dia da imunização

VÍDEO: vacina mais esperada pela população mundial pode sair ainda este ano, diz professor

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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Esta terça-feira, 9 de junho, marca o Dia Nacional da Imunização. Depois de enfrentar um cenário de negação da ciência, a exemplo do Brasil com a queda da cobertura vacinal ocasionada pelos movimentos antivacina, em 2018, o mundo aguarda justamente uma vacina para frear a crise de proporções globais causada pelo Sars-COV Sars-CoV-2, causador da atual pandemia de covid-19. A corrida científica pela vacina é histórica, segundo o professor do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em virologia, Eduardo Furtado Flores: 

- Uma vacina de uso humano leva aproximadamente 8 a 10 anos para ser desenvolvida. Claro que existe uma ansiedade muito grande, pelo grande número de mortos que a doença está causando, mas, provavelmente, a vacina contra a Covid-19 vai ser a vacina desenvolvida com mais rapidez na história da humanidade. Existe uma perspectiva, sim, de termos uma boa vacina ainda este ano. Provavelmente não ainda para imunizar toda a população mundial, que tem em torno de 8 bilhões, mas talvez imunizar 2 ou 3 bilhões de pessoas. Talvez priorizar as pessoas de maior risco, num primeiro momento. 


O professor coordena o laboratório de virologia da UFSM e foi um dos profissionais a frente da força-tarefa para realizar exames moleculares de diagnóstico da covid-19 na universidade. Segundo o professor, atualmente existem em torno de 130 estudos sobre o tema listados pela Organização Mundial de Saúde. Destes, dez estão em estágio mais avançado. O mais promissor é desenvolvido pela universidade de Oxford, no Reino Unido. A vacina será testada no Brasil com habitantes do Rio de Janeiro e São Paulo. 

- Essa vacina usa um vetor, um adenovírus, que é um vírus que causa resfriados comuns em pessoas e chimpanzés. Nesse vetor foi inserido um gene de uma proteína do Sars-CoV2 (novo coronavírus). Espera-se que o vírus vacinal, no organismo da pessoa vacinada, produza a proteína do novo coronavírus, induzindo assim uma resposta imunológica contra essa proteína,resultando na proteção contra o coronavírus - detalha Flores. 

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O professor explica que as etapas de pesquisas com vacinas passam por várias fases. A primeira é a verificação da segurança. A segunda se destina a estudar se a vacina induz a uma boa resposta imunológica. A terceira etapa é para ver se ela é eficaz no ser humano, se confere proteção contra a doença. É quando ocorrem os chamados ensaios clínicos, que consistem em avaliar o efeito da vacina no organismo humano, frente à exposição ao agente da doença. É nesta fase que está a pesquisa na Universidade de Oxford. Para isso estão sendo recrutados milhares de voluntários, entre eles brasileiros. Se os testes derem bons resultados, a próxima fase da pesquisa será a produção em larga escala. 

Cada uma dessas etapas costuma levar entre alguns meses a anos. Flores lembra que o estudo no Reino Unido está avançado porque uma vacina semelhante já havia sido testada para outro coronavírus, o causador da Sars, que matou mais de 700 pessoas em 2002 e 2003. 

Outras duas vacinas, uma nos EUA e outra na Alemanha, também estão entre as mais adiantadas. 

- A diferença é que elas estão baseadas no RNA do vírus. A pessoa seria imunizada com o RNA do vírus, as células das pessoas produziriam a proteína do vírus e, assim, induziria uma resposta imunológica contra ela - menciona o professor. 

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CENÁRIO PREVISTO

Sobre a previsibilidade de um vírus que causaria uma pandemia, como chegou a mencionar o Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Juarez Cunha, na revista Imunizações no mês passado, o professor Eduardo Flores contextualiza: 

- Virologistas e epidemiologistas sabem que, periodicamente, vai aparecer um vírus desses. Temos dezenas de exemplos de vírus que infectam animais domésticos e silvestres com a capacidade de infectar humanos, como o causador da Sars, várias cepas de vírus da influenza, ebola, nipah, hendra, entre outros. Tenha certeza que, depois dessa pandemia do coronavírus, daqui a alguns anos outra próxima pandemia virá. Não se sabe quando nem onde, e qual vai ser o vírus, mas há essa expectativa. 

Para o professor, o comportamento humano cria condições para o surgimento dessas doenças: 

- Não há dúvida que a grande culpa é do ser humano, que explora os animais de maneira incorreta, excessiva, abusiva, principalmente no sudeste asiático, com as feiras livres, feiras de animais silvestres e animais domésticos vivos. Isso cria condições para que vírus de outras espécies possam infectar humanos e, eventualmente, causar uma nova pandemia. Enquanto esses hábitos persistirem, certamente novos vírus irão passar de animais para pessoas, e alguns deles serão capazes de causa doença.

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