Esgoto não dá voto?

Futuro governador deve melhorar rede de esgoto

Leandro Belles

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Quando se fala em saneamento básico, desde 2007, um plano nacional para o setor prevê a necessidade de universalizar o serviço de água e esgoto para atender a todos os municípios do país. Porém, os números do Estado não animam. Apenas 16% do esgoto dos gaúchos recebem tratamento, o que gera uma série de problemas, afetando principalmente a saúde de milhares de pessoas.

Santa Maria também patina neste quesito. Em uma análise feita com os 100 maiores municípios do país, a cidade ficou na 61ª colocação no quesito qualidade do saneamento. Apesar do resultado, os santa-marienses gozam de uma qualidade melhor do que a média brasileira e gaúcha, mas o sistema ainda apresenta falhas.

O abastecimento de água na cidade atende quase toda a população, segundo o estudo do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), com dados de 2012 e divulgado neste ano. A rede de esgoto que se esparrama por 236 quilômetros atende a apenas metade da população da cidade. Um exemplo é uma área da Vila Tomazzetti, onde não há rede coletora de esgoto e os dejetos de casas e empresas correm por valas feitas pelos próprios moradores. O mecânico Dieverson Militz, 19 anos, sempre morou no local. Ele conta que em dias de chuva os moradores ficam ilhados por causa do transbordamento do esgoto e muitos acabam tendo problemas de saúde relacionados ao contato com o esgoto. A realidade desta localidade de Santa Maria se repete em outros tantos domicílios, principalmente na periferia da cidade.

Melhorar o sistema em Santa Maria é um dos desafios a ser enfrentado pelo futuro governador. O assunto faz parte da série de reportagens  do Diário sobre diferentes áreas que envolvem o Estado e precisam de respostas.

As perdas de água tratada por causa de vazamentos, furtos e ligações clandestinas, são outro desafio atual. Em Santa Maria, o índice estimado de perda é de 47%, o que supera as médias brasileira (37,5%) e estadual (40,6%). Para Darci Campani, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, o caminho para resolver o problema é longo.
- Tem de mapear detalhadamente a rede para saber onde e como se perde. É preciso investir para acabar com o desperdício - diz Campani, citando o exemplo de Porto Alegre, em que prédios, inclusive públicos, não possuiam nem hidrômetro, e o que dificultava o controle da relação entre produção e consumo.

Uma relação bem delicada

Desde 1971, a Corsan explora o serviço de saneamento básico em Santa Maria. Desde então, prefeitura e companhia tiveram altos e baixos na relação que anda bastante desgastada. Nos últimos anos, o atual governo municipal chegou a sinalizar um possível rompimento de contrato com a empresa alegando que o motivo seria a falta de investimento em obras. Mas a prefeitura recuou diante da promessa da Corsan de investir R$ 120 milhões em obras de saneamento no município até 2018.

O projeto prevê implantar o sistema em 11 bairros. Com esse investimento e a obra de esgoto em Camobi, que já está em andamento, a cobertura da rede de esgoto deve chegar a 80% da população santa-mariense.

Além da expansão da rede, também estão contempladas a duplicação de estações de tratamento, construção de adutoras e de novos reservatórios.

A delicada relação com a companhia que opera o sistema em Santa Maria virou caso de Justiça. Em julho deste ano, uma decisão do Tribunal de Justiça, baseada em ação do Ministério Público, determinou que a Corsan cumprisse um acordo feito com a administração municipal no ano de 1996. Pelo documento, a companhia deveria ampliar a cobertura da rede de esgoto para até 80% da população de Santa Maria até 2016, ano em que acaba o contrato entre as partes. Para a Justiça, a direção da empresa informou que está trabalhando para cumprir o antigo acordo.  Na mesma decisão, a Corsan foi intimada a recuperar todos os cursos de água da zona urbana, como o Arroio Cadena, em até 18 meses. O"

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