Cada vez que ocorre um grande acidente, um desastre climático ou um conflito bélico de graves proporções, me lembro de Cecília Meireles, que escreveu uma crônica reeditada em 1998 com o título “O Fim do Mundo”.
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Para ela, isso na época não tinha nenhum sentido porque não se interessava nem pelo começo, e muito menos pelo fim do mundo. Pessoas nervosas aludiam um cometa que andava pelo céu, e que seria o responsável pelo acontecimento que elas tanto temiam.
“... uma noite, levantaram-me da cama enrolada num lençol, e, estremunhada levaram-me à janela para me apresentarem à força ao temível cometa”. Para ela, nada mais era do que um pavão branco, pousado no ar, por cima dos telhados. Ou seria uma noiva, que caminhava pela noite, sozinha, ao encontro de sua festa?
“Gostei muito do cometa, comentou.
Devia sempre haver um cometa no céu, como há lua, sol, estrelas. Por que as pessoas andavam tão apavoradas? A mim, não causava medo nenhum. O cometa desapareceu, aqueles que choravam enxugaram os olhos, o mundo não se acabou, e eu fiquei até um pouco triste, mas para os adultos pouco importava a tristeza das crianças”.
“Passou-se muito tempo. Aprendi muitas coisas, entre as quais o suposto sentido da vida. Em muitos pontos da Terra há pessoas, nesse momento, pedindo a Deus – dono de todos os mundos – que trate com benignidade as criaturas que se preparam para encerrar a sua carreira mortal”.
Em apenas alguns recortes, talvez, se perca a beleza da obra, do ponto de vista literário, mas é possível absorver o conteúdo da mensagem pela proposta da reflexão diante das incertezas da vida e da necessária preparação para o fim que chegará, seja em fevereiro, como se dizia na época, ou em qualquer dia. Agora e depois.
Manutenção, mas com mudanças
A permanência de Guilherme Ribas na Secretaria da Saúde causou alguma surpresa aos que consideravam que a pasta teria o mesmo tratamento dado a outras que tiveram troca de comando. Guilherme terá nova oportunidade e o compromisso de resolver questões que foram bastante criticadas durante a campanha eleitoral e depois das eleições. Conversei com o secretário e ele fez um relato de suas primeiras ações na nova gestão.
Resposta ao juiz
Sobre as críticas feitas pelo juiz eleitoral Ulysses Fonseca Louzada no ato de diplomação, disse que já teve uma conversa com o magistrado, e garantiu a ampliação no horário de atendimento. Além dos três postos com serviços de porta aberta (PA da Tancredo Neves, do Patronato, e UPA da Casa de Saúde), pretende aumentar os horários estendidos (nos postos que funcionam apenas até as 17h) e alternativos (com funcionamento aos sábados), ainda sem um número e calendário definidos.
O que está (ainda) no papel
Entre projetos futuros, o secretário está definindo prioridades: um Posto de Atendimento 24h na região leste, aumento do número de unidades do Samu e a transformação do PA do Patronato em Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Santa Maria conta atualmente com quatro ambulâncias, três com suporte básico e uma com suporte avançado. A ideia é conseguir mais uma, equipada com serviços de transporte e atendimento como pronto-socorro.
Distribuição de medicamentos
Este é outro ponto nevrálgico. A Central de Distribuição de Medicamentos, atualmente na Avenida Presidente Vargas, precisa de mais funcionários, de um local mais amplo e de nova dinâmica de entrega (dispensação), para evitar que usuários sejam submetidos a longas filas, muito tempo de espera, e aos rigores do clima em todas suas variações. Processos administrativos devem ser agilizados e a informação tem que ser mais ágil para diminuir problemas recorrentes.
A Farmácia Municipal também carece de reforço, principalmente na distribuição de medicamentos que as farmácias comerciais pararam de fazer pela falta de matéria prima, como é o caso da insulina.
O tempo está correndo, e as cobranças virão, seja pelos usuários, pelos vereadores (representantes legais da população) e até por outras formas, com ou sem a toga oficial.
De Lula a Decimo
Talvez existam outras, mas uma coisa em comum entre Lula e Rodrigo Decimo é a opção pelos marqueteiros. Sidônio Palmeira e Tânia Moreira foram responsáveis pela campanha dos dois candidatos. A diferença é que o prefeito de Santa Maria fez a escolha no início do mandato e o presidente da República levou dois anos para perceber que o resultado da gestão não é só uma questão administrativa ou política, mas de uma linguagem que chegue aos eleitores também depois das eleições com o mesmo poder de convencimento.
O preço da lealdade
Paulo Pimenta foi dedicado, competente e leal ao presidente Lula o tempo todo. Mas também pagou o preço de uma amizade antiga e fortalecida nos piores momentos que Lula enfrentou. Na política, os inimigos muitas vezes moram ao lado.
Pimenta foi alvo permanente dos adversários e para-raios para os descontentamentos internos. Sidônio não tem pretensões eleitorais futuras, assim como Tânia Moreira. Isto vai lhes dar tempo integral para divulgar a gestão pelas vias normais (mídias tradicionais) e ampliar o enfrentamento nas redes sociais.
Uma voz que se cala
A morte do radialista e escritor Derli Vargas calou uma das vozes marcantes da radiodifusão de Santa Maria. Com estilo próprio, Derli marcou sua passagem com posições fortes e resultados positivos em todos os setores em que atuou.
A vida continua, nesta e em outras dimensões!