Os estragos causados pelo temporal que passou pelo Rio Grande do Sul na última quinta-feira (21) ainda são visíveis. Na localidade de Tupanci, no município de São Sepé, uma residência ficou completamente destruída. No local, moravam o casal de servidores aposentados Lucia Emília Reis Teixeira, 78 anos, e Osvaldo Rodrigues Teixeira, 85 anos, que encontra-se acamado.
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Um dos netos do casal, o bancário Felipe Teixeira, 33, que mora em Santa Catarina, concedeu entrevista ao Diário. Ele conta como recebeu a notícia:
– Eu estava saindo do meu trabalho, no horário de almoço, quando meu pai me ligou. Ele me disse para ficar calmo antes de contar o que aconteceu. Depois, ele falou que teve um temporal na madrugada de quinta-feira, que teria destruído a casa da vó e do vô. Eu fiquei em choque. Naquele momento, eu não consegui acreditar no tamanho do estrago. Eu cheguei em casa e fiz uma chamada de vídeo. Quando eles mostraram o lugar onde ficava a casa, as coisas quebradas e os meus avós chorando, foi quando caiu a ficha.
Após o ocorrido, o casal de idosos foi acolhido por familiares, que moram na área urbana de São Sepé. Durante uma conversa, surgiu a ideia de criar uma campanha para arrecadar recursos e garantir uma nova moradia para o casal. Na plataforma Vakinha, a meta estabelecida é de R$ 20 mil. Deste quantitativo, R$ 6.894,40 já foram doados. Segundo Teixeira, o valor deve ser utilizado para reformar uma estrutura já existente no terreno da família, na localidade de Tupanci, onde o casal mora há 4 anos.
– A expectativa é de que consigamos arrecadar o máximo que pudermos. Não é porque são meus avós, mas eles merecem. Trabalharam a vida inteira para ter o que tinham e eu acredito que quando a gente se aposenta é para descansar. Eles não mereciam chegar a essa idade e perder tudo. Eles merecem conforto e queremos proporcionar isso. Eu estou divulgando a campanha nas redes sociais. Todos os amigos e familiares também estão. Então, qualquer valor já ajuda – comenta.
A casa teria sido atingida por um tornado, segundo especialista
Após análises, especialistas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) concluíram que um tornado atingiu a localidade de Tupanci, em São Sepé, na última quinta-feira. Conforme o meteorologista, Murilo Lopes, um panorama da região foi feito pela instituição com o auxílio de diversos dados, entre eles, imagens de um satélite e da Defesa Civil.
– É um tornado um pouco diferente do que estamos acostumados e que estava inserido em uma linha de instabilidade, que foi responsável pelos vendavais em grande parte do Estado – comenta.
Segundo Lopes, este tipo de tornado é caracterizado por ser breve e percorrer distâncias curtas, provocando danos em uma faixa estreita. O fenômeno pode ser analisado com base na Escala Fujita, que mede a intensidade dos tornados com base nos danos causados.
– Considerando aquele tipo de dano, em que se tem uma casa de madeira completamente destruída e grande parte da madeira sendo varrida, estimamos que seja um fenômeno F2 na escala que vai de zero a cinco, o que reflete em ventos de 200 km/h.
Nos últimos anos, tornados F2 já teriam sido registrados em outros municípios gaúchos como São Miguel das Missões, Gramado e Canela. Segundo Lopes, o fenômeno não é considerado raro no Estado.
– Temos tornados ocorrendo com certa frequência no Rio Grande do Sul. Eles não são fenômenos tão raros aqui no Sul do Brasil. Estamos em uma região que é favorável à formação de tornados a qualquer momento do ano, principalmente nos períodos de transição. Eles acontecem, porém, são mais difíceis de documentar – conclui o meteorologista.
Para identificar este tipo de tornado e emitir um alerta, Lopes afirma que seria necessário uma cobertura composta por vários radares meteorológicos. Atualmente, o Rio Grande do Sul conta apenas com dois radares meteorológicos.
Faça a sua parte
Doações para a campanha de reconstrução da casa de Lucia e Osvaldo podem ser feitas pela chave pix 33151296068 (CPF) ou na página da vaquinha.