Em pesquisa realizada recentemente pela diretoria de análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) intitulada O Dilema do Brasileiro: entre a descrença no presente e a esperança no futuro fica demonstrado que o nível de desconfiança das instâncias públicas de deliberação política é muito alto. Ao mesmo tempo, a mesma pesquisa aponta para um alto nível de esperança de que a situação melhore no futuro breve.
O índice de desconfiança em relação aos partidos políticos brasileiros, por exemplo, tanto em nível nacional quanto tomado singularmente cada região do país superam aos 60%.
Em relação aos sindicatos, os índices de descrença ficam, em qualquer região do país, perto da casa de 1/3 da população.
Mais de 40% da população em qualquer região do país, acredita que é inútil qualquer forma de protesto como forma de reação aos poderes instituídos.
Ao mesmo tempo, ao ser perguntado sobre se "Para o Brasil mudar, precisamos que o povo se mobilize?", mais de 70% da população respondeu positivamente.
Na segunda parte da pesquisa intitulada O coração do brasileiro a população foi perguntada se "Nos próximos cinco anos, você diria que a sua qualidade de vida vai estar melhor do que hoje?", o índice de respostas positivas são próximas ou maiores do que 50%.
Enquanto assiste passivamente aos abusos de poder cometidos desde o golpe político, jurídico e midiático até as atuais compras de votos, percebe a importância da inserção na participação direta de todas as pessoas, o que não é possível, senão sob suas formas de representação democrática (partidos, sindicatos, etc.) nas instâncias deliberativas do poder formal.
Nos anos 30, no quinto capítulo de Raízes do Brasil, Sergio Buarque chamou a esse traço da nossa sociedade, de "cordial"; pois agimos e pensamos muito mais com o "cór", raiz etimológica de “coração”, do que com a consciência crítica; razão pela qual há muito mais idiotas protestando dentro de museus do que em frente ao Congresso Nacional.