Foto: Beto Albert (Diário)
Apaixonados pela história das ferrovias, por maquetes e por miniaturas agora têm uma oportunidade de conferir um pouco do ferreomodelismo. Até o dia 15 de novembro, o projeto “Mundo ferroviário em miniatura” recebe o o público de Santa Maria e região. A estrutura, montada em um ônibus, encontra-se na RSC-287, próximo à Base Aérea de Santa Maria. A visitação tem um custo de R$ 10 para adultos e R$ 5 para crianças.
– Eu comecei no ferreomodelismo quando tinha nove anos de idade. Ganhei de presente de um amigo uma locomotiva da ferrovia paulista e me despertou o interesse.
É assim que Guilherme Piovesan Borghezan, 23 anos, modelista ferroviário, começa a contar sua história, uma trajetória que mistura persistência, paixão e criatividade.
– Na época, quando ganhei o primeiro trem, achei que fosse um brinquedo. Mas logo percebi que era uma réplica fiel de um trem real – relembra Borghezan, destacando que, naquele momento, nasceu um fascínio pelo mundo ferroviário, levando-o a buscar informações e a expandir sua coleção.
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Para realizar o sonho, começou a juntar dinheiro. Passou a vender latinhas, utilizando o valor arrecadado para adquirir trilhos e componentes eletrônicos. Na cidade de Nova Petrópolis, onde morava na época, descobriu que havia uma loja especializada em ferreomodelismo em Caxias do Sul e, durante dois anos, seguiu na venda de latinhas. Nesse tempo, juntou todo o dinheiro possível e começou a construir sua primeira maquete.
Em 2013, após se mudar para Frederico Westphalen, Guilherme finalmente encontrou espaço na garagem de sua casa para dar vida a seu projeto. Ali, montou uma maquete de um metro por dois metros, que, com o tempo, foi crescendo e chamando a atenção de escolas e instituições locais. À medida que ganhava visibilidade, começou a receber visitantes em casa, onde podiam ver de perto os detalhes da maquete fixa na garagem.
A busca por mais espaço para expandir a obra o levou a uma solução inusitada em 2017: com a sugestão de sua mãe, adquiriu um ônibus desativado, sem motor, apenas a carroceria.
- Dentro do ônibus, a maquete foi montada de forma que pudesse ser visitada em um ponto fixo, mediante agendamento, e ali permaneceu até 2021. Nesse período, o ônibus virou um local de visitação único, onde os visitantes podiam contemplar réplicas de pontos turísticos e municípios de várias partes do Brasil. Eu organizava agendamentos inclusive com escolas e instituições que queriam conhecer o projeto da maquete - lembra Guilherme.
Em 2021, com o apoio da prefeitura de Frederico Westphalen, ele conseguiu adquirir um novo ônibus, desta vez com motor, permitindo que o projeto se tornasse itinerante. A outra carroceria foi vendida e então, a verba usada foi investida no novo veículo. Após uma grande reforma, com direito a pintura, envelopamento, adaptação elétrica e mecânica, o ônibus transformou-se em uma empresa cultural sobre rodas, percorrendo Estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
- Com o projeto atual eu realizei o sonho de levar a cultura do ferreomodelismo e a história das ferrovias brasileiras para todos os cantos do país. Essa maquete atual possui 6m10cm por 1m60cm, e eu demorei 10 anos para finalizar todos os detalhes. Hoje, com o ônibus cultural, eu participo de eventos, encontros de carros antigos e até de feiras literárias, compartilhando o legado ferroviário com diferentes públicos – relata Guilherme.
A maquete é um testemunho da engenhosidade e criatividade porque o ferreomodelista utiliza materiais de fácil acesso. A base é feita de madeira compensada, os viadutos de MDF e papel paraná, e as montanhas são moldadas em isopor coberto com gesso, que simula a textura de rochas pintadas em tons de cinza.
A grama é serragem tingida de verde, as árvores são feitas de espuma triturada, e as torres de alta tensão, com palitos de algodão-doce. A maquete ferroviária é rica em detalhes e capaz de contar histórias de diversas regiões brasileiras.
O projeto, agora móvel, já foi convidado até para estar no Uruguai, e o desejo de levar o ferreomodelismo e a história das ferrovias a novos públicos só cresce. Guilherme realizou um sonho que começou com uma simples locomotiva de brinquedo e hoje leva a cultura ferroviária a diversos cantos, mostrando que, assim como os trilhos, a paixão pelo ferreomodelismo não conhece fronteiras.
Qualquer pessoa pode visitar o ônibus com a maquete, que leva o nome de “Mundo ferroviário em miniatura”. Escolas e instituições que queiram levar um grupo maior de visitantes deve agendar pelo Instagram @mundo_ferroviario_em_miniatura. Também é possível marcar visitas pelo WhatsApp: (55) 99630-9530 ou (54) 99913-2597.
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