As plataformas de apostas, ou “bets”, estão em alta no Brasil, mas seu impacto na saúde mental preocupa. A dependência de jogos de apostas, chamada Transtorno do Jogo, pode levar a sérios problemas. No paciente, pode-se observar a incapacidade de controlar o comportamento de apostas, o aumento do tempo e do dinheiro gastos, mentiras frequentes para encobrir o envolvimento com jogos, e prejuízos significativos na vida pessoal e profissional.
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Em 2023, os brasileiros gastaram cerca de R$54 bilhões em apostas online. Estima-se que 15% da população já fez apostas online, sendo 3 a cada 10 dessas pessoas com idade entre 16 e 24 anos.
A regulamentação das bets, prevista para 2025, implementará medidas de proteção como monitoramento e limites de apostas, mas especialistas consideram essas ações insuficientes. Assim como na prevenção do tabagismo, é crucial que as propagandas sejam discretas, sem celebridades promovendo as bets, e que haja regulação sobre onde e quando apostar.
Sugere-se também restringir horários de funcionamento das plataformas, embora a eficácia dessas medidas na prevenção do vício ainda precise ser comprovada, especialmente frente ao aumento do Transtorno do Jogo.
O Setembro Amarelo tem funcionado?
O Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio no Brasil, foi iniciado em 2014 com o objetivo de conscientizar e reduzir as taxas de suicídio. Contudo, um estudo recente que publicamos sugere que a campanha pode não estar alcançando seus objetivos.
Analisando dados do DATA-SUS de 2000 a 2019, observamos um aumento contínuo nas taxas de suicídio, com uma aceleração notável após o início da campanha, especialmente nos meses subsequentes a setembro (clique aqui).
Os dados revelam que, em vez de reduzir, houve um aumento de 57% no número de suicídios por 100.000 habitantes nesse período. Embora o estudo não possa atribuir causalidade direta, os resultados indicam a necessidade de reavaliar a eficácia da campanha e desenvolver medidas mais eficazes para enfrentar essa crescente crise de saúde pública.
A mensagem pode precisar ser mais focalizada, e o sistema de saúde mental deve ser mais abrangente na prevenção deste desfecho. Vale lembrar: se você precisa de ajuda, procure um profissional de saúde mental ou entre em contato com o CVV, por chat (neste link) ou telefone (188).
Curiosidades da mente: viés de pertencimento de grupo
O viés de pertencimento de grupo é um fenômeno psicológico onde as pessoas tendem a favorecer e alinhar-se com o grupo ao qual pertencem, mesmo que isso signifique ignorar informações objetivas. Esse viés pode distorcer a realidade, influenciando o julgamento e a tomada de decisões mais pela lealdade ao grupo do que pela racionalidade. Na prática, isso se manifesta em áreas diversas, da política às redes sociais. Indivíduos podem aderir a crenças e comportamentos do grupo sem perceber.
Esse viés pode intensificar a polarização, dificultando o diálogo entre diferentes grupos e aumentando a resistência à mudança de opiniões. Reconhecer esse viés é essencial para promover o pensamento crítico e uma comunicação mais aberta entre pessoas de diferentes perspectivas.