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Moradores e comerciantes desejam policiamento fixo na Praça Saturnino de Brito

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

A Praça Saturnino de Brito foi local de mais um crime no último final de semana. Matheus de Moura Laurindo Oliveira, 17 anos, foi morto a facadas por três suspeitos, dois jovens e um adolescente. Segundo o delegado Gabriel Zanella, titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPPHP), uma rixa pode ter motivado o crime. Este foi o terceiro homicídio de Santa Maria em 2020. No final do ano passado, um jovem foi agredido por um grupo de pessoas no mesmo local.

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A segurança na praça é tema de debate recorrente, principalmente em épocas de trotes universitários, quando é montada a operação Calourada Segura. Conforme o delegado regional de Polícia Civil Sandro Meinerz, o local é um dos com maior concentração de crimes no Centro, juntamente de imediações da Praça dos Bombeiros e da Avenida Rio Branco.

- É um local que concentra pessoas, muitas vezes, para consumo e tráfico de drogas. Tem quem fique na espreita esperando alguém sair de um bar - comenta Meinerz.

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O trabalho da Polícia Civil, de acordo com Meinerz, é focado na investigação após os crimes terem acontecido, até por não haver condições de destinar equipes que façam monitoramento constante. Entretanto, desde maio de 2019, dependendo a época do ano, agentes da Polícia Civil atuam juntamente da Brigada Militar (BM) em abordagens que alimentam um banco de dados e facilitam a identificação de suspeitos. O delegado regional comenta, ainda, que filmagens e o futuro cercamento eletrônico da cidade auxiliam na apuração de crimes.

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Em nota, a prefeitura concordou com Meinerz ao afirmar que "o novo sistema de videomonitoramento auxilia a coibição, investigação e elucidação de crimes". Segundo o órgão, imagens que registraram o crime do último final de semana na praça foram entregues à Polícia. Contudo, a Guarda Municipal, que faz rondas diárias em todas as praças da cidade, "não é capaz de monitorar todos os locais públicos 100% do tempo. Para isso, conta com a Brigada Militar, que é a responsável pelo policiamento ostensivo". Bares também são alvos de fiscalização por meio da superintendência de fiscalização. A segurança, conforme a prefeitura, já foi reforçada após uma briga generalizada no final 2018.

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POLICIAMENTO OSTENSIVO 
BM diz já fazer um patrulhamento intensificado na Praça Saturnino de Brito com base em estatísticas de registros oficiais. O major Rois Jandirlei Flores Tavares, subcomandante do 1º Regimento de Polícia Montada (RPMon), lamenta que, por vezes, só há providências a serem tomadas pós-delito. Segundo Tavares, não há como manter policiais militares de modo fixo na praça. Porém, o major lembra da atuação da BM no sentido da precaução.

- Nós promovemos ações preventivas no sentido de desarmar. Tem sido significativo o número de detenções de foragidos e resgate de armas de fogo. A permanência é limitada nos pontos fixos, mas temos a rotina de patrulhamento intensificada - comenta Tavares.

Tavares não quantifica as patrulhas da BM. Conforme o subcomandante, chamados pela BM fazem com que a rotina seja diferente dependendo do dia. Aos finais de semana, por exemplo, aumentam as ocorrências de pertubação de sossego, o que toma tempo de deslocamento e atendimento de viaturas.

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MORADORES E COMERCIANTES QUEREM POLICIAMENTO FIXO
A sensação de falta de segurança e o medo de falar sobre os acontecimentos é presença constante entre os moradores de prédios e casas ao redor da praça, que temem uma reação dos comerciantes que possuem estabelecimentos comerciais naquela região. O relato são de pessoas que estão cansadas de pedir por mais ações e soluções de um problema considerado crônico na cidade.  

O taxista João Baldoni, 62 anos, trabalha há três anos no ponto da Praça Saturnino de Brito e já foi assaltado. Ele é um dos poucos que se arriscam a passar a madrugada trabalhando, mas confessa que já está pensando em largar a profissão em função da insegurança:.

- Eu estou louco para largar fora, agora não quero mais trabalhar, do jeito que anda a coisa. Eu queria trabalhar só de dia, mas está faltando gente e o dinheiro aperta, a gente fica de noite, mas não quero mais. A gente tem que trabalhar, né? Graças a Deus, eu estou vivo, mas a gente tem que tomar precauções. Se o lugar é meio suspeito a gente chama o rádio e pede para acompanhar. Às vezes um colega vai atrás com outro carro, mas no fim a gente acaba desconfiando de todo mundo - desabafa.

Baldoni conta que nem os cachorros comunitários que os taxistas ajudam a cuidar e que possuem casinhas na praça escaparam da violência. Antes do Ano Novo, dois deles foram "roubados" e retirados do local. Com as imagens das câmeras de vigilância, uma protetora que cuida dos animais conseguiu verificar que alguém os levou com uma caminhonete.

- Um deles apareceu todo machucado, com fome, mas a pretinha não apareceu, a gente tem esperança. Na semana retrasada uma menina foi agredida por outras sete e eu e meu colega tivemos de intervir, se não ela ia morrer, coitada - relatou.

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Em função dos últimos acontecimentos, alguns moradores e comerciantes daquela região estão tentando se mobilizar para solicitar à Brigada Militar um policiamento fixo. Eles se propõem, inclusive, a bancar financeiramente a estrutura a ser montada para os policiais militares.

Apesar do desejo dos moradores de ter um policiamento fixo no local, a medida é inviável diante do efetivo e da estratégia da Brigada Militar (BM). Conforme o subcomandante major Tavares, o patrulhamento móvel proporciona mais agilidade aos policiais militares que estão na rua.

- Até com a diminuição do efetivo, em vez de ocupar quatro policiais estáticos, vale mais ocupar os quatro com dinamismo abrangendo uma área maior. Isso já é suplantado, a Brigada não tem condições de manter ponto fixo - argumenta.

Entretanto, há áreas em que o policiamento é mais intenso, como a própria Saturnino de Brito. Tavares defende um trabalho mais estratégico para a segurança nesses locais.

- E o que pode ser feito é até se juntar à Guarda Municipal, e até intensificar ainda mais as operações que já fazemos, mas sempre com inteligência. Saber quem vamos abordar e o porquê - explica.

*Colaboraram Dandara Flores Aranguiz e Leonardo Catto

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