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Empreendedorismo de palco e de rede social: nem tudo que reluz é ouro


Acho que por aqui nunca abordei pontos negativos afetos à internet. Nos meus estudos e prática profissional eu tenho sido até insistente ao destacar que, ao meu ver, escutamos, falamos, vemos e sentimos, não como outrora, mas sobretudo devido a estarmos todos conectados o tempo todo. Seguimos, curtimos e compartilhamos - adoramos e refutamos também - causas, pessoas, ideias e muitos mais, afinal.

Internet pelo amor: Menos personas que aparecem, mais pessoas que fazem e ensinam a fazer

Eu já disse aqui, na minha dissertação na época do mestrado, para alunos ou clientes que não são mais só as notícias na seara da Tecnologia da Informação e da Comunicação - e também não são mais, há muito, somente os profissionais dessas áreas - que apontam o crescimento e o impacto constantes das redes sociais virtuais. Ou melhor, a revolução delas, oriunda de um enorme emaranhado que pulsa em torno da magnitude da internet, da navegabilidade, interatividade, usabilidade, funcionalidades e muito, mas muito mais, que ela propicia. 

Fato é que parte das pautas veiculadas nas próprias redes sociais virtuais e mídia tradicional legitimam a ideia de que sim, no mundo globalizado, a internet e, por conseguinte, suas faces, produtos e serviços relacionados assumiram um papel preponderante na vida e convivência dos cidadãos. E mais: para e nas organizações de todos os nichos. E, claro, para e sobre pessoas, agora protagonistas.

E, nesse contexto todo, eu - e você, também possivelmente, questiono várias coisas. No meu caso, confesso, tem assuntos que ficam martelando na minha cabeça: o papel desses softwares de redes sociais com elevada audiência, e dos próprios dispositivos, seja no e pelo contexto político, social e econômico, como também a sua utilidade no âmbito educacional, no corporativo, seu significado, pontos fortes, fracos e por aí vai.


Foto: Divulgação

Mas eu acho mesmo é que, de tudo e tanto, uma coisa chamada escassez múltipla do tempo, potencializa essa inquietação e até a busca, nesses ambientes, de pessoas como referências. Essa coisa toda de estarmos online, as talvez não erradas concepções que apontam que oportuna ou perigosamente, (des)humanizamos relações me levam a crer que não propriamente na aldeia global que McLuhan (1969) esperava, mas onde a internet é indicador, senão fator vital, para a mudança nas formas de relações, acadêmicas ou comerciais, a web que Castells (2003) disse ter, justamente, transformado o modo como as pessoas se comunicam, revelou uma nova dinâmica.

E daquilo que é fantástico de tudo e tanto como as plataformas de colaboração, o nascimento de novos negócios e muito, mas muito mais, uma coisa - infelizmente - me irrita ou indigna, para ser sincera: a linha entre o conhecimento credível e o superficial é muito tênue.

E eu acho que esse espaço, o que fica bem entre o revolucionário e o aproveitador, deu lugar para uma questão até já debatida mas que, me parece, ainda é tema emergente e urgente: o empreendedorismo de palco. E, agora, como não poderia deixar de ser, sua extensão nas redes.

Numa sociedade em que carecemos muito mais de mentorados, já que desenvolvimento é necessidade, não param de surgir mentores. Isso não deve estar certo. Eu me pergunto onde foi parar a nossa humildade. Por qual motivo tanta gente tem achado que pode somente ensinar e não mais aprender? Por qual motivo há tantos gurus na internet? A imensa maioria deles têm vídeos diversos, alguns nem sequer produzidos - ou produzidos a ponto de otimizar a imagem de quem é só leitor de orelha de livro e a timeline que já era poluída agora também é confusa, terra de muita gente que diz que sabe tudo.

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Só eu estou farta da prostituição dos tutoriais e infoprodutos, de maneira geral? Quantos vídeos, posts, só você viu hoje que trazia algo como os 10 segredos para isso, as 08 formas de atingir x resultado? E quantos dos que você segue, que tratam, em linhas gerais, de gestão de negócios, planejamento estratégico, startups, inovação e similares, tem, de fato, um negócio sustentável, um case? Desculpem, mas resultado e sucesso pessoal e profissional não são contabilizados - ou, pelo menos, não deveriam - em views.

Essa proliferação de consultores sem prática, vivência, experiência e transpiração, tem me feito lembrar de um ditado que aparecia nas agendas e diários do ensino médio, quando trocávamos pensamentos e reflexões: Aquele que não sabe e pensa que sabe, é tolo. Evite-o; Aquele que sabe e não sabe o que sabe, está adormecido. Desperte-o; Aquele que sabe e não admite o que sabe, é humilde. Guie-o e; Aquele que sabe e sabe o que sabe, é sábio. Siga-o.

Acho que andamos "seguindo" as pessoas erradas. Em tempo de tantos métodos e fórmulas que prometem resultados jamais dimensionados, estamos precisando alterar a reação. Antes de seguir, que tal pesquisar a trajetória daquele que você está pensando em até investir financeiramente para "degustar" o menu de possibilidades? Antes de curtir, que tal contestar - ou simplesmente questionar? De alguma experiência, afinal, tem de vir uma dita regra infalível para o sucesso.

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Eu não quero generalizar. Só quero sugerir que não invista sem referências. Os infoprodutos são ótimas alternativas. Teoricamente, provêm informações para educar, resolver um problema ou facilitar, de alguma forma, a sua vida com relação a algum assunto.

Eu não sou a primeira e nem serei a última a dizer que a tecnologia nos propiciou mais essa oportunidade e que o mercado digital tem disponibilizado esse espaço. Eu só acredito que como audiência e mentorados, precisamos exigir que esse espaço seja para quem tem - verdadeiramente - conteúdo para compartilhar com outras pessoas.

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