Janeiro Branco: como as dívidas podem impactar na saúde mental?

Janeiro Branco: como as dívidas podem impactar na saúde mental?

Foto: Beto Albert (arquivo/Diário)

Debater sobre saúde mental é uma das principais missões da campanha Janeiro Branco. Desde 2014, a iniciativa vem quebrando tabus no país, principalmente ao alertar sobre situações cotidianas que podem afetar a vida dos brasileiros.

​No final de 2024, o Serasa e o Instituto Opinion Box divulgaram o estudo “O impacto das finanças na saúde mental do brasileiro” (2024), que considerou a realidade de 1776 pessoas, de diversas regiões do país, pertencentes a quatro gerações (geração Z, Y, X e Baby Boomers) e três classificações de renda (baixa, média e alta). Entre os pontos observados pela pesquisa, estão os problemas que impactam na saúde mental dos brasileiros, sendo a ansiedade a principal deles. 

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Em entrevista ao Diário, a psicóloga clínica-institucional e doutora em Psicologia, Lutiana Ricaldi da Rosa falou sobre o assunto. Segundo ela, casos de ansiedade têm aparecido com mais frequências e em diferentes faixas de desenvolvimento. Isso ocorreria devido ao ritmo frenético que as pessoas têm apresentado. 

– É como se precisássemos ter respostas para tudo e na hora. Mas não é assim. O desejo das pessoas em alcançar respostas, em poder comprar determinada coisa tem aparecido de um jeito forte e demandante, o que demonstra que é preciso desenvolver maior tolerância e paciência para discernir. Nesses casos, a questão da ansiedade também está relacionada aos limites. Você não precisa correr para comprar determinada coisa, precisa avaliar a necessidade ou se faz parte de uma pressão de consumo social. Caso o contrário, acabará se comprometendo com dívidas sem ter, muitas vezes, condições de pagar. Tudo por se colocam em estado de ansiedade e pressão para ter as coisas – comenta a psicóloga.

Enquanto terapeuta sistêmica de adultos, casais e famílias há mais de 10 anos, Lutiana tem se deparado cada vez mais com casos envolvendo saúde mental e finanças. Para ela, os principais fatores de risco são a rotina no automático e o ato de se comparar com o outro:

Quando a pessoa começa a se questionar: ‘Por que o outro tem e eu não tenho? Será que eu também tenho as mesmas condições?’, ela acaba se sentindo mal, porque cada um tem uma história, um caminho e as próprias possibilidades. Por isso, é necessário que a pessoa volte o olhar para si e não para o outro, porque são condições diferentes. O ideal é refletir sobre si para poder focar e entender o que quer da vida.

O impacto financeiro em outros setores da vida também é um dos pontos abordados pelo estudo, que constatou que as dificuldades financeiras refletem “principalmente na qualidade de vida, ansiedade, autoestima e qualidade de sono” (veja lista completa abaixo). Segundo Lutiana, a reflexão pode ser uma ferramenta importante neste processo, inclusive melhorando a relação entre dinheiro e saúde mental ao longo da vida.  

– Quando você está com a saúde mental em dia, demonstra mais condições de organizar a vida financeira. Situações impactantes como desastres, acidente, roubo, separação ou morte de ente familiar, além de gerar um trauma para a pessoa, podem se tornam um agravante, porque é algo que não estava previsto. Ou seja, problemas que já existiam, perante uma situação não esperada, se tornam um multiproblemas e isso fica muito pior quando a pessoa já é desorganizada financeiramente e não tem uma reserva de emergência – explica Lutiana.

Impacto das dificuldades financeiras

Conforme o estudo “O impacto das finanças na saúde mental do brasileiro”, esses são os setores da vida dos brasileiros que mais são afetadas pelas dificuldades financeiras:

  • Qualidade de vida
  • Ansiedade
  • Autoestima
  • Qualidade de sono
  • Humor
  • Confiança
  • Energia e disposição
  • Concentração no trabalho
  • Alimentação
  • Relacionamento com o parceiro

Investimento

A saúde mental é a 6ª maior prioridade de gastos dos consumidores que participaram do estudo “O impacto das finanças na saúde mental do brasileiro”. Nos primeiros lugares, estão as contas básicas, compras em supermercados, as faturas do cartão de crédito, internet e aluguel. 

Conforme a psicóloga, a busca por profissionais da saúde mental aumentou durante situações extremas como a pandemia de Covid-19 e as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024, mas tem se mantido devido a compreensão de que é preciso ter uma mente equilibrada

– Temos uma rotina e uma forma de viver. Só que a qualquer momento, pode acontecer alguma emergência. Claro que tivemos situações agravantes como foi o caso da pandemia e das enchentes, mas na vida, o inesperado pode acontecer. Então, é preciso ter consciência de que quando uma pessoa está bem e precavida, ela terá melhores condições de dar conta emocionalmente da situação que surgir, inclusive financeira – conclui a psicóloga.

Dicas da especialista

  • Listar o que é prioridade para você e sua família financeiramente
  • Para quem tem filhos, desenvolver a consciência sobre dinheiro com as crianças
  • Listar tudo aquilo que pode ser subtraído da rotina e que serve de risco ao estresse
  • Realizar quebra do automático e sair da zona de conforto, procurando ajuda profissional na área da psicologia
  • Ao encontrar o profissional, busque negociar o número de sessões e valor da consulta conforme a renda, mas não abandone o processo

Precisa de ajuda? Procure o Procon

  • Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 8h30min às 15h30min
  • Agendamento de horário ou solicitação de informações pelo telefone (55) 3174 1556, WhatsApp (55) 9 9178 3621 ou e-mail atendimento.proconsm@gmail.com
  • Para solicitar atendimento online, basta acessar o site do Procon

Conheça os serviços da Rede de Atenção Psicossocial de Santa Maria

Em Santa Maria, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) podem contar com os serviços disponibilizados pela Rede de Atenção Psicossocial. O processo sempre inicia na unidade de saúde de referência do usuário. A partir disso, são feitos os devidos encaminhamentos para os demais locais da Rede. Veja alguns:

Santa Maria Acolhe

  • Atende pessoas maiores de 12 anos sem vinculação prévia com outro serviço especializado da RAPS, em crise emocional aguda e com relação direta ou recente com quadros de trauma, luto e Covid-19, dentro ou fora do contexto suicida (ideação, tentativa ou pensamento)
  • Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 13h às 17h
  • Onde – Rua Conrado Hoffmann, 277, Bairro Nossa Senhora de Lourdes
  • Telefone – (55) 3174-1582

Policlínica Municipal de Saúde Mental

  • Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 8h ao meio e das 13h às 17h
  • Endereço – Rua dos Andradas,1.397, sala 102, Bairro Centro
  • Contatos – Telefone (55) 3174-1594 e e-mail policlinicasaudemental@gmail.com

Ambulatório Transcender 

  • Referência para população LGBTTQI+ (lésbica, gays, bissexuais, transsexuais, travestis queer, interssex e outros), para esclarecimentos, acompanhamento e encaminhamentos no âmbito individual, familiar, social e comunitário
  • Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 13h às 17h 
  • Endereço – Rua dos Andradas, 1.397, Bairro Centro
  • Contatos –  Telefone 55) 3174-1594 e e-mail ambulatoriotranscender@gmail.com

Policlínica José Erasmo Crossetti

  • Realiza atendimentos psicológicos de usuários encaminhados pelo Setor de Regulação da Saúde Municipal
  • Horários de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 7h30min às 16h30min
  • Endereço – Rua Floriano Peixoto, 1752, Bairro Centrow Telefones – (55) 3174-1593 

Centros de Atenção Psicossocial

Caps II Prado Veppo

  • Atende pessoas com transtornos mentais moderados a graves
  • Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
  • Endereço – Avenida Fernando Ferrari, 1.684, Bairro Nossa Senhora de Lourdes
  • Telefone – (55) 3174-1582

Caps Ad II Caminhos do Sol

  • Atende pessoas com transtornos decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas
  • Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
  • Endereço – Rua Euclides da Cunha, 1695, Bairro Presidente João Goulart
  • Telefone – (55) 3174-158

Caps Ad II Cia do Recomeço

  • Atende pessoas com transtornos decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas
  • Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
  • Endereço – Rua General Neto, 579, Bairro Centro
  • Telefone – (55) 3174-1582

Caps II O Equilibrista

  • Atende crianças e adolescentes com transtornos mentais
  • Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
  • Endereço – Rua Conrado Hoffmann, 100, Bairro Nossa Senhora de Lourdes
  • Telefone – (55) 3174-1582

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