deixa a enfermeira revoltada. E com razão.
Por isso, fica um apelo: nesse momento grave da pandemia, pense em si, seus parentes e amigos, e nas demais pessoas, e só saia de casa se for realmente preciso. Para evitarmos o pior.