maior pesquisa mundial

Pesquisa da UFPel mostra que número de contaminados é até sete vezes maior

Jaiana Garcia

Foram apresentados, na tarde desta quinta-feira, os dados relativos à terceira fase da pesquisa Epicovid19-BR, que mapeia a epidemiologia do coronavírus no Brasil. A pesquisa é coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e acontece desde maio em 133 cidades do Brasil, entre elas Santa Maria. A terceira etapa ocorreu entre os dias 21 e 24 de junho, totalizando 33.207 entrevistas e testes. É o estudo epidemiológico com o maior número de indivíduos testados do mundo para o coronavírus, com uma amostra total de 89.397 pessoas entrevistadas e testadas nas três fases. 

O reitor da UFPel, Pedro Hallal, responsável pela pesquisa, apresentou as informações em coletiva de imprensa no Ministério da Saúde.

- O estudo não é definitivo, os dados serão confrontados com outras pesquisas realizadas no Brasil e terá, certamente, novos passos - afirmou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco.

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A pesquisa contém 10 perguntas que buscam entender o comportamento do vírus na população brasileira. Uma delas diz respeito a diferença entre o número de casos notificados e o número de pessoas com anticorpos. Nas três fases, o número se manteve estável: há de 6 a 7 vezes mais pessoas com anticorpos do que casos notificados pelas autoridades de saúde

A letalidade da infecção pelo coronavírus, de acordo com a pesquisa, é de 1,15%, podendo variar de 1,05% a 1,25% pela margem de erro. Em resumo, de cada 100 pessoas que têm o vírus, uma acaba morrendo.  

No somatório das três fases da pesquisa, foram testadas 2.583 pessoas, das quais 39% tiveram testes positivos (veja a imagem abaixo).

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A pesquisa também avaliou a adesão da população às recomendações de distanciamento social. O percentual das pessoas que relatou sair de casa diariamente aumentou de 20,2% na fase 1 (14-21 de março) para 23,2% na fase 2 (04 a 07 de junho) e para 26,2% na fase 3 (21 a 24 de junho). No outro extremo, o percentual de pessoas que relatou ficar em casa todo o tempo diminuiu de 23,1% na fase 1 para 20,5% na fase 2 e para 18,9% na fase 3.


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Levando em consideração a taxa de falsos positivos e falsos negativos do teste rápido utilizado, o percentual da população com anticorpos foi de 1,9% (1,7% a 2,1% pela margem de erro) na primeira fase, 3,1% (2,8% a 3,4% pela margem de erro) na segunda fase e 3,8% (3,5% a 4,2% pela margem de erro) na terceira fase da pesquisa. O aumento da primeira para a segunda fase foi de 53% e da segunda para a terceira fase foi de 23%. 

Somadas as três fases da pesquisa, foram identificadas 2.064 pessoas com anticorpos, significando que tem ou já tiveram infecção pelo coronavírus. Dessas, apenas 9% não relataram qualquer sintoma, sendo classificadas como assintomáticas. Entre as pessoas que relataram sintomas, os cinco que foram relatados por mais da metade das pessoas com anticorpos foram: febre, tosse, alteração de olfato/paladar, dor no corpo e dor de cabeça (veja a imagem abaixo).

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O percentual da população com anticorpos não diferiu entre homens e mulheres em nenhuma das fases da pesquisa. Também não foi observada uma tendência nítida por idade, confirmando que o risco de infecção não depende da faixa etária. Mas, embora não haja diferença no risco de contrair a infecção entre homens e mulheres ou por grupos de idade, a severidade da Covid-19 tende a ser maior nos idosos. Na terceira fase, pode-se perceber um aumento significativo na contaminação de crianças de 0 a 4 anos, que, ao contrário do que era dito no começo da pandemia, são infectadas, porém têm um quadro clínico mais brando.

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A pesquisa também apontou, em relação ao nível sócio-econômico, que houve uma tendência linear de maior proporção da população com anticorpos conforme diminui o nível socioeconômico. Ou seja, quanto mais pobre, mais predisposição à contaminação

Em relação à cor da pele, houve maior proporção com anticorpos entre as populações indígenas (não aldeados) em comparação aos demais grupos étnicos. A população que se autodeclarou branca foi a que apresentou menor proporção de exposição ao vírus (veja na imagem).

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CONCLUSÕES DA PESQUISA

  • Inteligência epidemiológica é essencial
  • Diversas curvas epidêmicas (país, regiões, estados e cidades)
  • Aumento na contaminação de 53% e 23% entre as fases
  • Mais sintomáticos leves do que assintomáticos
  • Crianças também são infectadas, tanto quanto adultos
  • Mais infecções entre os mais pobres
  • 1 de cada 100 infectados vai a óbito
  • Confirmação da Teoria do Iceberg (6 vezes maior do que os casos relatados)

A PESQUISA
O Epicovid19-BR é um estudo coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas. O financiamento para a pesquisa foi do Ministério da Saúde. O estudo contou também com apoio do Instituto Serrapilheira, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), da Pastoral da Criança, e contou com doação do programa da JBS Fazer o Bem Faz Bem. A coleta de dados foi de responsabilidade do IBOPE Inteligência.

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