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African American boy getting a vaccine while being with his father at pediatrician's office.
Como forma de homenagear os médicos atuantes nessa área, esta edição do caderno Bem-Viver, traz como pauta principal um assunto que é de domínio de quem atua na pediatria e de extrema importância para pais e responsáveis pelas crianças. Trata-se da importância da vacinação infantil, afinal, as vacinas são um importante recurso para proteger a população contra doenças graves e que, muitas vezes, podem ser fatais. Ao estimular as defesas naturais do organismo, elas nos deixam preparados para o combate de doenças de forma mais rápida e eficaz.
Conforme a médica especialista em Pediatria e Neonatologia, dra Ana Maria Schimitt de Clausell, segunda vice-presidente do Conselho de Administração da Unicred, manter o calendário vacinal em dia é importante pelo fato a criança por não ter a imunidade desenvolvida de forma adequada é a mais beneficiada com esta estimulação das defesas que a vacinação induz. Segundo ela, houve uma grande evolução nos últimos anos, graças a novas tecnologias, existem cada vez mais vacinas disponíveis.
– Atualmente, temos vários tipos de imunizante ofertados pela na Rede Pública através do Programa Nacional de Imunização (PNI). Por isso, é muito importante que pais e familiares estejam atentos ao calendário indicado para cada idade e mantê-lo sempre atualizado – comenta a profissional.
O calendário vacinal infantil inicia já no primeiro dia de vida, logo após o nascimento, idealmente nas primeiras 12 horas, com a aplicação da vacina BCG e Hepatite B, ainda no hospital (veja no quadro da página 10).
São muitas as doenças a serem evitadas a partir da imunização. As principais são a paralisia infantil, hepatite, difteria, tétano, coqueluche, entre outras. Cerca de 20 tipos de vacinas são disponibilizados à população pelo PNI.
– Importante lembrar que os adultos também têm vacinas a fazer, principalmente, os idosos que devem estar atentos para manter sua imunização em dia – complementa a médica. Algumas vacinas podem causar efeitos colaterais. No entanto, isso ocorre por a vacina simular a doença de forma leve e mais segura para que o organismo desenvolva a imunidade. Os principais sintomas de reação são febre ou dor.
CONTRA A COVID19
Além de todas as doses de imunizantes indicadas pelo Ministério da Saúde, uma outra que se tornou essencial também ao público infantil é a contra Covid-19. Apesar de notícias falsas sobre as possíveis reações que poderiam causar nas crianças, a médica recomenda que todos devem ser vacinados.
– Infelizmente, a vacina para Covid ganhou cunho político com uma enorme quantidade de Fake-News sem comprovação nenhuma. Isso fez com que muitas pessoas tenham recusado a fazer a vacina e, também, não vacinarem seus filhos. A Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Imunização estão devidamente embasadas em trabalhos científicos que recomendam a aplicação de doses dessa vacina também em crianças – garante a médica.
A profissional repudia, inclusive, a atitude de grupos de pais declarados antivacinas em diferentes países.
– É muito triste ver o desconhecimento e fanatismo de certos grupos de pais em movimentos dessa direção. São atitudes irresponsáveis que podem trazer de volta determinadas doenças que eram consideradas erradicadas ou sob controle, como sarampo, paralisia infantil e coqueluche. Felizmente, aqui no Brasil, este movimento não é muito expressivo e esperamos que, com educação e informação seja possível manter a população infantil com níveis vacinais bem elevados – acredita dra Ana Maria.
O que é o ‘PNI’
Vacina salva vidas. Doenças que causavam milhares de vítimas no passado, como varíola e poliomielite, foram erradicadas. Outras doenças transmissíveis também deixaram de ser problema de saúde pública porque foram eliminadas no Brasil e nas Américas, como o sarampo, rubéola e rubéola congênita. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil tem avançado ano a ano para proporcionar melhor qualidade de vida à população com a prevenção de doenças. Tal como ocorre nos países desenvolvidos, o Calendário Nacional de Vacinação do Brasil contempla não só as crianças, mas também adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas. No total, são disponibilizadas na rotina de imunização 19 vacinas cuja proteção inicia ainda nos recém-nascidos e se estende por toda a vida.
As vacinas são seguras e estimulam o sistema imunológico a proteger a pessoa contra doenças transmissíveis. Quando adotada como estratégia de saúde pública, elas são consideradas um dos melhores investimentos em saúde considerando o custo-benefício.
O PNI é um dos maiores do mundo, ofertando 45 diferentes imunobiológicos à toda população. Há vacinas destinadas a todas faixas-etárias e campanhas anuais para atualização da caderneta de vacinação.
VACINAÇÃO NO BRASIL
O êxito das Campanhas de Vacinação contra a varíola nos anos 60 mostrou que a vacinação em massa tinha o poder de erradicar a doença. O último caso no Brasil foi em 1971, e no mundo em 1977 na Somália.
Em 1973, foi formulado o Programa Nacional de Imunizações (PNI), por determinação do Ministério da Saúde, com o objetivo de coordenar as ações de imunizações que se caracterizavam, até então, pela descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura. A proposta básica para o Programa, constante de documento elaborado por técnicos do Departamento Nacional de Profilaxia e Controle de Doenças (Ministério da Saúde) e de Central de Medicamentos (CEME – Presidência da República), foi aprovada em 1973.
Em 1975 foi institucionalizado o PNI, que passou a coordenar as atividades de imunizações desenvolvidas rotineiramente na rede de serviços com a prestação de ações integrais de saúde através de sua rede própria.
Em seguimento à erradicação da varíola, inicia-se em 1980 a 1ª Campanha Nacional De Vacinação Contra A Poliomielite, com a meta de vacinar todas as crianças menores de 5 anos em um só dia. O último caso de poliomielite no Brasil ocorreu na Paraíba em 1989. Em 1994 o Brasil junto com os demais países da região das Américas, recebeu da Comissão Internacional para a Certificação da Ausência de Circulação Autóctone do Poliovírus Selvagem nas Américas, o Certificado que a doença e o vírus foram eliminados de nosso continente.
De 1990 a 2003, o PNI fez parte da Fundação Nacional de Saúde. Depois, passou a integrar a Secretaria de Vigilância em Saúde, inserido na Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI).
Ao longo do tempo, a atuação do PNI alcançou consideráveis avanços ao consolidar a estratégia de vacinação nacional. As metas mais recentes contemplam a eliminação do sarampo e do tétano neonatal. A essas, se soma o controle de outras doenças imunopreveníveis como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental, Hepatite B, Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose, Rubéola e Caxumba em alguns Estados, bem como, a manutenção da erradicação da Poliomielite.
O PNI adquire, distribui e normatiza também o uso dos imunobiológicos especiais, indicados para situações e grupos populacionais específicos que serão atendidos nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).
O objetivo principal do programa é de oferecer todas as vacinas com qualidade a todas as crianças que nascem anualmente tentando alcançar coberturas vacinais de 100% de forma homogênea em todos os municípios e em todos os bairros.
O PNI é, hoje, parte integrante do Programa da Organização Mundial da Saúde, com o apoio técnico, operacional e financeiro da UNICEF e contribuições do Rotary Internacional e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).