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Pesquisadores indicam tendência de crescimento de índices da pandemia na região

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O boletim do InfoGripe, divulgado semanalmente pela Fiocruz, coloca todo o Rio Grande do Sul com probabilidade de aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Na estimativa divulgada na última semana, a macrorregião Centro-Oeste, da qual Santa Maria faz parte, era a única que mantinha uma tendência de estabilização. Só que nesta semana, conforme o coordenador do projeto, Marcelo Gomes, o cenário mudou.

- Na semana passada, a macrorregião ainda apresentava uma tendência de estabilização e até uma pequena queda. Agora, ao analisarmos os dados mais recentes, já há uma tendência de aumento dos índices para as próximas semanas - explica Gomes, que é físico formado pela UFRGS e pesquisador em saúde pública na Fiocruz.


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A curto prazo (três semanas), a macrorregião até mantém uma tendência de estabilização. Mas, a longo prazo (seis semanas), a probabilidade de crescimento é superior a 75%. Os principais dados analisados pela Fiocruz são de casos graves e mortes com sintomas de SRAG. Parte da incidência da doença ocorre em razão da contaminação por coronavírus. Segundo o pesquisador, a macrorregião Centro-Oeste está, atualmente, com uma média de 30 internações por síndrome respiratória a cada 100 mil habitantes, sendo que a partir de 10 internações já se considera que é um patamar elevado.

- O patamar baixo seria uma ou duas internações para cada 100 mil habitantes. Esses dados bem elevados mostram o esgotamento da capacidade de atendimento hospitalar. O cenário que já preocupava piorou bastante no Rio Grande do Sul - considera.

Apesar desse aumento, a macrorregião Centro-Oeste ainda é a faixa do Estado com o cenário menos alarmante. Todas as outras regiões têm tendência de crescimento moderado (75%) a curto prazo e crescimento alto (95%) a longo prazo.

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Fonte: Fiocruz
Gráfico, da semana passada, mostrava estabilidade na macrorregião Centro-Oeste. Gráfico desta semana, abaixo, mostra que situação mudou

Média móvel aponta crescimento
Para o professor Luis Felipe Dias Lopes, doutor em Engenharia de Produção e estatístico do Observatório de Informações em Saúde da UFSM, que desde o começo da pandemia reúne os dados e calcula as médias móveis de casos, a pandemia teve três picos até agora (como mostra o gráfico abaixo): o primeiro em setembro, o segundo em dezembro e o terceiro em março. Após o último pico, houve uma redução de casos, seguida por um período de estabilização. Porém, agora, os gráficos apontam uma nova curva em ascensão.

 - Essa redução recente que tivemos é só em relação a março, quando foi o pico. Ainda não chegamos nem perto do patamar que tínhamos em janeiro e fevereiro, quando os casos ainda estavam mais baixos. As medidas adotadas foram só para diminuir o boom de casos de março, não foram efetivas para voltarmos ao que era antes disso, o que pode ser preocupante - destaca Lopes.

A média de casos diários na semana passada chegou a 163, uma das maiores até agora (ficando atrás apenas do pico de março e de uma elevação que houve em abril). Esse número deve aumentar com o registro de casos atrasados. Conforme Lopes, é visível a formação do que pode ser uma nova onda.

MÉDIA MÓVEL DE CASOS CONFIRMADOS POR DIA

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  • O gráfico mostra a variação da média móvel diária de novos casos. A média móvel de cada dia é calculada com a soma dos casos dos últimos sete dias, dividida por sete.
  • É possível observar alguns picos, o maior deles em março, com 216 casos em um dia. Depois, houve duas quedas e duas novas elevações.
  • De março até agora, a menor média diária de casos foi 101, número maior do que a grande maioria das médias antes do pico. Ou seja, a pandemia ainda não voltou aos níveis anteriores ao pico.
  • A queda no fim do gráfico não deve ser considerada, por conta do atraso no registro dos dados. Números mais fidedignos podem ser observados apenas após 14 dias, conforme especialistas.

Portanto, para analisar a pandemia, é preciso ter uma visão mais ampla, e não acompanhar apenas o número de casos diários - grande parte dos casos divulgados em um dia pertencem a datas anteriores. A média móvel, por exemplo, tem o cálculo somando-se o número de casos dos últimos sete dias e dividindo-se o resultado por sete. Essa curva estuda os possíveis dias de pico.

Outra análise, que mostra uma tendência de elevação, é a contabilização semanal dos casos. Nesta análise, conforme Lopes, fica mais visível a queda e estabilização após o pico de março, mas superior aos meses anteriores.

- Esse olhar semanal nos permite uma visão mais ampla do cenário, porque os dados se mostram mais reais e a curva de contaminação também. Como podemos ver na 20ª semana, que foi a semana passada, a curva, que estava estável, voltou a apontar para cima - relata Lopes, que, na 21ª semana, só recebeu os dados de segunda-feira e, por isso, a queda no final do gráfico não pode ser considerada.

CASOS POR SEMANA

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  • Este é o gráfico das médias móveis e número de casos por semana epidemiológica. Segundo Lopes, é uma forma mais fidedigna de retratar a variação dos números da pandemia, pois exclui variações aleatórias.
  • Cada barra representa o número de casos confirmados por semana em 2021. A linha vermelha representa a média móvel, calculada a partir da soma dos casos das duas semanas anteriores, dividido por dois.
  • As duas últimas barras representam as duas últimas semanas. Como há um atraso no registro de novos casos, os números dessas semanas devem aumentar. A semana atual só tem dados de segunda-feira, dia 24, contabilizados, por isso, a queda abrupta não deve ser considerada
  • Mais uma vez, fica visível o pico da doença na cidade, na 11ª semana do ano, em março. Depois, houve uma queda, seguida por uma estabilização e, atualmente, o gráfico mostra uma tendência de elevação

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