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Quais os cuidados necessários para proteger os animais do novo coronavírus

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Arquivo Pessoal
Veterinário Carlos Cassamalli, da Uspa Sepeense, higieniza patinhas de um dos animais acolhidos na entidade

Um vídeo de um reciclador conduzindo dois cavalos com máscaras de proteção puxando uma carroça em São Sepé ganhou as redes sociais na última terça-feira. João Antônio Becker Aires, o Repolho, 59 anos, improvisou as peças em seus cavalos, Lubuno e Bragado, feitas de plástico, e saiu pelas ruas de São Sepé. O que Repolho atribui a uma "brincadeira" para chamar atenção quanto à prevenção à Covd-19, levantou discussões sobre possibilidade de maus tratos.  

Conforme o médico veterinário Marcelo Soares, que é Chefe do Departamento de Clínicas de Grandes Animais e Coordenador do Centro de Reabilitação Equina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), os animais precisam de outra visão quanto à proteção de qualquer doença:

- Tratar cavalo, cachorro e gato como gente pode ser louvável do ponto de vista ético, e de respeito ao animal, mas os cuidados humanizados fazem mais mal do que bem. Os cuidados com cada espécie precisam seguir protocolos e calendários vacinais estruturados para prevenir doenças próprias do animal e, até onde se sabe, não existem estudos que qualifiquem o contágio pela Covid-19 em cavalos.

Aline Bäumer, uma das coordenadoras do Projeto Quatro Patas, desenvolvido em Santa Maria, diz que tem visto a mesma conduta na internet, com o compartilhamento de fotos de animais domésticos portando máscaras. Sobre a história de Lubuno e Bragado que viralizou nas redes, Aline alerta para os riscos:

- Como aparentemente os cavalos permaneceram bastante tempo com as máscaras, imaginamos que as mesmas tenham lhes causado minimamente desconforto, dando margem a possibilidade de maus tratos, mesmo que não de modo intencional por parte do senhor. Quanto às fotos que temos visto em pets, imaginamos sempre que sejam brincadeiras, e que as máscaras tenham sido retiradas logo após as fotos.

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Arquivo Pessoal
A Uspa, que realiza castrações gratuitas em São Sepé, tem utilizado todos os equipamentos de proteção ao novo coronavírus

PREVENÇÃO

Mas qual cuidados os tutores realmente devem tomar na hora de cuidar de gatos ou cachorros em tempos de pandemia? A médica doutora em clínica veterinária e professora da Clínica de Pequenos Animais da UFSM, Anne Santos do Amaral, ressalta que os resultados dos estudos feitos em animais contaminados até agora não são conclusivos:

- Até o momento, as pesquisas científicas não comprovam a possibilidade de transmissão do vírus de animais para humanos, nem há dados que indiquem que qualquer animal doméstico tenha algum papel na disseminação de SARS-CoV-2.

Segundo Anne, os pelos dos animais podem ser um meio de contágio do coronavírus. É que as partículas virais eliminadas pelo humano doente por meio da saliva e tosse podem ser depositadas sobre os pelos dos animais. Por isso, todo cuidado é pouco na higienização das mãos após tocar os animais. Quando for preciso levar os cães para passeio, é importante limpar as patas antes de entrar em casa, utilizando apenas água e sabão neutro. A doutora lembra que banhos diários nos animais são contraindicados e desnecessários.

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Em São Sepé, os voluntários da União Sepeense Protetora dos Animais (Uspa) fazem o ritual de higienização com todos os animais acolhidos, depois do passeio. Além de manter os bichinhos em situação de abandono até a adoção, a associação sem fins lucrativos que visa a proteção dos animais, realiza castrações gratuitas. O serviço é mantido com doações da comunidade e apoio da prefeitura. Conforme a presidente, Laura Rodrigues, desde o início da pandemia, foram empregadas precauções indicadas pelos órgãos de saúde também no atendimento ao público.

- O tutor que vem entregar o animal para castração precisa estar usando máscara. O veterinário também utiliza a proteção com máscara e luvas - explica Laura.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Arquivo Pessoal
A jornalista Julia de Oliveira Machado, 26 anos, limpa as patinhas do vira lata Chicó depois de cada passeio

OPERAÇÃO PASSEIO 

A jornalista Julia de Oliveira Machado, 26 anos, é tutora do vira lata Chicó, que precisa do passeio diário para fazer xixi e cocô. Na primeira e segunda semana de isolamento social, Julia conta que evitou sair, porque estava com medo do contágio, mas depois teve de arriscar, por conta do comportamento de Chicó frente ao confinamento:

- Ele começou a ficar deprimido, não queria comer, estava inquieto. Depois do almoço, que é quando fazíamos um passeio mais longo, ele ficava latindo e atirando o pote de ração para cima. Aí decidir ir até a esquina com ele.

Para o passeio, Julia monta uma verdadeira operação. A tutora sai sempre com máscara de proteção e, na volta, tira os sapatos e a roupas e higieniza as mãos. Além disso, sempre limpa as patinhas do vira lata com detergente, água e álcool em gel 70%.

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Vai passear com o pet? Siga estes cuidados:*

  • Sair o menos possível de casa com os animais
  • Se realmente necessário, conduzi-los sempre em coleira/peiteira e guia e evitar ir a parques e praças. Prefira permanecer nos arredores de casa e recolha os dejetos do bichinho
  • Preferencialmente, sair apenas uma pessoa da família com o animal, de modo a evitar aglomerações
  • Não permitir que pessoas que não morem na mesma casa façam carinho nos animais para evitar a possibilidade de contágio por vetor mecânico (vetor mecânico é quando, por exemplo, o pelo do animal pode carregar o vírus como qualquer outro objeto contaminado por alguém que esteja com o vírus. Lembre-se: animais não transmitem Covid-19!)
  • Ao retornar do passeio, higienizar as patas do animal com água e sabão/xampú (próprio para pets) e também limpar pelo, barriga e focinho, já que farejam bastante e tocam em superfícies.

*Fonte: Projeto Quatro Patas

E se o tutor está com suspeita de ter contraído a doença?*

  • Pessoas com suspeita da doença devem estender o distanciamento social aos animais da casa
  • Os hábitos de higiene, como lavar as mãos, devem ser enfatizados
  • Manter o uso de máscaras dentro de casa e durante o contato com os animais
  • O tutor pode manter as funções de alimentar e tomar conta da rotina de higiene do bichinho, mas deve evitar beijar, dormir com o pet na mesma cama e dar colo, por exemplo

*Fonte: Médica doutora em clínica, Anne Santos do Amaral, conforme as diretrizes da Comissão de Saúde Única do Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS


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