Zonas azuis

Quando ouvimos falar em longevidade, principalmente de um tempo para cá – e este ano, em que foi lançada na Netflix uma série chamada “Como viver até os 100 anos – os segredos das Zonas Azuis”, a alusão às Blue Zones tem sido cada vez mais frequente. Você já ouviu falar das Zonas Azuis?

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O jornalista Dan Buettner publicou, na revista National Geographic, em novembro de 2005, em uma reportagem chamada “Os segredos de uma longa vida”, que relata os resultados de suas pesquisas em 5 regiões do planeta, onde as pessoas atingiam extremos etários, com um percentual incomum de nonagenários e centenários, que apresentavam boas condições gerais de saúde, eram independentes e com preservação de suas capacidades cognitivas e eventualmente mantinham uma vida laboral ainda ativa, mesmo depois dos 100 anos.

Zonas Azuis
O nome Zonas Azuis vem de um prosaico método de identificação dos locais conhecidos por sua longevidade. Os demógrafos Gianni Pes and Michel Poulain , que estudaram a região da Barbagia, na Sardenha, circulavam no mapa os vilarejos e regiões onde identificavam um grande número de longevos com círculos usando uma caneta azul – e daí vem o nome Blue Zones.

Superidosos
As cinco Zonas Azuis descritas foram a ilha de Okinawa, no sul do Japão, a região de Barbagia, na ilha de Sardenha , no Mediterrâneo, a cidade de Loma Linda, na Califórnia, a península de Nicoya, na Costa Rica e a ilha de Ikaria, na Grécia, que hoje tem esta fama de abrigarem as populações mais longevas do mundo. 

Em conversa recente com a jornalista Lilian Liang, editora da Revista Aptare, voltada às questões de envelhecimento e longevidade, que desenvolveu o projeto “Expedição Longevidade” e recentemente visitou a cada uma das Zonas Azuis (o jornal O Estado de São Paulo publicou uma série de 3 reportagens onde ela relata esta experiência), ela salienta que não são estes locais por inteiro que tem um número grande de “superidosos”, mas vilarejos espalhados por estes lugares. Tem sido descritos outros locais no mundo onde parece que a população tende a viver mais, como o vale de Hunza no Paquistão e o povo indígena tsimane, que vive na amazônia boliviana.

Segredos vida longeva
Um fato interessante é que, à excessão de Loma Linda, nos EUA, todas as outras regiões são pobres, e as pessoas precisam trabalhar para prover suas necessidades básicas até muito tarde em suas vidas – mas isso não é um problema para elas: é um motivo de orgulho! É provável inclusive que este seja um dos segredos da vida longeva: manter uma vida ativa. Cada Zona Azul tem suas características, mas algumas coisas parecem ser comuns a todas elas. 

A alimentação é rica em vegetais e o consumo de carnes é bastante modesto, eles tem uma vida comunitária intensa, o cultivo da espiritualidade é muito presente, seja por práticas religiosas organizadas ou por formas de nutrir as questões espirituais por manifestações culturais. A vida em família é sacralizada e um propósito de vida é essencial: em Okinawa eles chamam de Ikigay e em Nicoya de Plan de Vida.

Referências no Brasil
No Rio Grande do Sul temos uma cidade conhecida pela longevidade de seus habitantes e que vem sendo estudada há décadas pelo Dr. Emílio Moriguchi, professor de Geriatria da Faculdade de Medicina da UFRGS – é Veranópolis, na serra gaúcha. Curiosamente, na Amazônia, a região do município de Maués divide esta mesma característica.Certamente temos muito a aprender conhecendo o modo de vida das pessoas que habitam estes lugares do mundo. 

É importante termos em conta que a maior parte deles são longínquos e isolados, pouco expostos ainda por inúmeros aspectos da vida contemporânea. É uma questão para refletirmos se a globalização, com a chegada da internet e do modo de vida moderno permitirá que tais regiões mantenham aquela característica que as fez conhecidas: uma vida longa, produtiva, independente e, aparentemente, mais feliz.