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Vigilância em Saúde de Santa Maria intensifica combate ao Aedes aegypti após chuvarada

Dandara Flores Aranguiz

Foto: Renan Mattos (Diário)

O período de chuvas e as altas temperaturas acendem o alerta para intensificação das ações de combate ao Aedes aegypti em todo o país. O tempo chuvoso - que favorece o acúmulo de água parada - e o calor da estação aceleram a reprodução do mosquito, transmissor de dengue, zika vírus e chikungunya. Santa Maria, que vive uma situação considerada de média infestação, possui 47 focos do mosquito espalhados por 19 bairros, de acordo com o último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), divulgado em novembro de 2018.  

O próximo levantamento deve começar ainda em fevereiro (ao todo, são quatro etapas em um ano). Para monitorar a situação durante o ano, os agentes de saúde da Vigilância Ambiental do município visitam, a cada 15 dias, 191 pontos estratégicos espalhados pela cidade. Além disso, a prefeitura também faz o levantamento de índice nas residências, com visitas in loco, tratamento com larvicida em recipientes e eliminação de potenciais focos de larvas do mosquito Aedes aegypti.

- Pontos estratégicos são áreas em que a natureza do local já é propícia ao acúmulo de água. E, como esses pontos estão inseridos no meio urbano, os mosquitos vão procurar esse local com água limpa e parada, tornando-o um criadouro natural. Fazendo esse controle, a gente sabe a incidência que tem o mosquito e conseguimos saber se o que estamos fazendo está sendo efetivo ou não. A cidade se remapeia conforme o número de denúncias e as incidências - explica Denoide Mezeck, coordenador técnico e de campo da Vigilância em Saúde de Santa Maria.

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Na manhã da última quinta-feira, o Diário acompanhou a equipe de agentes na visita a três locais considerados estratégicos no Bairro Camobi. Em um dos locais vistoriados, na BR-287, um bom exemplo: os pneus velhos de máquinas agrícolas, que antes acumulavam água e serviam como potenciais criadouros, agora são usados ao redor de mudas de árvores.

- Se a gente não fazer a nossa parte, não tem como combater e desenvolver o trabalho. O agente não vem todos os dias, pode acontecer de vir uma chuva e acumular água, mas a gente tá sempre cuidando. A gente planta uma árvore no meio do pneu, pois ele retém a umidade. A própria água que junta, acumula na terra e mantém ela úmida - comenta Neri Fachini, proprietário da Fachini Implementos Agrícolas.

COMO DENUNCIAR
Além dos pontos estratégicos, também é feita a verificação de denúncias recebidas pelo setor. Há três formas de denunciar potenciais focos de mosquito. O denunciante precisa se identificar, mas o anonimato é mantido.

  • Presencialmente, na sede da Superintendência de Vigilância em Saúde (Rua Tuiuti, 1.926, Centro)
  • disque denúncia 150, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs)
  • Ouvidoria da prefeitura, pelo canal 156

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OVOS PODEM SOBREVIVER ATÉ 400 DIAS
Segundo o coordenador, como o Aedes é mais adaptado à área urbana, ele ganha a competição contra os outros tipos de mosquitos, pois é mais eficiente na reprodução e na propagação. O ciclo de vida do Aedes começa quando a fêmea deposita os ovos na parede de um criadouro com água (os ovos não ficam na água, mas bem próximos a ela). Os ovos podem permanecer sem eclodir por mais de ano (podendo sobreviver intactos no ambiente por até 400 dias), aguardando até o próximo período chuvoso. 

- O ciclo normal do Aedes é de sete dias. No calor, diminui até para cinco. É o tempo para eclodir o ovo, e o inseto estar voando. Tivemos duas semanas intensas de chuva. Significa que todos os ovos que foram depositados anteriormente e que estão acumulados em algum local eclodem com a umidade. A água da chuva pode escoar e levar os ovos a algum local, onde a água fica acumulada pelo período necessário para completar o ciclo - diz Denoide.

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Por isso, é comum que nas duas semanas seguintes à chuva haja um número maior de mosquitos voando na cidade, o que não quer dizer, necessariamente, que eles vão transmitir alguma doença. Por enquanto, não há casos confirmados ou em suspeita de contaminação viral na cidade, por isso, é importante manter as medidas de combate ao Aedes.

Alguns dias depois do início da fase adulta, o mosquito já está apto para o acasalamento, que normalmente ocorre durante o voo. Após a cópula, a fêmea necessita de sangue para completar o desenvolvimento dos ovos, e é nesse momento que pode ocorrer a transmissão de doenças para o homem. A fêmea do Aedes pode durar entre 30 a 45 dias, sendo que, durante esse período, ela pode fazer até 300 posturas, de 150 a 400 ovos por vez.

Além de manter as medidas de prevenção no ambiente, o uso de repelente torna-se fundamental, principalmente nas áreas urbanas. Crianças e idosos são mais suscetíveis às picadas. O uso de inseticidas também pode auxiliar na prevenção, sendo colocado atrás de móveis e atrás das cortinas, por exemplo.

- O Aedes não anuncia a presença, como os outros mosquitos. Ele voa baixinho, entre 45 e 70 centímetros de altura. Se tu estás sentado, ele vai nos braços e nas pernas. Se tu estás em pé, ele vai só nas tuas canelas. Na parte mais quente do dia, ele vai ficar escondido em locais com sombra e só vai sair em horários mais fresquinhos, pela manhã ou à tardinha - salienta o coordenador da Vigilância.

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