Romaria da Medianeira: como foi o início da devoção a Nossa Senhora


Antes de aRomaria Estadual da Medianeira ser realizada em 1943, a população santa-mariense já trilhava caminhos de fé e devoção em honra a Nossa Senhora. Com a criação da Diocese de Santa Maria, em outubro de 1910, o município passou a receber diversos fráteres, padres e outras autoridades religiosas, entre eles, o padre Ignácio Rafael Valle (1902-1982).

 

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Assim como muitos brasileiros, Valle encontrou na fé uma resposta para situações difíceis. Após enfrentar uma grave doença ainda na juventude, ele fez uma promessa para Nossa Senhora Medianeira, iniciando uma trajetória de devoção e conquistas.

 
Com a missão de atuar como professor e coordenador estudantil no Seminário São José, Valle chegou em Santa Maria em fevereiro de 1928, aos 26 anos. Um ano depois, a Diocese de Santa Maria recebeu o primeiro sinal no processo de reconhecimento a Medianeira de Todas as Graças: o Papa Pio XI concedeu autorização para a instituição realizar a Festa de Nossa Senhora Medianeira, com missa própria.

 
– Com certeza, o padre Ignácio Valle foi um grande expoente para esse momento. Ele alavancou a devoção a Medianeira. Por isso, até hoje, nós temos muitas coisas que foram do padre Ignácio e estão no museu, que hoje está sendo restaurado e, depois, será aberto novamente em um lugar ainda a definir, aqui no Parque da Medianeira. Tudo começou com a festa e muitas procissões, sendo o marco a caminhada em 1930, quando estava para estourar a revolução – destaca o pároco e reitor do Santuário Basílica de Nossa Senhora Medianeira, padre Cristiano Quatrin.


Imagem

Quatrin conta que a notícia alegrou toda a comunidade santa-mariense, principalmente Valle, que solicitou o envio de um “santinho” com a imagem de Nossa Senhora Medianeira direto da Bélgica. O material chegou ao país em meados de 1930, sendo entregue a Ida Stefani (1911-2005), conhecida mais tarde como a irmã franciscana Angelita. 


A ideia era reproduzir a imagem em escala maior. Na época, a irmã Angelita tinha apenas 19 anos. Depois de pronto, o quadro viajou de Passo Fundo até Santa Maria, sendo apresentado à população em 31 de maio, durante a 1ª Festa de Medianeira, na capela do Seminário São José. Na ocasião, também foi executado pela primeira vez o Hino oficial de Medianeira, com letra de Dom Aquino Corrêa e música de Padre Jorge Zanchi.


Transformações

Com a fé em Nossa Senhora Medianeira pulsando cada vez mais forte nos corações, um pedido de proteção ao município em 5 de setembro de 1930 daria início a uma das tradições mais bonitas e que se mantém até hoje.

 
Organizada pelas oligarquias de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, a revolução de 1930 ficou conhecida como uma revolta armada contra o governo vigente e que culminou na posse do gaúcho Getúlio Vargas como presidente do Brasil.

 
Ciente da ameaça que a revolução representava para Santa Maria, um grupo de mulheres organizou uma caminhada para pedir proteção à Mãe Medianeira. Cerca de 30 pessoas participaram do ato. Nove dias depois, ocorreu a 1ª Romaria Diocesana, na qual cerca de mil fiéis fizeram a procissão. Segundo Quatrin, os círculos operários exerceram um papel importante neste processo:

 
– Nos primeiros 15 anos, eram os círculos operários que organizavam as Festas da Medianeira. Eles tinham uma grande força. A irmã Terezinha da Silva, que foi também uma das grandes incentivadoras da devoção, fazia parte das Pequenas Operárias de Nossa Senhora Medianeira e já faleceu. Ela falava muito desses círculos operários que trabalhavam em prol da Medianeira. Claro que, conforme foi crescendo, a Arquidiocese, na época, Diocese, também foi assumindo a causa. Então, eu sempre digo, que a devoção não nasceu como é hoje. Ela nasceu pequena e simples. Mas com a fé das pessoas, e a forma como as pessoas se voltaram para Nossa Senhora, cresce esse espírito de fidelidade e proximidade com Deus. Maria é aquela que nos aproxima uns dos outros. Mas, acima de tudo, de Deus.


Santuário

Em agosto de 1935, a construção de um Santuário para Nossa Senhora Medianeira foi autorizada pelo 3° Bispo de Santa Maria, Dom Antônio Reis. O ato foi oficializado com uma Pedra Fundamental, representando mais uma conquista em uma história de fé e honra.

 
– Foi um momento muito especial, porque Dom Antônio Reis é conhecido também como o bispo da Medianeira. Ele tinha essa identificação com a Medianeira. Então, imagine a devoção começar ali em 1929 e já lançarem a pedra fundamental do Santuário em 1935… Isso já era um grande sinal na época. Claro que são passos, porque, se olharmos no decorrer da história, veremos que teve um bom tempo para chegar aonde se chegou hoje, com tantas outras melhorias. Estamos em constante transformação e crescimento. Nosso objetivo enquanto igreja é fazer com que esse espaço seja sempre mais um lugar de espiritualidade e hospitalidade – afirma o padre Quatrin.


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