Ferreomodelismo: hobby e memória se unem em exposição no Arquivo Histórico Municipal

Para além de um passatempo, a manutenção de uma memória. Assim pode ser definido o ferreomodelismo, atividade que consiste em construir maquetes e miniaturas de estações e cenários ferroviários, recriando a atmosfera nostálgica dos trens que impulsionaram o desenvolvimento de tantas cidades pelo Brasil, incluindo Santa Maria. Por aqui, os amantes de um dos hobbies mais antigos do mundo se uniram na criação da Associação de Ferreomodelismo de Santa Maria (AFSM). 

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Desta quinta-feira (9) até sábado (11), o trabalho de membros da associação poderá ser conferido na 2ª Mostra de Ferreomodelismo, que ocorre no Arquivo Histórico Municipal de Santa Maria (AHMSM) de forma gratuita. Em diversos cenários - fiéis ou reimaginados -, maquetes, coleções, trens motorizados, miniaturas de ferro, papel e plástico e até mesmo réplicas de importantes pontos de Santa Maria podem ser conferidos na mostra.

Um dos cerca de 20 expositores é Luiz Carlos Alves, 63 anos. Ferroviário aposentado, ele encontrou no hobby e na comunidade de ferreomodelistas uma possibilidade de se manter conectado ao seu trabalho e eterna paixão. Na sua maquete, está uma réplica do luxuoso trem Minuano, que substituiu a Maria Fumaça nas ferrovias do Rio Grande do Sul a partir de 1954.

– Como eu me aposentei e não pude mais retornar à ativa, eu optei por me juntar a alguns colegas que já trabalhavam com ferreomodelismo. Cada novo trem que fizemos é uma pesquisa sobre a sua história e o que podemos acrescentar a ela. Por exemplo, eu trabalhei no trem Húngaro em Porto Alegre, de 1980 até 1985, então consegui fazer uma réplica dele. Coloquei motor, decoder para fazer os sons de buzina.

Ele começou a trabalhar há pouco mais de um ano na maquete que levou até a mostra. O trabalho também apresenta réplicas em menor escala da Gare da Viação Férrea de Santa Maria e da Igreja São José do Patrocínio, por exemplo. Luiz Carlos conta que, como mora em apartamento, não tem muito espaço, então a fez em três partes, unidas posteriormente, trabalhando um pouquinho em cada dia. 

– Tem dias que tomo um chimarrão, vou para a beira da maquete e começo a acrescentar peças, sempre contando também com o apoio dos amigos que são mais talentosos. Não sou montador e marceneiro, então ajudo mais na eletrônica. No ferreomodelismo tem que ter movimento, porque senão fica uma coisa estática – conta o ferroviário aposentado.

VALORIZAR O PASSADO

Para Daniéle Xavier Callil, diretora do Arquivo Histórico, a exposição é um presente para o espaço, que completará 65 anos de atividades em dezembro deste ano.

– O Arquivo trabalha com a questão da preservação da memória da nossa cidade e esse evento foca na preservação da memória ferroviária, então tem tudo a ver, não é? Os expositores são amigos de longa data aqui do Arquivo. Precisamos proporcionar mais eventos desse tipo para a comunidade, que deve se apropriar de sua história e saber que temos um passado que também precisa ser valorizado.

Luiz Pistoia era uma das pessoas que estava visitando a 2ª Mostra de Ferreomodelismo. O aposentado de 68 anos se disse impressionado com a qualidade dos trabalhos expostos.

– Tudo nos traz muitas recordações dos trens. É fundamental que saibamos da história ferroviária de Santa Maria. Fiquei apaixonado. Me chamou a atenção a habilidade dos artistas para fazer os trens de passageiros, sem passageiros e até mesmo uma ponte destruída. 

VISITAÇÃO

No dia 10 de novembro, a Mostra estará aberta para visitação de escolas, mediante agendamento antecipado por telefone ou e-mail. Os horários para visitação são das 9h às 11h30min e das 14h às 17h.  As escolas interessadas em organizar visitas devem realizar o agendamento prévio pelo telefone: (55) 3174-1560 ou pelo e-mail: [email protected].

​A 1ª Mostra de Ferreomodelismo de Santa Maria ocorreu em 2019, também no Arquivo Histórico Municipal. A iniciativa tem apoio da prefeitura municipal, por meio da Secretaria de Cultura, do Arquivo Histórico, da Associação dos Amigos do Arquivo Histórico Municipal (AMARQHIST) e da Frateschi, única fabricante da América Latina de trens elétricos em miniaturas e réplicas de composições reais, situada em Ribeirão Preto, no interior paulista.