Foto: Beto Albert (Diário)
Que beber água é importante para a saúde todo mundo sabe. Responsável por cerca de 60% a 70% da composição corporal, a água participa de quase todos os processos fisiológicos do corpo humano, atua na circulação, fornece nutrientes e é vital para o funcionamento dos órgãos, tecidos e glândulas. Mas qual é a quantidade certa de água que devemos beber por dia?
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
A recomendação que muitos conhecem é a de tomar dois litros diariamente. Porém, o médico endocrinologista e professor universitário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Franciscana (UFN) Rafael Machry explica que a conta não é tão simples assim. A verdade é que a quantidade varia de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como preso, idade, doenças crônicas, clima, entre outros.
Para descobrir a quantidade ideal para cada pessoa, é preciso multiplicar 35 mililitros pelo peso do seu corpo. Por exemplo: uma pessoa que pesa 70 kg deveria tomar pelo menos 2,4 litros (70 x 35 = 2.450) diariamente.
— Esse cálculo seria para pessoas saudáveis, que não tem nenhuma doença crônica que interfira nessa quantidade. Por exemplo, pessoas que têm insuficiência cardíaca podem necessitar restringir esse consumo porque elas têm dificuldade de bombear o sangue e fazer essa água circular no organismo. O mesmo vale para pessoas com doença renal, que fazem hemodiálise ou não. Nesses casos, é importante ter a orientação do médico — explica Marchy.
O chimarrão entra na conta?
Para os gaúchos que não abrem mão do chimarrão, uma boa notícia: a bebida entra no cálculo de ingestão diária. O mesmo vale para os chás, até mesmo os diuréticos.
— A cafeína, o chimarrão e alguns chás diuréticos vão aumentar a diurese (produção de urina), então a pessoa não pode esquecer de beber água, talvez tenha que aumentar o consumo, mas todos os líquidos entram nesse cálculo.
Beber água em jejum faz bem para a saúde: mito ou verdade?
Nas redes sociais, é comum encontrar influenciadores e artistas com relatos de que beber água morna em jejum traz inúmeros benefícios para a saúde e auxilia na perda de peso. No entanto, não existe nenhuma evidência científica que comprove os benefícios da prática no organismo:
— Isso é um mito. Não tem nenhuma influência em termos de emagrecimento, saúde, bem-estar e imunidade. Nós precisamos ter a hidratação ao longo do dia, de forma distribuída. Pode tomar? Pode. E pode ser até uma estratégia para alcançar a ingestão diária, mas em termos de benefícios adicionais, não há nenhum sentido.
Hidratação no verão: cuidado com os idosos
Na estação mais quente do ano, é preciso redobrar o cuidado com a hidratação. Machry explica que a principal maneira pela qual o corpo perde água é quando ela é excretada na urina pelos rins, porém, ele alerta sobre as chamadas perdas invisíveis, que representam a água perdida pelo corpo de maneira não perceptível.
— No verão, com a prática de exercício físico e exposição ao sol, a hidratação precisa ser maior. Além de perder água urinando, a gente tem as perdas insensíveis, no caso o suor, a própria respiração e junto das fezes também. Ficar sempre bem hidratado é bem importante porque as disfunções ocorrem na desidratação. Precisamos lembrar que o nosso organismo é muito inteligente e quando a gente tem sede já significa que a gente está precisando de água, então é uma forma da gente se defender quando tá faltando.
A percepção da sede diminui com a idade, especialmente em indivíduos acima de 60 anos, segundo o endocrinologista. Por isso, é fundamental redobrar o cuidado com os mais velhos:
— O idoso tem maior risco de desidratar, principalmente no verão, então, a gente sempre recomenda carregar uma garrafinha de água — explica.
A desidratação pode causar vários sintomas, como, por exemplo:
- Cansaço
- Boca seca
- Dor de cabeça
- Tontura
- Urina escura
- Intestino preso
- Alteração dos níveis de sódio no sangue, o que pode acarretar distúrbios neurológicos (casos graves)
O endocrinologista ainda relata que cerca de 10% dos pacientes procuram o consultório para tratar cansaço crônico, e acreditam ter algum problema por trás dos sintomas. Em alguns casos, o diagnóstico é desidratação.
— O cansaço é uma coisa que as pessoas têm muita preocupação, pensam que pode ter alguma causa hormonal ou que alguma doença esteja causando isso. Mas o caso de uma em cada dez pessoas é desidratação, por isso é importante manter a hidratação contínua.
Dicas para atingir a meta diária
Na hora de atingir a meta, toda ajuda é bem-vinda. Ter uma garrafinha de água por perto é uma forma de incluir o hábito de beber água no dia a dia, mas existem outras formas de incluir a hidratação na rotina. Veja abaixo:
- Tenha uma garrafa de água sempre por perto e faça a conta de quantas vezes você precisa beber uma garrafa inteira para atingir a quantidade necessária por dia;
- Aposte em aplicativos que enviam lembretes para beber água;
- Beba chás gelados;
- Use o alarme do celular ou post-its espalhados pela casa, ou local de trabalho. Por exemplo, se você trabalha em escritório, cole o lembrete em algum lugar da mesa, em algum lugar visível;
- Estabeleça horários fixos para beber água. Por exemplo, um copo ao acordar, ao longo da manhã, depois das refeições etc.
- Quem tem dificuldade em se hidratar, pode apostar na água aromatizada com frutas (laranja, limão, uva, morango), especiarias (canela, gengibre), ou ervas (hortelã, alecrim), para deixar a experiência mais saudável e saborosa.
Leia também
 (1).png?1718290437){kind=icon}
Santa Maria confirma mais 500 casos de dengue e município já soma 2,6 mil no total 
Especialista orienta sobre os cuidados durante as refeições de fim de ano 
