Foto: Divulgação
Ninguém escondeu. Ao contrário, ficou claro como a luz do dia típico de primavera em que se deu o anúncio. O objetivo do novo acordo diretivo para o derradeiro ano da atual Legislatura comunal, era escantear a Esquerda, até aqui unida ao PSDB, ao Republicanos e ao União Brasil (o “raiz”, de Manoel Badke, não o atual, de Marcelo Bisogno e José Farret).
A foto que ilustra esta nota, feita logo após o regabofe que chancelou o contrato político acertado, mostra sorrindo a quase totalidade dos edis que dele são parte. O objetivo foi alcançado, fruto de muita conversa prévia (ninguém acredita em acertos de inopino) e haverá um novo comando no parlamento.
Mas... sim, há um porém. Ou alguns poréns, sobre os quais talvez os edis não tenham se debruçado. E esta coluna tem a pretensão de alinhar. Nem são todos, mas quem sabe os mais significativos e que precisam ser colocados, para que depois não se diga ninguém ter falado a respeito. Então...
1) A “Esquerda”, na verdade, a ser atingida são o PT e o PC do B. De inhapa, por possível união, mesmo que no segundo turno eleitoral, PDT e PSB entraram na dança. Curiosamente, do ponto de vista prático, petistas são os que menos perdem. Sim, se têm algum CC é nada significativo e facilmente “recolocável”. Ao contrário, tirando a tristeza de ser ver derrotado sem se dar conta, nada mais há a chorar.
2) O candidato a presidente é o mesmo do grupo atual, Manoel Badke, o que pode ter facilitado o pacto político (mais que administrativo, dado o caráter ideológico que foi dado ao fato), mas pode trazer outras consequências, se ele virar (como é possível) o vice do futuro tucano Rodrigo Decimo à prefeitura.
3) Dos 14 edis que estão no grupo, há um candidato a prefeito certo e um que não pode ser descartado. Respectivamente, Tony Oliveira (Podemos) e João Ricardo Vargas (PP). Em comum eles têm duas coisas: gastura com o petismo e rivalidade eleitoral com o PSDB, que também faz parte do grupo. Mas, nas urnas, serão adversários. E campanha, como se sabe, não é lugar de jogar flores (embora talvez fosse desejável).
4) Além do governista PSDB e possíveis aliados como Republicanos e seus dois edis, eventualmente João Ricardo Vargas e certamente Tony Oliveira, o MDB também terá seu candidato a prefeito. E todos são adversários entre si nas urnas de outubro e aliados na condução da Câmara.
Resumo da ópera, e para não cansar demais com incongruências óbvias. É um “saco de gatos” composto para antecipar a campanha eleitoral e tentar derrotar o rival comum a todos, Valdeci Oliveira.
Vai dar certo? Pode dar. Talvez dê. Mas colocar as barbas de molho (quem as têm) seria um atestado de prudência. No mínimo.