data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Marcelo Oliveira (Especial/Diário)
Em Agudo, hospital fica, na maioria do tempo, com leitos vazios há um mês. Último paciente esteve internado no sábado passado com sintomas leves
A vacinação começa a trazer reflexos positivos para os números da Covid-19 em todo o Rio Grande do Sul. O Estado possui 497 municípios e, a cada semana, cresce a quantidade de cidades que não registram óbitos. De 5 a 12 de julho, 344 cidades não tiveram mortes; de 12 a 19 de julho, o número subiu para 354; e, uma semana depois, de 19 a 26 de julho, 360 municípios não tiveram perdas para a Covid. A maioria são cidades de pequeno porte.
Em levantamento feito pelo Diário, do começo do mês até 28 de julho, 17 das 39 cidades da Região Central não registraram óbitos, o que representa 43,5% do total (ver abaixo). Algumas não apresentam mortes há meses, como é o caso de Dona Francisca, com a última registrada em 5 de abril, e Quevedos, que teve a única morte ocorrida em 4 de dezembro do ano passado. Unistalda e Itacuribi vão além: as duas cidades não tiveram nem casos confirmados em julho.
Após teste, eventos de grande porte podem ser liberados no Estado
A macrorregião de Santa Maria, de acordo com a delimitação do governo do Estado, possui 559.829 habitantes. Conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES), 11,6% desta população teve o diagnóstico positivo para a Covid-19, o que representa 65.087 pessoas. No Boletim Regional da Covid, emitido em 26 de julho pelo Estado, a macrorregião tinha 1.412 óbitos*. No período de 18 a 25 de julho, o número de mortes teve queda de 8%, acima do percentual do Estado, que foi de 5,2%.
As secretarias municipais de Saúde reforçam que a melhora nos números da pandemia se dá por conta do avanço da vacinação, que em algumas cidades já atinge a população acima de 18 anos e adolescentes com comorbidades acima de 12 anos. O índice de população vacinada na macrorregião Santa Maria, segundo a SES, é 56,8% (25,3% com o esquema vacinal completo e 31,6% parcialmente imunizada).
Em Faxinal do Soturno a última morte em decorrência da Covid-19 foi em 3 de maio. De acordo com o prefeito do município de quase 6.700 habitantes, Clóvis Montagner, o bom percentual de vacinados, as campanhas permanentes de cuidados e o acompanhamento dos pacientes com sintomas do coronavírus são os motivos pelos quais o município pode comemorar os bons índices.
- Atualmente, temos apenas um paciente internado no Hospital São Roque. Tivemos momentos delicados e críticos de internações. A situação é bem mais tranquila. Isso se dá pelo trabalho conjunto dos setores do município e a eficiência da atuação dos profissionais da saúde.
Para o prefeito, quanto mais gente vacinada, mais proteção há para todos e os números tendem a decair ainda mais. A cidade já está com 57% da população imunizada com a primeira dose e 33% recebeu as duas doses.
2021 teve o primeiro semestre com mais mortes na história de Santa Maria
Em São Martinho da Serra, município com pouco mais de 3 mil habitantes, foram seis mortes registradas pela Covid-19 desde o começo da pandemia. O último óbito foi em 23 de junho. Em abril, a pandemia parecia ter chegado ao fim, com nenhum caso ativo. Em maio, em apenas uma semana, o município registrou 40 casos confirmados e atingiu o pico da doença desde março do ano passado. No dia 13 do mesmo mês, a prefeitura emitiu um decreto com normais mais rígidas para conter o avanço da Covid-19. O decreto ficou válido até 2 de junho. Neste período, baixou para 11 casos positivos. No mês de junho, os números reduziram ainda mais: são cerca de três casos confirmados a cada 15 dias e nenhum paciente necessita de internação hospitalar.
- Nós atribuímos essa evolução à vacinação. Já aplicamos 1687 primeiras doses e 822 segundas doses. Toda população adulta acima de 30 anos já foi imunizada e nesta semana (de 26 a 30 de julho) vamos vacinar as pessoas acima de 18 anos. Os professores estão 100% vacinados - comemora a secretária de Saúde de São Martinho da Serra, Cintia Ariane Barbosa Aires.
*Os números são diferentes dos apresentados pela AMCentro, que integra 33 municípios, e das cidades da região de cobertura do Diário, da qual fazem parte 39 cidades
AGUDO REDUZ MORTES, CASOS E INTERNAÇÕES
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: prefeitura de Agudo (divulgação)
Centro de Atendimento da Covid-19 foi criado em Agudo para atender a população com síndrome gripal. Objetivo é evitar contaminação cruzada
Agudo, depois de passar por uma situação caótica nos meses de abril e maio, vive a calmaria de poucos casos confirmados, nenhuma morte desde 18 de junho e leitos hospitalares vazios. Desde o começo da pandemia, a cidade de 16.461 habitantes teve 1.763 casos confirmados da Covid-19. Até o fim do ano passado, o município não tinha nenhuma morte em decorrência do vírus. Em 2021, foram 29 óbitos, o último registrado em 18 de junho.
- A vacinação e a adesão da população agudense tem sido espetacular. É uma redução bastante expressiva de casos, mortes, sintomas. Quem pegou Covid neste mês de julho, provavelmente, já tinha uma dose da vacina e isso contribuiu para que os sintomas fossem mais amenos - salienta a secretária de Saúde de Agudo, Verônica Peripolli Scardoelli.
No dia 20 deste mês, por conta do frio rigoroso e prevendo que os casos de síndrome gripal poderiam crescer na cidade, a prefeitura inaugurou o Centro de Atendimento da Covid-19. O objetivo é separar os pacientes que podem estar contaminados com o vírus das demais patologias, o que evita contaminação cruzada.
Neste mês, a cidade registrou, até quinta-feira, 56 casos confirmados - em maio, eram 331 casos positivos, e em junho, 205. Há um mês, a cidade registrava uma média de 20 casos positivos por semana, agora são cerca de três. Atualmente, são seis casos ativos - o número de pacientes capazes de transmitir a Covid-19 chegou a 125 nos meses de maior incidência do coronavírus.
O Hospital de Agudo, que possui 26 leitos clínicos para atendimento exclusivo da doença, recebeu o último paciente no sábado passado. Os corredores e camas, que desde abril estavam sempre lotados, agora dão lugar ao vazio da ala.
- O hospital já foi referência para oito municípios vizinhos. Nós chegamos a aumentar o número de camas, colocamos no corredor. Teve um paciente que tentamos um leito de UTI para ele, que nós não temos, mas não conseguimos a tempo e ele acabou morrendo - relembra o administrador do hospital, Roberto Schorn.
Agudo vacina nesta semana as pessoas com 30 anos ou mais e segue a imunização de adolescentes com comorbidades. De acordo com a secretaria de Saúde, já são quase 10 mil agudenses que receberam, ao menos, uma dose da vacina.
REDUÇÃO TAMBÉM É PERCEBIDA EM SANTA MARIA E NO ESTADO
A reação provocada pelo avanço da vacinação também é sentida em Santa Maria, onde, apesar de ainda haver registros de mortes, os números estão menores se comparado ao pico da doença, em março e abril deste ano (ver abaixo).
- A queda se dá por conta da imunização artificial, ou seja, a vacina, e não por tratamento precoce ou imunidade de rebanho, como algumas pessoas defendem. A redução começa nos municípios menores porque é onde a estrutura de saúde é melhor e a atenção aos pacientes consegue ser feita de forma mais específica. A tendência, se não houver nada que mude o cenário, como as variantes da doença, que a diminuição seja cada vez maior e vá se ampliando para as cidades maiores - explica o médico epidemiologista da Vigilância em Saúde do município, Marcos Lobato.
Em março, no Estado, o número de óbitos semanais chegou a 2.273. No período de 19 a 26 de julho, também no prazo de uma semana, foram 301. Na semana anterior, de 12 a 19, foram 370, e dos dias 5 a 12 de julho, tiveram 450 mortes em todo o Estado.
A redução também é percebida no número de casos confirmados e internações hospitalares. Desde fevereiro deste ano, quando a pandemia atingiu o ápice no Estado, o número de internados não era tão baixo: são 2.166 pacientes em todo o RS (dado do dia 27 de julho). Em março, eram cerca de 9 mil.
- É um decréscimo muito elevado. A gente vem, nas últimas semanas, com uma queda muito expressiva. Isso não é uma situação que se repercute apenas nos óbitos. Batemos menos de mil pacientes internados em razão da Covid em UTIs. Isso não era algo que acontecia desde fevereiro. É a vacinação, que gera um efeito em cascata de redução em todas as áreas - explica o diretor do Departamento de Auditoria da SES, Bruno Naundor.
A preocupação, agora, é com as consequências da variante Delta na saúde da população gaúcha. Por conta disso, os cuidados de prevenção, como uso de máscara, higiene das mãos e o distanciamento social, seguem sendo medidas importantes de segurança.
Cidades da região que não registraram mortes por Covid em julho
- Agudo - são 29 óbitos, o último em 18 de junho
- São Martinho da Serra - são 6 óbitos, o último em 23 de junho
- Itacurubi - são 5 óbitos, o último em 4 de junho (não possui nenhum caso confirmado)
- Ivorá - um óbito ocorrido em 4 de maio
- Unistalda - são 4 óbitos, o último em 21 de maio (não possui nenhum caso confirmado)
- Faxinal do Soturno - são 8 óbitos, o último em 3 de maio
- Nova Esperança do Sul - são 10 óbitos, o último em 12 de junho
- Jari - são dois óbitos, o último em 18 de maio
- Quevedos - um óbito registrado em 4 de dezembro de 2020
- Dona Francisca - são 3 óbitos, o último em 5 de abril
- Paraíso do Sul - são 16 óbitos, o último em 25 de junho
- São Vicente do Sul - são 23 óbitos, o último em 28 de junho
- Cacequi - são 8 óbitos, o último em 11 de junho
- São João do Polêsine - são 6 óbitos, o último em 23 de junho
- Santa Margarida do Sul - são 6 óbitos, o último em 22 de junho
- Vila Nova do Sul - são 11 óbitos, o último em 25 de maio
- Pinhal Grande - são 4 óbitos, o último em 18 de maio
NÚMERO DE MORTES EM SANTA MARIA
- Janeiro - 55 óbitos
- Fevereiro - 51 óbitos
- Março - 152 óbitos
- Abril - 156 óbitos
- Maio - 111 óbitos
- Junho - 86 óbitos
- Julho (até o dia 27) - 44 óbitos