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Mulher trans assassinada em Santa Maria era líder espiritual

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Foto: Arquivo Pessoal

A Região Central registrou nesta terça-feira mais um assassinato de mulher transexual. Em pouco mais de quatro meses, esse é o quinto caso na região e o quarto em Santa Maria (leia mais abaixo). A vítima mais recente foi Morgana Claudia Ribeiro, de 37 anos, encontrada morta na tarde de ontem. A estatística preocupa a comunidade LGBTQI+ e autoridades da cidade.

- A pergunta que fica é: quem será a próxima? A gente vive com medo. São muitos casos em tão pouco tempo. Não sabemos até quando vai tanta violência. Fizemos reuniões com a polícia, com a prefeitura, mas nada muda. Nos sentimos de mãos atadas. Amanhã pode ser eu. Quantas mulheres trans ainda teremos que perder? - afirma a militante LGBTQI+ e amiga da vítima Marquita Quevedo.

O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), e o laudo irá determinar a causa da morte. Marquita conta que é a segunda vez em pouco mais de um mês que precisa organizar o funeral de uma amiga - no dia 12 de dezembro, a líder LGBTQI+ Verônica Oliveira, que também era próxima de Marquita, foi assassinada.

- Passei a noite chorando, é muito difícil aceitar. Não vamos nem poder maquiar ela, colocar uma roupa bonita, porque o velório precisa ser com caixão fechado. Isso dói muito. Eu não queria nunca mais passar por isso, e hoje precisei, de novo, escolher um caixão para uma amiga - relata.

Morgana está sendo velada em casa (Rua La Paz, 293). O sepultamento será nesta quarta-feira, às 14h30min, no Cemitério Jardim da Saudade.

O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios (DPHPP), que está sob o comando da delegada Elizabete Shimomura de forma interina. De acordo com a delegada, ainda não foi comprovada a motivação do crime. A causa da morte, conforme laudo divulgado na manhã desta quarta, foi traumatismo cranioencefálico.

LÍDER ESPIRITUAL
Morgana era conhecida pelo seu trabalho como líder espiritual na cidade. Ela era mãe de santo e realizava atendimentos na casa onde foi encontrada morta. Ela morava sozinha na residência localizada na Rua La Paz, na Vila Cerro Azul, Bairro Chácara das Flores.

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- Ela era uma pessoa muito respeitada como religiosa. Muita gente procurava ela, porque era uma referência como mãe de santo. Também trabalhava na noite. Sempre foi uma pessoa alegre, festeira - destaca Marquita.

Marquita lembra que Morgana tinha uma relação muito próxima com a família. Ela considerava os sobrinhos como filhos e estava animada com a festa de 15 anos de uma das sobrinhas.

- Ela queria relizar o sonho da sobrinha de fazer uma festa de debutante. Mobilizou toda a comunidade próxima. A gente sabe que uma festa dessas é cara, então ela foi pedindo ajuda com bolo, com decoração, maquiagem, e estava terminando de organizar tudo - conta a amiga.

QUINTA VÍTIMA TRANS
No dia 7 de setembro de 2019, Carolline Dias, 27 anos, foi morta com um tiro nas costas em Santa Maria. O assassinato de Carolline ocorreu na esquina das avenidas Presidente Vargas e Borges de Medeiros. Uma pessoa foi indiciada pelo crime e está na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm).   

No mesmo dia, Mana, 37 anos, foi morta a facadas por dois homens. O crime aconteceu na Zona Oeste e a dupla autora também está na Pesm. Depois dos dois assassinatos, um protesto foi organizado no Centro pedindo Justiça pelas duas mortes e defendendo o fim da homofobia.

Em 12 de dezembro de 2019, Verônica Oliveira foi morta com uma facada. O caso também aconteceu na esquina da Avenida Borges de Medeiros com a Avenida Presidente Vargas. Segundo as investigações, Verônica foi morta por causa de uma desavença em relação a um programa sexual. Um jovem foi indiciado pelo crime e está na Pesm.

O quarto homicídio de mulher trans na região aconteceu no dia 1° de janeiro, no interior de Dilermando de Aguiar. Os dois suspeitos de atirarem em Selena Peixoto foram presos nesta segunda-feira. De acordo com a investigação, um dos suspeitos devia o valor de um cavalo comprado da vítima e ela estaria cobrando a dívida. Selena também era mãe de santo.

*Colaborou Janaína Wille

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