tecnologia e educação

Qual é a melhor escola?


Fui desafiada pela nossa editora a falar sobre as características da melhor escola para os nossos filhos quando o assunto é tecnologia. O mundo corporativo, afinal, tem apontado, fortemente, que a fluência tecnológica não é sequer requisito, é preceito vital; determinante natural, eu diria. Aquela habilidade técnica que talvez nem constará no currículo, mas que os recrutadores vão entender que nossos filhos obviamente tem. 

Missão difícil, portanto. Especialmente para quem acredita que não bastará a habilidade técnica. Estou preocupada com as competências subjetivas, aquelas que são bem mais difíceis de avaliar. Penso, como mãe, que nossa preocupação central deva ser, quando o assunto é esse, conferir subsídios para o saber fazer. Àquele mundo, em muitos casos e cada vez mais, não importará o ter e, sim, a atitude frente ao que se tem. E não só atitude! Comunicação, resolução de conflitos, pensamento crítico, tomada de decisão, empatia, motivação, capacidade de relacionar-se e, acreditem, viver bem junto às diversas e potencias redes de relacionamento, nos mais distintos contextos de interação, do físico ao virtual.

Isso também terá haver com proatividade e positividade. A pergunta aqui talvez seja: o que isso e tanto têm haver com tecnologia? Eu acho que tudo, direta ou indiretamente. Explico: a escola do futuro - e pelo bem dos nossos pequenos temos de pensar sobre no presente - será (ou pelo menos devia e deverá ser) ativa. Precisamos entender - e questionar antes da matrícula - o quanto não é só interessante, mas fundamental, participar e ser parte central de sua própria aprendizagem. Nossos filhos precisam estar vinculados a projetos e debates, por exemplo.

A escola do futuro terá currículo flexível. O Enem já nos prenunciou isso há muito. Uma forma de refletir se pequenos estão imersos nesse mundo é tentar perceber, também por exemplo, se a rotina produtiva deles aparenta preocupação frente os direitos humanos, sustentabilidade, questões de gênero e da própria tecnologia.

A escola do futuro, creio, e urgentemente a do presente, precisa estar orientada à saúde física e psicológica. Precisamos estar e nos sentirmos bem para trabalhar, não é mesmo? Nossos filhos precisam disso prioritariamente. O período escolar é inesquecível, decisivo eu penso, nem como profissional, mas como mãe. A escola tem de ser inclusiva. Eu não sei vocês, mas eu quero ver isso. O princípio fundamental da inclusão está baseado em um direito de todo ser humano: o acesso à educação.

Foto: Blog Sae Digital

A escola do presente ou a almejada precisa estar aberta a adaptação de espaços. Estamos vivenciando a colaboração não como moda, mas como demanda para o mundo sair do buraco e de toda essa maldade que nos cerca. Precisamos compreender que a ambiência à colaboratividade estimula o trabalho em equipe, a liderança, entre outros aspectos. Mas precisamos, essencialmente, entender que o mundo clama por seres humanos mais humanos de verdade.

E mais: as vezes precisamos desconstruir para construir algo novo. Não estou falando de bagunça. Estou falando de desafio à sabedoria convencional. De não necessariamente classes e cadeiras enfileiradas. Círculos, rodas de conversas, trabalhos em grupo. Carecemos, na era da informação e das múltiplas telas correlacioná-las com o olho no olho.

Foto: Trivium Blog

Precisamos sentir que nossos filhos usufruem o pátio não só para correr, mas pelo sentimento de pertença, de parte do meio, pelo convívio e pela interação, por exemplo.

E, por fim, ainda que não só o que disse, o uso da tecnologia tem de ser, de fato, presente. Mas, experiencial. "Não se pode transmitir experiência. É preciso passar por ela." A citação é a Albert Camus e representa a ideia das metodologias imersivas. Em linhas gerais, o estudante precisa ser parte de uma situação real. Estou falando, sei lá, de propiciar a potencialização do raciocínio lógico programando. Quando nem tão pequenos que o celular não seja inimigo da sala de aula, mas aliado. Que o debate da sala seja estendido em ambientes virtuais de ensino e aprendizagem e muito mais.

Meu filho participou recentemente de uma atividade relacionada ao cinema na escola. Os dias a seguir foram recheados de poemas, entendimento de rimas mas, sobretudo, valor aos sentimentos, a partir do filme Divertida Mente.

Eu poderia discorrer linhas a fio sobre o que penso, sobre aquilo que nem sempre acreditem mas que pessoas e profissionais com experiência me mostraram e, inclusive, com ferramentas diversas, me ensinaram e, hoje, na minha função atual, permitem que eu o faça, mas sempre trocando experiências.

Ocorre que, nessa conjugação de mãe e profissional das tecnologias educacionais em rede que sou, preciso, sobretudo, destacar que simplesmente usar ferramentas tecnológicas na escola, como fim em si mesmas, não é o objetivo.

Acho, sincera e honestamente, que devemos desconfiar daquela ida ao laboratório de informática em que o filho não tem nada para contar em casa depois. A visita precisa estar conectada a um contexto. Confiemos, penso, em escolas que estão preocupadas, primeiro, com quais aparelhos, programas e aplicativos usar e com a familiaridade discente.

Quando falam na era da informação e que a inteligência artificial consumirá profissões, a tendência é pressa. Mas a velha máxima de que ela é inimiga da perfeição continua válida. Não basta ter, sei lá, um data show ou uma lousa digital em sala se não houver um contexto ou panorama para diálogo, conexões, links e posicionamento crítico aos quais o recurso didático favoreceu.

E se puder falar em passos para escolha da escola, os básicos abaixo, penso, como mãe, enfatizo, revelam todos demais do caminho:

  1. Segurança;
  2. Coerência entre discurso e prática;
  3. Projeto pedagógico;
  4. Formação dos professores e investimento na qualificação dos mesmos;
  5. Acolhimento da equipe como um todo;
  6. Espaços e recursos ou instrumentos, como livros, brinquedos etc.

Eu quero dizer com esses pontos que nossos filhos precisam estar sorrindo quando vão, quando estão e quando retornam para casa. Isso provém da proteção. Precisamos sentir segurança na estrutura e equipe. Não valem somente posts no Facebook ou Instagram e quadros na parede enaltecendo missão ou discursos de moral e ética nos eventos. "Isso significa, na prática, olhar para as relações que acontecem na escola (entre pessoas, sobretudo, e também, espaços, materiais) e como elas se constituem.

Podemos e devemos questionar a formação continuada. A escola deve valorizar quem reverbera seu projeto pedagógico.

Precisamos - e merecemos - ser acolhidos enquanto família. E, claro, os âmbitos extra sala também devem alavancar sorrisos.

Nessa semana, conferi o caderno do meu filho, recheado de possibilidades, conexões e lições que ele trouxe para casa, notadamente enquanto aprendizados significativos. Eu vi a utilização de vídeo conectado à reflexão de conduta. Eu vi esse contexto relacionado a uma tarefa que fomentou a sensibilidade. Isso é interconexão. Tecnologia é meio. Não fim. Lembrem disso, na minha humilde opinião. E não esqueçam, ainda, que escola é lugar para ser feliz.

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