A educação como prioridade secundária na política

A educação é um dos pilares mais importantes para o desenvolvimento de uma nação, mas, paradoxalmente, muitas vezes ocupa uma posição secundária nas agendas políticas, sendo vista como uma pauta desvalorizada e, em muitos casos, pouco eleitoreira.


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Em muitos contextos políticos, a educação acaba ficando em segundo plano quando comparada a outras áreas que prometem resultados mais imediatos e visíveis, como a infraestrutura, a segurança pública e as políticas de saúde. Políticos frequentemente preferem investir em questões que possam gerar efeitos rápidos e diretos, que são mais facilmente percebidos pela população e que, em muitos casos, podem ser usados como “bandeiras” para a conquista de votos. Isso cria um ciclo vicioso em que a educação é negligenciada em favor de políticas que, embora necessárias, não contribuem para o desenvolvimento a longo prazo.


Desinteresse eleitoral pela educação
A educação, por sua natureza, é um investimento a longo prazo. Seus frutos não são imediatamente visíveis, o que torna difícil utilizá-la como um trunfo eleitoral. As políticas educacionais demandam uma visão de médio e longo prazo, com a construção de infraestrutura, capacitação de professores, desenvolvimento de currículos e o fomento de uma cultura educacional de qualidade. No entanto, os eleitores, muitas vezes, estão mais interessados em soluções rápidas para problemas imediatos, como a criação de empregos ou a redução da violência, o que dificulta o apelo eleitoral de candidatos que apostam em promessas de mudanças significativas na educação.


A dinâmica das campanhas eleitorais, com seus prazos curtos e foco no impacto imediato, favorece propostas simplistas e superficiais. Políticos sabem que questões complexas, como a reforma educacional, exigem debates aprofundados e um compromisso a longo prazo, o que nem sempre atrai a atenção do eleitorado. Além disso, o sistema político, muitas vezes fragmentado e polarizado, dificulta a construção de consensos em torno de questões como a melhoria do ensino público e a valorização dos profissionais da educação. Como resultado, propostas educacionais acabam sendo reduzidas a promessas vagas ou, no pior dos casos, ignoradas completamente.


O poder dos grupos de interesse
Outro fator que contribui para a desvalorização da educação no cenário político é a presença de poderosos grupos de interesse, como os ligados ao setor empresarial e à indústria, que frequentemente têm mais influência nas decisões políticas. Esses grupos quase sempre pressionam por políticas que favoreçam seus interesses imediatos, como incentivos fiscais e projetos de infraestrutura, em vez de investir na educação pública. A falta de uma representação forte e coesa dos educadores e das comunidades escolares no processo político dificulta a transformação da educação em uma prioridade verdadeira.


A persistência da desigualdade educacional
A desigualdade educacional é um reflexo direto da desvalorização política da área. Regiões mais pobres e populações marginalizadas enfrentam sérias dificuldades de acesso à educação de qualidade, o que perpetua ciclos de pobreza e exclusão social. O descaso com a educação pública, especialmente nas áreas mais carentes, contribui para a manutenção de uma estrutura de desigualdade que impede o pleno desenvolvimento de muitos indivíduos e, consequentemente, da própria sociedade. Contudo, esse problema muitas vezes não é suficientemente abordado pelos políticos, que preferem focar em temas mais populares e com resultados mais fáceis de mensurar.


Embora a educação seja essencial para qualificar a força de trabalho, o foco das políticas públicas frequentemente se volta para aspectos mais imediatos do mercado de trabalho, como a criação de empregos temporários ou programas de transferência de renda. A capacitação e a formação profissional são frequentemente tratadas de maneira superficial, sem um esforço genuíno para aprimorar o sistema educacional e prepará-lo para as exigências do mercado de trabalho do futuro.


A falta de compromisso a longo prazo
Por fim, a falta de compromisso a longo prazo com a educação nas agendas políticas reflete um problema mais amplo na cultura política, onde a busca por resultados rápidos e a resolução de questões imediatas se sobrepõem à necessidade de planejamento e investimentos estratégicos em áreas essenciais para o futuro, como a educação. Sem uma mudança de postura por parte dos governantes e da sociedade em geral, a educação continuará sendo uma pauta desvalorizada e marginalizada, com consequências diretas para o desenvolvimento da nação.


Para que a educação deixe de ser uma pauta desvalorizada e se torne uma prioridade real, é necessário um esforço conjunto de políticos, educadores e cidadãos para transformar a educação em um objetivo comum, capaz de gerar impactos profundos e duradouros para toda a sociedade.

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Juliane Korb

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